Confesso ter perdido um pouco do ânimo para falar de Campeonato Brasileiro. Não que o torneio tenha se tornado pior de uns tempos pra cá (pelo menos não necessariamente). Talvez seja o fato de compará-lo com competições flagrantemente mais atrativas para os olhos do futebol arte, como a Copa do Mundo (a edição 2014 teve partidas sensacionais) ou o Campeonato Inglês (anos-luz a frente da bola que se joga no Brasil).
De toda forma, hoje parei para ver Botafogo e Goiás, pela televisão. Cinco dias antes, tinha parado para ver Paysandu e Cuiabá, na Curuzu, em minha primeira experiência presencial naquele estádio. O jogo da Série A foi mais interessante que o da Série C, isso não há dúvida. Mas nenhuma das duas partidas merece ser lembrada como prática do bom futebol.
Em Belém, vi um Paysandu que queria tomar a iniciativa mas sem saber como. Era um morno que não encontrava o ponto de ebulição no gramado nem nas arquibancadas - essa sim uma grande decepção. A Curuzu até teve momentos de euforia, que se limitaram ao intervalo de tempo onde o Bicolor vencia por 1a0. Levou a virada e a torcida calou-se, interrompendo o silêncio basicamente para reclamar de um ou outro atleta. Talvez o grande barato tenha sido ver que, em meio a tantos "padrões FIFA", tive a oportunidade de assistir uma partida do jeito que gosto: em pé. Me senti um geraldino, a alguns metros do gramado e a alguns centímetros do gandula. Cheguei inclusive a devolver uma bola.
No Maracanã, o Botafogo com volantes e zagueiros até dizer chega conseguiu muitos desarmes pra cima do Esmeraldino. E a verdade é que o Goiás rendeu muito menos do que se espera de um time que vem de uma goleada de 6a0. Se bem que no primeiro turno o Botafogo foi enfrentar o Goiás após sapecar 6a0 e perdeu o jogo em Juiz de Fora. Talvez sejam coisas do futebol. Coisas da superstição. Coisas que só acontecem ao Botafogo. Dessa vez, o 1a0 (gol de Bolívar) possibilitou um afastamento suave da zona de rebaixamento. Mas quem precisa sair da zona é o futebol brasileiro. O problema é que, mesmo após o vexame dos 7a1 para a Alemanha, utilizamos os mesmos ingredientes nos mesmos recipientes. E fazemos de conta que estamos fazendo diferente. Salve-se quem puder.
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