quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Grêmio Vence Lanús Em La Fortaleza E Fatura O Tri Continental

Pela terceira vez na história, o Grêmio é campeão na Copa Libertadores da América.

E a página que se escreve em 2017 há de reservar letras garrafais para figuras como Marcelo Grohe (principalmente pelas duas grandes defesas no primeiro tempo no jogo de ida), Arthur (um gigante diante do Botafogo e nomeado o melhor em campo nessa partida final), Geromel (o "Capitão América") e Luan (o mais bem dotado tecnicamente e autor de um gol desconcertante na decisão).

Também não se pode esquecer do trabalho realizado por Renato Gaúcho. Embora o time tenha oscilado ao longo da temporada, é fato que, nos momentos mais inspirados, o Grêmio jogou a bola mais redonda entre todos os times da Série A nacional. Lembrando que trata-se de um elenco com diversos jogadores que atravessavam momentos de declínio em suas carreiras, mas que Renato abraçou motivacional e esportivamente, como Leonardo Moura (tratado por alguns como "ex-jogador em atividade"), Cortez (alguém lembra que ele já foi convocado para a seleção brasileira?), Fernandinho (de jogador emprestado pelo clube a autor do primeiro gol nessa final em Buenos Aires) e Lucas Barrios (ex-Borussia Dormund e atual campeão da Libertadores).

São muitos elementos que tornam a conquista justa, mostrando que o Tricolor Gaúcho tem força suficiente para voar alto. A meu ver, nem precisaria de um veículo aéreo não tripulado - vulgo drone - para alcançar as alturas. Próxima parada: Emirados Árabes Unidos.

O jogo

Fernandinho celebra o êxito de sua jogada individual. Foto: Reuters.
O primeiro tempo de jogo deu ao torcedor gremista uma realidade que poucos devem ter ousado sonhar em suas noites melhor dormidas. Num contra-ataque após erro do adversário na última linha de defesa, Fernandinho arrancou em velocidade impressionante e concluiu firme para estufar a rede argentina aos vinte e seis minutos e levar ao delírio cerca de cinco mil gremistas no lotado estádio La Fortaleza.

Conseguindo chegar ao campo de ataque com uma rotina e envolvimento maior do que no jogo em Porto Alegre, o Grêmio deixava os donos da casa desconfortáveis na partida. A saída de bola do Lanús, característica marcante no time de Jorge Almirón, mostrava-se falha e até mesmo perigosa para dar mais chances ao adversário recuperar a posse. Tudo isso fruto, também, da postura do Grêmio de não abdicar de uma marcação desde as proximidades da baliza adversária, ao ponto de em plena reposição de linha e fundo serem vistos pelo menos três jogadores cercando a grande área defendida por Esteban Andrada.

Ainda no primeiro tempo, a vantagem, que já era boa, ficou ainda melhor: Luan recebeu no comando de ataque, carregou a bola sem receber um combate mais ativo e esbanjou calma e categoria para concluir o lance numa cavadinha que caprichosamente rumou para o canto direito do gol. 2a0, aos quarenta e um.

Na volta do intervalo, o Lanús cresceu. Não era um crescimento grande o bastante para ameaçar a margem de gols construída pelo time visitante, mas pelo menos serviu para trazer alguma emoção ao jogo: aos vinte e cinco, Jaílson cometeu pênalti na condição de último homem, puxando o adversário que ficaria em totais condições de finalizar. O árbitro paraguaio Enrique Cáceres errou acertando e acertou errando: marcou a penalidade mas não expulsou o infrator, limitando-se a um cartão amarelo que recebeu protestos dos donos da casa. Na cobrança, Sand converteu e isolou-se na lista de goleadores na competição, com nove.

