O time comandado por Carlos Amadeu era organizado em suas linhas (por vezes inclusive formando uma linha de cinco na defesa, algo raríssimo de se ver no Brasil). Procurava sair para o jogo em velocidade. Mas quase sempre havia algo a atrapalhar o rendimento da transição ao ataque.
Em algumas situações, o individualismo atrasava o lance - Lincoln se mostrou um especialista em prender a bola nos momentos em que mais se fazia necessário soltá-la para um companheiro.
Em outras situações, faltava exatamente dar aquela aproximação para a tabela, a triangulação, a infiltração - Paulinho se mostrava o mais lúcido nesse sentido, com Marcos Antônio também se apresentando para participar, mas a química geral não dava muito certo. Não sei se o desempenho seria diferente caso ainda houvesse chance de título. Mas uma disputa de terceiro lugar ainda é um evento a ser tratado com mais zelo do que mostrava a atuação brasileira.
Fato é que, chance de gol por chance de gol, era Mali quem tinha mais a lamentar pelo zero a zero. Chutes que passaram perto da trave; defesas do goleiro Gabriel Brazão; passes a atravessar a pequena área brasileira. Eram muitos elementos que mostravam o selecionado africano como merecedor da vitória.
Porém, o futebol, que passa longe de ser uma ciência exata, aprontou das suas. Num chute errado de Alan Souza (daqueles que saem tão fraco que mais parecem uma bola recuada), o goleiro Youssouf Koita teve a infelicidade de permitir que a bola passasse por si. Provavelmente por ser um lance aparentemente tão simples, o "Koitado" imaginou que era só puxar a bola e sair jogando. Nada feito. O "puxar" a bola não aconteceu e, como ele sequer abaixou as pernas para fazer o bloqueio, a redonda tomou o rumo da rede.
Depois do fatídico lance, Mali buscou o empate em jogadas frontais e também lateralizadas. Não chegou a ser uma pressão das mais intensas, mas serviu para mostrar que o Brasil tem muito a melhorar na sua forma de se defender e de contra-atacar. Passou sustos. Mas, no final, encaixou uma boa troca de passes com a defesa adversária aberta e conseguiu o segundo gol, com Yuri Alberto, que entrara no lugar de Lincoln.
Não sei quantos desses garotos estarão em Tóquio-2020 ou no Catar-2022. Mas a sensação que ficou é que há muito o que evoluir. Craque, não vi nenhum. Mas Paulinho, pelo menos, deixou ótima impressão.
Meio-campista Paulinho mostrou bastante qualidade e maturidade acima da média. Foto: Dibyangshu Sarkar / AFP. |
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