quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo D

Há três sextas-feiras, foi realizado o sorteio da fase de grupos para a Copa do Mundo 2018. Em postagens anteriores, versamos sobre o grupo A, o grupo B e o grupo C. Vamos, nessa publicação, analisar o grupo D. Para muitos, trata-se de uma das chaves mais fortes do torneio: são três seleções acostumadas ao Mundial e uma estreante que foi a sensação na última Eurocopa.

Grupo D: Argentina, Islândia, Croácia e Nigéria.

Argentina

Se por um lado é verdade que os argentinos quase ficaram de fora da Copa 2018 (contaram com a genialidade de Lionel Messi na rodada derradeira nas Eliminatórias Sul-Americanas para virarem o jogo diante do Equador, em Quito), por outro, é inegável que a seleção comandada por Jorge Sampaoli tem potencial para chegar a mais uma final de mundial.
Argentina: 4ª colocada no ranqueamento da FIFA.

Encontrar um padrão tático talvez seja o maior desafio do ótimo técnico argentino. É desejo de todo amante do futebol arte ver uma seleção dessa enorme qualidade jogando com a fluidez daquela Universidad de Chile que goleou o Flamengo e que encantou a América, ou daquela seleção chilena que rodava a bola de maneira envolvente, independentemente de quem fosse o adversário.

Messi e Javier Mascherano são os líderes de um grupo machucado com tantos "quases". Mas que podem ter, exatamente nessas feridas aparentemente cicatrizadas, um excepcional recurso profilático para novas quedas. Desde a estréia com a empolgada Islândia, a trajetória deverá ser caracterizada pelo esforço coletivo de conseguir jogar um futebol consistente.

O ponto de equilíbrio a ser encontrado talvez gire em torno da solidez dos tempos de Alejandro Sabella com a inventividade típica dos times de Sampaoli. Achando essa "fórmula mágica" e conseguindo manter a cabeça inabalável pelas frustrações recentes, é possível que o país do tango consiga uma trilha sonora mais alegre em solo russo.

Islândia

Líder da chave que tinha a Croácia (olha a coincidência), a Islândia chega embalada para a sua primeira Copa do Mundo, afinal, a menor nação da história das Copas vem de uma Euro-2016 memorável e de uma Eliminatória com campanha maiúscula: sete vitórias, um empate e duas derrotas, com direito a 100% de aproveitamento em seus domínios territoriais. Fora de casa, empatou com a Ucrânia, venceu Kosovo e goleou a Turquia, tendo sido superada somente por croatas e finlandeses.

Islândia: 22ª colocada no ranqueamento da FIFA.
A contribuição de Sigurðsson é notável tanto pelo desenvolvimento do jogo quanto pelos números: autor de quatro gols e três assistências nas Eliminatórias Européias, o ótimo meia do Everton (com passagem marcante pelo Swansea City) participou diretamente de quase metade dos gols da equipe (sete de dezesseis). Na última rodada, quando a vitória por 2a0 sobre o Kosovo em Reykjavik selou a classificação direta, foi o camisa 10 quem marcou o primeiro gol e deu o passe para Guðmunds­son anotar o segundo.

Se Sigurðsson será personagem a atrair atenção dentro de campo, outra grande atração islandesa no Mundial será a presença de sua apaixonada e apaixonante torcida nas arquibancadas: as cidades de Moscou, Volgogrado e Rostov serão agraciadas com a presença desse pessoal barulhento e festeiro na primeira fase. E, se tudo der certo para a equipe e seus adeptos, os vikings poderão desembarcar em outras sedes na seqüência da competição.

Croácia

Se no passado não muito distante a Croácia encantou o mundo com jogadores como Zvonimir Boban (titular no meu time de botão) e Davor Suker (goleador naquela Copa de 1998), hoje a seleção do país também está muito bem servida no setor de criação e de ataque: Modric, Rakitic, Perisic e Mandzukic são jogadores de ponta no futebol mundial e capazes de resolver partidas em um lance individual.

Croácia: 17ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Então, com um time dessa qualidade ofensiva, podemos cravar a Croácia na próxima fase? Não. A qualidade técnica também existia em demasia no Mundial de 2014, mas a realidade é que os croatas caíram em plena fase de grupos naquela oportunidade, ficando atrás de Brasil e México, tendo vencido somente Camarões. A chave de 2018 é de uma força similar daquela. Talvez o maior ganho de lá para cá esteja nos quatro anos de entrosamento somado, pois a espinha dorsal do time comandado por Zlatko Dalic foi inteligentemente sustentada.

Dona da melhor campanha como visitante em sua chave de Eliminatórias (nove pontos em cinco jogos, incluindo a vitória por 2a0 em Kiev no confronto direto com a Ucrânia na última rodada), a Croácia teve vida tranqüila na Repescagem, confirmando a vaga na Copa após golear em casa e empatar fora com a Grécia. Será, acredito, o setor de meio-campo o grande termômetro da seleção da camisa xadrez no Mundial: se as feras Modric e Rakitic renderem, meio caminho andado. Se Perisic estiver inspirado e o centroavante Mandzukic encontrar aquela eficiência do auge de sua carreira, aí bastará a defesa saber se postar para afirmar com todas as letras que o feito de 1998 poderá ser novamente alcançado.

Nigéria

Líder e invicta, com o ataque mais efetivo e a defesa menos vazada num grupo que tinha Zâmbia, Camarões e Argélia, a Nigéria chega a mais uma Copa do Mundo e a mais um "grupo da Argentina".

Nigéria: 50ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Podemos - e devemos - esperar boas coisas de uma seleção com Moses, Obi-Mikel, Iwobi, Iheanacho, Musa e companhia. Os 4a2 de virada sobre a Argentina em Krasnodar foram impactantes, mesmo se tratando de um amistoso.

Naquela partida, o alemão Gernot Rohr (passagens por Gabão, Níger e Burkina Fasso) escalou a equipe numa espécie de 5-3-2 (3-5-2, se consideramos o avanço dos extremos da última linha de defesa). Formação diferente, por exemplo, do 4-5-1 usado nas Eliminatórias durante a vitória por 1a0 sobre Zâmbia, que garantiu a classificação à Copa. Importante observar que, neste jogo, Moses atuou. Diante dos argentinos, não. E Moses, mesmo jogando na meia direita, foi o goleador das Super Águias nas Eliminatórias.

A Copa das Nações Africanas, que começa em janeiro, poderá mostrar se Rohr tem preferência por algum esquema tático específico ou se estuda trabalhar com alternâncias para surpreender os adversários. Com a sua boa rodagem no futebol africano, o treinador alemão deve ter em mente qual é o seu maior desafio: fortalecer e equilibrar a defesa. E isso deve ser feito, necessariamente, sem perder a essência do que há de melhor nas seleções daquele continente, que é a agilidade em encontrar os espaços seja com o drible, seja com a velocidade, seja com as duas coisas juntas e misturadas. E se tem uma seleção da África que mexe com o imaginário popular "esses podem aprontar", essa seleção é precisamente a Nigéria. Okocha, Ikpeba, Finidi, Amokachi, Amunike e companhia não me deixam mentir...

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