Houve algumas outras chegadas da equipe argentina, mas sem muita contundência. A expulsão de Ramiro aos trinta e sete reacendeu a esperança num novo milagre para um clube que, na semifinal, conseguiu uma virada épica sobre o River Plate, em um cenário similar ao da final com o Grêmio. Mas o Grêmio manteve-se firme. Resistiu, embora tenha se abdicado de atacar como outrora. Talvez estivesse faltando fôlego. Talvez fosse o componente emocional - Renato era visto às lágrimas abraçado com Léo Moura aos quarenta e oito de um jogo que iria até os cinquenta. Deve ser porque, no fundo, eles já sabiam que estavam além dos cinquenta. Estavam na eternidade de uma conquista histórica.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Grohe Salva, Cícero Marca E Grêmio Conquista Vantagem Sobre Lanús

As finais na Copa Libertadores da América 2017 começaram em Porto Alegre e terminarão em Buenos Aires. A julgar pelo equilíbrio visto nessa partida de ida, o título continental tem tudo para ser definido em detalhes no jogo de volta.

O Grêmio tentou ser dominante diante do adversário. Mas a única imponência vista no estádio estava nas arquibancadas, com a festa áudio-visual proporcionada pela fanática torcida tricolor. Dentro de campo, era o Lanús quem demonstrava maior equilíbrio tático e emocional para fazer a bola rodar.

E se o primeiro tempo terminou zero a zero, o maior responsável por isso tem nome e sobrenome: Marcelo Grohe. O goleiro gremista fez duas intervenções importantes, ambas de alto grau de dificuldade, sendo uma em chute cruzado rasteiro no canto direito e outra em cabeceio firme para o chão pelo lado esquerdo.

Na segunda etapa, o volume de jogo dos donos da casa até aumentou, mas a criação de jogadas era escassa. O Grêmio chegava a ser previsível. Até que, dois elementos vindos do banco de reservas, participaram do gol único na partida: após levantamento de Edílson, Jael (que entrara no lugar de um quase inoperante Lucas Barríos) desviou e Cícero (que substituíra Jaílson) conseguiu dar um toque antes da chegada do goleiro Esteban Andrada, encaminhando a redonda para o fundo da rede.

A vitória com gol aos trinta e sete minutos no segundo tempo se confirmou após os mais de cinco minutos de acréscimos. Com direito a reclamação gremista por um suposto pênalti em jogada aérea - pareceu, de fato, ter havido um deslocamento faltoso no lance.

Mas o fato é que o placar não reflete o que foi a partida - a igualdade soaria mais apropriada a julgar o desempenho de ambas as equipes. Bola por bola, achei que os dois finalistas ficaram devendo. Mas o Lanús, principalmente pelo primeiro tempo, mostrou maior organização e proposta de jogo.

Resta, agora, ver quais serão as posturas dos times para o encontro derradeiro, na Argentina. Entre planos de jogo, vôos de drones, palestras motivacionais e algo mais, há fortes indícios de que haverá emoção na decisão. Sem a regra do gol qualificado como critério de desempate, aumenta sensivelmente a probabilidade de uma disputa de pênaltis. Espiemos. Digo, aguardemos.
Sand e Kannemann, com Arthur próximo, disputam o lance: jogo teve muita intensidade. Imagem extraída de FourFourTwo.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

100.000 Visualizações - Valeu, Amantes Do Futebol Arte!

Saudações.

Na semana passada, este blógui alcançou a marca de 100.000 visualizações desde que foi inaugurado em 2010. Uma média de cerca de 14.000 visualizações por ano.

Esta postagem é um agradecimento a cada um que participou direta ou indiretamente desses números. Obrigado!

Daqui a menos de duas semanas, teremos o sorteio dos grupos para Copa do Mundo 2018 e a nossa idéia é elaborar algo relacionado a cada chave para irmos publicando durante o mês de dezembro.

Lembrando que as sugestões de vocês são sempre bem-vindas. Afinal, esse espaço é para os amantes do futebol arte. Cada troca de passe faz a diferença antes da finalização.

Abraços e fiquem com esse golaço de Otero, anotado ontem, no jogo entre Atlético Mineiro e Coritiba.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

36 Anos Depois, Peru Voltará A Jogar Um Mundial

A última vaga para a Copa do Mundo 2018 foi conquistada nessa noite. Noite que se tornou histórica e que decretou o feriado no dia seguinte no Peru. Sim, por decreto presidencial, a população peruana poderá comemorar de fato e de direito esse feito de retornar a um Mundial após 36 anos.

