Para comprovar essa constatação (veja bem, não é teoria ou suposição, mas uma constatação), não precisamos ir longe no tempo. Os feitos do Clube Atlético Mineiro na Copa Libertadores da América estão vivos na memória do futebol continental. E não vou me alongar aqui para descrever a sensacional trajetória daquela equipe comandada por Cuca na beira do gramado e por Ronaldinho dentro das quatro linhas. Vídeos com os melhores momentos de cada jogo de volta são o suficiente para mostrar o sobrenatural em ação, tanto no Independência quanto no Mineirão, palco da derradeira decisão.
Para comprovar aquela constatação (de que há alguma bênção sobre o estádio do Mineirão), vou me debruçar sobre dois jogos mais recentes do que a edição 2013 da Libertadores. São dois momentos marcantes, cada qual à sua maneira, cada qual com suas (in)devidas (des)proporções. Ei-los: a semifinal da Copa do Mundo 2014 entre Brasil e Alemanha; e a semifinal da Copa do Brasil 2014 entre Atlético Mineiro e Flamengo. Dois jogos sediados pelo mesmo abençoado Mineirão e que terminaram com muitos gols, quase todos eles para o mesmo lado.
Do lado da Alemanha, de Joachim Löw. Exaltamos aquela atuação nesse blógui. Quem quiser recordar, acesse "Em Nome Do Futebol, Sete Vezes Obrigado!".
E do lado do Atlético, de Levir Culpi. Levir não é nenhum Löw assim como o Galo não é nenhuma Alemanha. Sequer cabem maiores comparações entre esses treinadores e essas equipes. Só que o Mineirão estava lá. O bendito Mineirão estava lá, abençoando os amantes do futebol que lançavam olhares sobre aquele terreno. Tanto na goleada alemã quanto na atleticana, tivemos do lado oposto duas equipes afogadas na própria incompetência. O Brasil de Luiz Felipe Scolari era uma coisa esdrúxula desde que esse pseudo-treinador assumiu a seleção. Criticamos incansavelmente cada atuação daquele esboço de time de futebol durante a Copa, numa campanha que acabou enganando bastante gente "entendida" do assunto. Até a máscara cair no Mineirão. Ou você acha que com Neymar seria diferente? Aviso: cada segundo seu de reflexão é um meu de risada sarcástica. E o Flamengo de Vanderlei Luxemburgo, pecava pela organização. Mas como assim "pecava pela organização"? Sim, pecava pela organização. O time do Flamengo foi organizado por um sujeito que não queria que seus comandados jogassem futebol. E a equipe, esbanjando disciplina em sua retraída e acovardada formação tática, sucumbiu pela própria incompetência estratégica aliada ao ímpeto vencedor que havia do outro lado, vestindo preto e branco. Uma virada para deixar o mais preto dos flamenguistas vermelho de vergonha.
Um cântico ecoou no Mineirão na noite apoteótica em que o Atlético sapecou 4a1 no Flamengo (lembrando: o jogo de ida foi vencido pelo Rubronegro por 2a0 e a equipe carioca ainda abriu o placar em Belo Horizonte, se dando o direito de tomar três gols para ainda assim se classificar para a final do torneio em que é atual campeão). Esse cântico dizia assim, em duas palavras que formam uma frase que dispensa novos vocábulos: "Eu Acredito". Melhor que isso, só com o ponto de exclamação: "Eu Acredito!". Melhor ainda, quando entoado por dezenas de milhares de pessoas, a plenos pulmões: "EU ACREDITO!". Primeiro, a torcida do Flamengo entoou essas palavras, ironizando a crença atleticana no que parecia impossível. Pois é, parecia. Mas não era. "Yes, We C.A.M.". No final, foi a torcida da casa quem bradou a frase, como se fosse uma oração. Bendito legado do Cuca, bendito Mineirão.
Luan aponta para os céus diante da torcida atleticana no Mineirão: equipe buscou quatro gols para se classificar à final da Copa do Brasil 2014. O último foi marcado por ele. Ou por Ele?