Se a equipe comandada pelo ótimo Joachim Löw não conta mais com Lahm, Schweinsteiger, Podolski, Klose e alguns outros grandes talentos, é fato que o elenco ainda possui muita qualidade. Prova disso é ver jogador da grandeza de Mesut Özil começar relacionado entre os suplentes. E foi exatamente um jogador habitualmente escalado na reserva que, de titular desde o início nesse domingo, foi o grande destaque na partida: André Schürrle. Aquele mesmo, autor dos dois últimos gols alemães naquela fatídica semifinal no Mineirão.
O camisa 9, que a bem da verdade jogava a maior parte do tempo como um segundo atacante - Mario Gómez era a referência mais centralizada -, esbanjou eficiência, visão de jogo e posicionamento para ajudar a construir a vitória dos visitantes. Vitória que começou com gol dele: após boa troca de passes (daquelas que a gente conhece também por causa deles), o participativo lateral-esquerdo Jonas Hector serviu Schürrle, que completou para a rede, aos dezoito.
A torcida do Azerbaijão, que celebrava desde antes de o apito inicial e parecia festejar o simples fato de estar recebendo os atuais campeões da Copa, dividindo o gramado do estádio Tofiq Bəhramov adına Respublika (sim, copiei e colei esse nome exótico), foi ao êxtase quando testemunharam o gol de empate: aos trinta, o versátil Ismaiylov passou para Nazarov, que chutou cruzado sem dar possibilidade de defesa para Leno. 1a1 no placar, uma euforia generalizada nas arquibancadas e um momento histórico: a Alemanha estava a onze horas sem ser vazada, tendo sofrido um gol pela última vez em julgo de 2016. De lá para cá, sete jogos inteiros sem ceder um tento sequer aos adversários. Dá-lhe, Azerbaijão! Aliás, quando alguém chegar até você dizendo que "futebol é apenas um jogo" (ou algo do gênero), mostre para esse indivíduo as imagens da comemoração de jogadores e torcedores do Azerbaijão após marcarem o gol de empate diante da Alemanha. Obrigado.
Cinco minutos depois, no entanto, os alemães retomavam a frente no marcador: após vacilo na saída de bola dos donos da casa - e da festa -, Schürrle passou sob medida para Thomas Müller, que concluiu o lance como manda o figurino: passou pelo goleiro com um drible curto e finalizou com um remate rasteiro. Ainda houve tempo e oportunidade para marcar o terceiro antes do intervalo: Joshua Kimmich cruzou e Mario Gómez anotou de cabeça.
No segundo tempo, a intensidade alemã foi menor. Provavelmente devido aos dois gols de margem no placar e, talvez principalmente, à intermitente dedicação do Azerbaijão em competir por todos os lances, em qualquer centímetro quadrado de gramado. O quarto gol saiu aos trinta e cinco: jogando como um nove de fato e de direito (até porque Löw havia trocado Gómez por Özil), Schürrle voltou a desfrutar de passe de Hector para chegar à rede. Uma linda finalização, por sinal.
A Alemanha é soberana em sua chave nas Eliminatórias Européias, e tudo leva a crer que a classificação ao Mundial-2018 seja mera questão de tempo. O Azerbaijão, autor do primeiro gol sofrido pelos alemães no torneio, conserva o sonho num grupo que tem Irlanda do Norte (próximo adversário, novamente em Baku), Noruega, San Marino e República Tcheca. Mas, verdade seja dita, com ou sem vaga na Copa, esses caras estão de parabéns. Na tarde de hoje, provaram que futebol é muito mais que um jogo.
Schürrle foi o nome do jogo: marcou duas vezes (em duas assistências de Hector) e ainda deu o passe para o gol de Müller. Foto: Kirill Kudryavtesv/AFP. |
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