Líder absoluta e já campeã de inverno no Campeonato Italiano temporada 2012-3, a Juventus teve seu último jogo oficial nesse ano corrente na noite dessa sexta-feira, pela 18ª rodada. O adversário era a frágil equipe do Cagliari, que, impedida de jogar em seu novo estádio por medidas de segurança, mandou o jogo para o Ennio Tardini, na cidade de Parma. Vendo as respectivas campanhas no torneio, é flagrante a diferença: era o segundo melhor ataque enfrentando a segunda pior defesa no mesmo jogo em que a melhor defesa enfrantava o pior ataque. E não são apenas as estatísticas que separam as duas equipes, pois é explícita a diferença qualitativa no comparativo de cada plantel.
De toda forma, lá foram Cagliari e Juventus a campo e o que se viu foi uma partida parelha. É, parelha. Tudo bem, a Juventus criou mais chances, atacou mais, teve mais a bola etc e tal. Mas o desenho do jogo foi muito longe daqueles em que vemos uma equipe dominante diante de uma dominada. Lenta na transição ao ataque, a equipe de Antonio Conte facilitava a marcação do aplicado time comandado por Ivo Pulga. Faltava poder de criação e também velocidade. Pior: parecia faltar vontade ao time, que jogava um futebol tão frio quanto a temperatura ambiente em Parma. O Cagliari, que na rodada anterior havia sido goleado por 4a1 para o próprio Parma, nesse mesmo estádio, foi gostando do jogo e contou com uma certa benevolência do árbitro Antonio Damato, que marcou penalidade máxima em lance onde muitos deixariam o jogo seguir. Pênalti cometido pelo chileno Arturo Vidal e convertido pelo também chileno Mauricio Pinilla. 1a0 Cagliari, aos quinze minutos.
Como se não bastasse a resistência defensiva adversária, a Juve encontrou outro obstáculo de peso: a brilhante atuação do arqueiro Michael Agazzi. Mais do que as defesas em si, o que chamou mais atenção foi o fato de sequer haver rebote nas finalizações, muitas das vezes dadas com força tamanha que sugeriam uma espalmada. Muito seguro esse goleiro de 28 anos, em sua quarta temporada no Cagliari.
Veio o segundo tempo e, embora a Juventus ditasse o ritmo do jogo, a equipe só foi melhorar de maneira mais significativa após as substituições de Conte: aos quinze, trocou de atacante (Fabio Quagliarella por Alessandro Matri) e no minuto seguinte, finalmente, deixou a equipe um pouco mais ofensiva (Martín Cáceres por Simone Padoin). Pouco antes, Pulga havia trocado Nicola Murru por Gabriele Perico, diminuindo o elevado contingente de defensores com carão amarelo. E, de tanto cometer faltas, pintou a primeira expulsão: aos dezenove minutos, o capitão Davide Astori deixou a equipe "da casa" com um homem a menos, recebendo seu segundo cartão amarelo pessoal.
Diante da superioridade oponente e do desfalque no miolo de zaga, Pulga não viu outra alternativa a não ser trocar um homem de frente por um defensor. Optou por tirar Marco Sau (que sofreu o pênalti e descolou um belo chute defendido por Gianluigi Buffon) e colocar Dario del Fabro, aos vinte e um. Quatro minutos após colocar as chuteiras no campo de jogo, Del Fabro acabou envolvido em lance onde Sebastian Giovinco caiu na área e Damato, novamente em decisão altamente contestável, assinalou pênalti. Vidal tinha a chance de "se redimir" do "pênalti cometido" e anotar o segundo gol chileno no jogo, empatando a partida. Mas o versátil volante isolou a cobrança, mandando por cima.
Com a pressão se acentuando e o jogo concentrado na mesma metade de gramado, veio o empate. Mirko Vucinic (que acabara de entrar no lugar de Stephen Lichtsteiner, em substituição efetuada durante a cobrança de pênalti), chutou de fora da área e, dessa vez, Agazzi espalmou. Os defensores, talvez pelo costume de ver o goleiro encaixar até pensamento, não deram a devida atenção ao rebote e permitiram que Matri partisse sozinho para aproveitar a segunda bola. 1a1 no placar, em gol todinho vindo do banco de reservas.
Parecia questão de tempo a virada bianconera. A não ser por um motivo: Agazzi. Com uma defesa espetacular, o arqueiro impediu que o cabeceio de Kwadwo Asamoah fosse para a rede, que parecia o destino certo. A bola ainda tocou na trave e o camisa 1 complementou, esticando a perna para afastar a bola dali. Mágicas intervenções.
Pulga realizou a última substituição aos trinta e dois, trocando o solitário atacante Pinilla pelo também atacante Ânderson da Silva, vulgo Nenê, brasileiro com passagem por Cruzeiro e Ipatinga. O Cagliari, que já tinha um homem a menos, passou a jogar com nove e meio, pois Albin Ekdal mal conseguia dar piques curtos, permanecendo contundido no gramado a fim de minimizar o prejuízo numérico. Damato indicou exagerados seis minutos como acréscimo e, para infelicidade do Cagliari, Nenê fez a lambança de, perto do próprio gol, chutar a bola contra Vidal. Após o choque da redonda contra o braço do chileno (involuntário, pois foi mero instinto de proteção), Matri recolheu em total liberdade e mandou para a rede, virando o jogo aos quarenta e seis minutos do segundo tempo.
Ainda houve tempo para Vucinic deixar o dele aos quarenta e oito, empurrando para dentro uma bola chutada por Giovinco que parecia tomar o rumo do gol. Os 3a1 enganam quem pensa que foi uma parada fácil. Quem não pode se enganar é o jogador da Juventus, pois com esse futebol apresentado diante do Cagliari, a equipe precisará abusar da sorte para vencer adversários mais qualificados. E o Cagliari, por sua vez, pode nessa rodada integrar a zona indesejável. Para isso, basta que ou o Genoa vença a Internazionale em Milão (improvável) ou que o Palermo, em casa, vença a Fiorentina (hipótese mais razoável). Caindo para as três últimas posições ou não, fato é que o Cagliari precisa melhorar seu jogo o quanto antes. Não fosse Agazzi, o resultado teria sido mais dilatado.
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