Após 37 rodadas disputadas, faltava somente uma para a conclusão. Mais um Campeonato Brasileiro de pontos corridos chegava ao fim. Cruzeiro campeão com sobras. Grêmio assegurado na Libertadores. Atlético Paranaense, Goiás, Botafogo e Vitória disputando dois lugares no G4. Náutico e Ponte Preta rebaixados. Fluminense e Vasco querendo sair da zona de rebaixamento, colocando em grande risco o Coritiba e o Criciúma. Matematicamente, Internacional e Portuguesa tinham remotas possibilidades de descenso.
Veio a última rodada. A derrota do Goiás e a vitória do Botafogo renderam ao Alvinegro o quarto lugar na tabela de classificação (três dias depois, o título do Lanús na Copa Sul-Americana diante da Ponte Preta confirmou o retorno do Glorioso à Copa Libertadores da América). A derrota do Vasco sacramentou a despromoção cruzmaltina, além da permanência de Criciúma, Inter e Portuguesa. E o Fluminense, mesmo vencendo o Bahia, também se viu novamente rebaixado, pois o Coritiba vencera o São Paulo. Fim.
Fim? Hoje se discute mais um tapetão na história recente tricolor. O terceiro desde 1996. Mas, como o último foi catorze anos atrás, poucos poderiam supôr que manobras de bastidores pudessem se fazer presentes novamente. Héverton, reserva na Portuguesa, entrou em campo aos trinta e dois minutos do segundo tempo na última rodada. Não deveria. Pior: não poderia. Ele deveria cumprir um segundo jogo de suspensão por expulsão recebida duas rodadas atrás.
Agora vamos a algumas perguntas - bastante objetivas - para clarear a questão. Primeira pergunta: a Portuguesa cometeu um erro previsto em regulamento? Segunda pergunta: a Portuguesa se beneficiou do uso do jogador supostamente irregular? Terceira pergunta: alguém se prejudicou pelo uso do jogador supostamente irregular por parte da Portuguesa? Quarta pergunta: alguém se beneficiou pelo uso do jogador supostamente irregular por parte da Portuguesa?
Sim, para a primeira pergunta. Não, para as outras três perguntas. Ou seja, estamos num confronto entre a legalidade e a moralidade. Legalmente, a Portuguesa errou. Moralmente, a Portuguesa somou mais pontos que o Fluminense (independentemente do placar na última rodada, a pontuação da Portuguesa em 37 jogos foi maior que a do Fluminense em 38).
Cabe ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva decidir se condena a Portuguesa ou se a absolve. Absolvendo, não afetará em nada em termos de rebaixamento. Os quatro times com pior campanha serão rebaixados. Condenando, teremos de mudar a resposta para a última pergunta: alguém se beneficiou pelo uso do jogador supostamente irregular por parte da Portuguesa? Resposta: sim, o Fluminense.
Que vença a moralidade. É muito mais legal para o esporte e para a cidadania em geral.
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