A alegria croata contrasta com a desolação grega. Foto: Catherine Ivill / Getty. |
Poderia limitar esse texto a frisar o quanto ficou devendo futebolisticamente uma seleção que conta com jogadores do nível de Rakitic, Modric e Perisic. Mas não. Vamos colocar o foco nos gregos - até porque raramente se vê a história sendo contada a partir da parte "derrotada".
Na fase de grupos, a Grécia caiu na mesma chave de Bélgica, Bósnia-Herzegovina, Chipre, Estônia e Gibraltar. Conseguiu o segundo lugar (dois pontos a mais que os bósnios) e foi a única seleção capaz de evitar os 100% de aproveitamento dos belgas ao empatarem por 1a1 em plena Bruxelas. Detalhe: foi levar o gol de empate aos quarenta e três no segundo tempo.
Nessa repescagem, o cruzamento trouxe como presente de grego uma embalagem quadriculada. Dentro dela, um conteúdo forte, difícil de ser quebrado. Com a rodagem de quem obteve êxito em todas as quatro vezes em que precisou jogar a fase de repescagem para a Copa do Mundo. E a realidade é que a Grécia, no jogo de ida, cometeu muito mais erros do que reza a cartilha ao se enfrentar um adversário tecnicamente superior. Os quatro gols sofridos trazidos na bagagem eram pesados demais, embora a esperança residia no gol marcado fora.
Mas o milagre não aconteceu. Não faltou entrega. Sokratis Papasthatopoulos agigantava-se em cada disputa de bola. Kostas Mitroglou procurava cada centímetro disponível na linha de defesa oponente. Vassilis Torosidis percorria o campo procurando participar ativamente pelo flanco direito. A trinca Christodoulopoulos, Zeca e Bakasetas corria "pacaceta", mas sendo incapaz de criar o volume de jogo necessário para causar alguma fissura no sistema de jogo croata.
Simplesmente não deu. Eram necessários pelo menos três gols e o único que saiu foi corretamente invalidado por impedimento. Com tudo isso, lá para os quarenta e quatro no segundo tempo, ocorreu o fato mais emocionante na partida: o som dos cânticos e dos aplausos vindos das arquibancadas no estádio Georgios Karaiskaki. Era a torcida grega reconhecendo a dedicação de seus conterrâneos. Um país que atravessa crise socioeconômica severa tentava a alegria pela via do futebol. Ela pode não ter vindo com a almejada vaga no próximo Mundial, mas a celebração demonstrou que viver é algo maior do que apenas vencer. É reconhecer.
Parabéns aos gregos pela bonita manifestação de apoio e que a seleção croata, merecedora da classificação, possa render na Rússia algo próximo ao futebol que dela se espera. Independentemente de resultado. Os deuses da bola serão gratos.
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