O Rio de Janeiro é o segundo estado brasileiro com maior número de representantes na Série A nacional, ficando atrás somente de São Paulo. Nessa que foi a sexta rodada no Campeonato Brasileiro 2013, sabe quantas partidas foram realizadas no estado do Rio? Nenhuma.
A situação é ainda mais curiosa (para não dizer misteriosa) na medida em que vemos o Maracanã bilionariamente reformado, enquanto o Engenhão, considerado um dos estádios mais modernos das Américas, continua estranhamente interditado para jogos (não para treinos ou comerciais).
O Vasco jogou fora de casa diante do Internacional, até porque o mando de campo era colorado. Levou de cinco a três no Rio Grande do Sul e seu técnico, Paulo Autuori, dá sinais de que vai abandonar a caravela, talvez já prevendo um naufrágio. Mas e o que dizer do Flamengo, que era mandante diante do Coritiba? Foi, mais uma vez, jogar no Distrito Federal. E cravou o segundo maior público no torneio, atrás somente da partida de estréia dele próprio e naquele mesmo estádio Mané Garrincha, em Brasília, diante do Santos, o então "time da casa".
Mas não é só de Vasco e Flamengo que vive o Rio de Janeiro. Havia o clássico Vovô, o mais antigo do futebol brasileiro, entre dois times que vão fazendo belas campanhas na competição. Então, bora pro Engenhão. Não? Maracanã então. Também não? Botafogo e Fluminense foram jogar no estado de Pernambuco. E foi um grande jogo, de duas equipes dinâmicas, ofensivas e um gramado impecável. O público é que não comprou a idéia de assistir o jogo tão longe da sede dos respectivos clubes de General Severino e Laranjeiras: cerca de dez mil presentes somente. E repetindo: foi um grande jogo.
Então fica a pergunta: é para encaramos com normalidade esse cenário esdrúxulo? Permita-me dar a resposta: não. Deve-se, isto sim, apurar as razões da interdição do Engenhão, sobretudo indagando onde fica a diferença entre liberar o estádio para treinos de seleção estrangeira, publicidade e não liberar para jogos oficiais. E talvez ainda mais grave: que concessão é essa que entrega o Maracanã para a iniciativa privada (neoMaracanãX, para bom entendedor) de forma a inviabilizar jogos de clubes que fizeram do Maracanã o Maracanã, ou seja, aquilo que ele é.
Levar jogos para outros estados é algo interessante, sobretudo para dar uso a estádios recém-construídos. Mas isso deve ser uma escolha espontânea, não um refugo ou válvula de escape. Está faltando uma coisinha básica: respeito. Aos clubes e aos torcedores.
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