A Premiership (vulgo Campeonato Inglês) está de volta. E voltou com força total, no embalo de uma atuação formidável do Manchester United diante do Leeds United, no tradicional Clássico das Rosas - que marca a rivalidade entre duas cidades que ficam a menos de trinta quilômetros de distância uma da outra.
Infelizmente, o estádio Old Trafford estava praticamente lotado de torcedores desmascarados. É a evidência máxima do quanto a humanidade não está sabendo/querendo enfrentar a pandemia de SARS-CoV-2. Um ambiente como esse se torna uma potencial fábrica de novas variantes, mostrando que a saúde pública está sendo solenemente subjugada pela indústria do entretenimento. Lembrando que dois atletas do time da casa sequer foram relacionados por estarem em tratamento contra a COVID-19. Um contrassenso total a aglomeração, sobretudo quando é plenamente desnecessária.
No primeiro tempo, o escocês Scott McTominay e o português Bruno Fernandes se destacaram no setor de meio campo, conseguindo protagonizar boa parte das principais aproximações ao gol. E foi numa jogada envolvendo os dois que o Manchester conseguiu abrir a contagem aos vinte e nove minutos: McTominay passou para Paul Pogba e o francês agiu rápido e de forma inteligente para, com um único toque na bola, deixar Bruno Fernandes em ótima condição. O lusitano chutou, o goleiro Illan Meslier ainda conseguiu tocar com a perna direita, mas não evitou que a bola entrasse.
Veio o segundo tempo e com ele uma chuva de gols. Logo aos dois, Luke Ayling recebeu de Stuart Dallas e acertou chute espetacular, cruzado, estufando a rede no canto direito sem dar qualquer possibilidade de defesa para David De Gea. Golaço para empatar a partida.
Só que mal houve tempo para a equipe visitante celebrar a retomada da igualdade no placar. Aos seis minutos, Mason Greenwood desempatou; e aos oito, Bruno Fernandes ampliou. O que os gols tiveram em comum? Ambos saíram após assistências de Pogba.
O Leeds, que tinha dificuldades de impôr seu jogo, ficou absolutamente desnorteado. Coube ao Manchester aproveitar a situação e manter a intensidade no campo ofensivo. Aos catorze, Victor Lindelöf acionou Bruno Fernandes e o camisa dezoito anotou seu terceiro gol no jogo - o quarto do United.
Em condições normais numa partida de futebol, geralmente um cara que atua com protagonismo e marca três gols no mesmo jogo é naturalmente apontado como o melhor jogador em campo. Só que não nesse catorze de agosto de dois mil e vinte e um. Havia um atleta atuando de forma sobrenatural: aos vinte e três, Pogba recebeu pela esquerda e, com um passe preciso, serviu o brasileiro Fred, que concluiu de primeira para marcar o quinto gol do Manchester United em Old Trafford. Era simplesmente a quarta assistência do francês na partida. Sabe lá o que é isso? É, em sessenta e sete minutos de jogo, um número de assistências maior do que todas as que ele realizou nas duas últimas edições da Premier League.
Bruno Fernandes, autor de três gols, aponta para Paul Pogba, que deu quatro assistências no jogo. Imagem extraída de ManUtdTimes. |
Daí para o final, foi basicamente um ritmo de festa. Ole Gunnar Solskjaer promoveu a estreia de Jadon Sancho, a torcida ovacionou Pogba quando deixou o campo, houve tempo para gritar "olé" durante algumas trocas de passe e uma verdadeira euforia nas arquibancadas desmascaradas. Fica uma expectativa alta para o que possa vir a ser a temporada do United, notadamente pela recente contratação de Raphaël Varane, que deverá fortalecer ainda mais o sistema defensivo. Isso sem falar em jogadores ausentes por motivos diferentes mas que adicionam bastante qualidade ao time, como Alex Telles, Marcus Rashford e Edinson Cavani.
Quanto ao Leeds de Marcelo Bielsa, certamente é uma equipe que tem muito mais a oferecer. Kalvin Phillips, poupado após jogar intensamente a última temporada - que foi esticada na campanha vice-campeã inglesa na Eurocopa - é um cara que sobe o nível de competitividade do time quando está em campo. Raphinha, finalmente convocado por Tite para a seleção brasileira, não esteve nos seus melhores dias e também tende a evoluir. E se por um lado o plantel perdeu o macedônio Ezgjan Alioski (negociado com o Al-Ahli, da Arábia Saudita), por outro, o recém-contratado Héctor Junior Firpo Adames, nascido há vinte e quatro anos na República Dominicana e naturalizado espanhol, mostrou qualidade depois que foi colocado no gramado. Nas mãos do mestre Bielsa, tem tudo para se tornar um jogador bastante interessante.
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