O selecionado de Ricardo Gareca, que já havia feito belas apresentações na Copa América e uma campanha de recuperação nas Eliminatórias Sul-Americanas, mostrou mais uma vez suas virtudes. Desde a escalação com vários jogadores de vocação ofensiva até a própria postura em campo, viu-se um time absolutamente determinado e comprometido a buscar a vitória.

E a vitória foi alcançada. Materializou-se com os gols de Farfán e Ramos, em assistências de Cueva. O primeiro, quando o Peru era soberano na partida. O segundo, em momento fundamental, pois a Nova Zelândia subia de produção e de confiança.

O futebol comemora junto a classificação peruana. Sempre bom ver uma equipe treinada para atacar, liberando os laterais, encostando os meias no ataque, rodando a bola e buscando o gol a todo momento. Um belo trabalho de Gareca que fica eternizado com essa vaga na Copa. Há muitas características no Peru que, infelizmente, não vemos na seleção brasileira. Mas a essência do jogo peruano nada mais é que o DNA dos bons tempos da maior campeã de Copas. O Peru nos representa.
Ramos e companheiros comemoram o segundo gol peruano. Imagem extraída de Diario Correo.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Suécia Desbanca Itália E Confirma Vaga Na Rússia

Roberto Baggio, Alessandro Del Piero, Francesco Totti. Três lendários camisas 10 que a Itália ofertou ao futebol nas últimas décadas. Todos aposentados, com seus nomes eternizados em grandes atuações e diversas conquistas pessoais e coletivas. Fico imaginando o que pode ter passado pela cabeça deles ao assistirem o jogo desta noite de 13.11.2017...

A Azzurra, de tanta tradição e quatro títulos mundiais, precisava de uma vitória por dois gols de diferença diante da Suécia para ir à Copa do Mundo 2018. E, pela primeira vez desde as Eliminatórias para o Mundial de 1958, falhou. Em 1958, nenhum daqueles três era nascido. Em 1958, o Brasil ainda estava para conquistar seu primeiro título de campeão do mundo. Em 1958, o futebol profissional ainda não havia sido apresentado a Mané Garrincha.

Essa Itália de 2017 obriga a voltarmos mais de meio século no tempo. Não havia referência mais recente de um fiasco tão grande no futebol daquele país. Em 2010, uma Copa após o tetra, uma queda na primeira fase causou bastante barulho. Mas o que dizer de agora? Senhoras e senhores de todas as gerações, o agora da Itália é uma vergonha.

Vergonha ser eliminada pela Suécia? Não. Vergonha ser eliminada pela Suécia da forma que foi eliminada pela Suécia. Mesmo diante de um adversário que abdicava de atacar - seja por estratégia covarde, seja por sentir a pressão psicológica do jogo no San Siro -, os italianos foram até o apito derradeiro com três zagueiros em campo. Lorenzo Insigne, o mais cerebral jogador desta geração, sequer entrou no jogo. E o resultado é a vergonha.

Cabe aos suecos celebrar o feito surpreendente de sobreviver a um grupo com Holanda e França (a Laranja também ficou fora da Copa) e, de quebra, superar uma seleção tetracampeã mundial. Porém, há que se frisar que a atuação de hoje não corresponde ao feito sueco. Há muito o que ser melhorado até junho do ano que vem. Para a Itália, é inescapável uma reformulação intensa. Que deve começar pelo comando técnico mas que, necessariamente, deve passar pela filosofia por trás de cada escolinha de futebol no país até os centros de treinamento dos principais clubes nacionais. A paixão do povo italiano precisa ser respeitada. E hoje, com Insigne no banco, três zagueiros em campo e substituições que tiraram qualquer organização tática na construção das jogadas, o que mais faltou não foi o gol - foi respeito com o futebol. E, naturalmente, com Baggio, Totti e Del Piero.
Suecos festejam a histórica classificação em Milão. Foto: AFP.

domingo, 12 de novembro de 2017

Sem Gols Nem Emoção, Croácia Elimina Grécia E Emplaca Penta Na Repescagem

Após uma expressiva vitória dentro de casa (4a1), a seleção croata foi à Grécia sabendo que somente uma tragédia grega, ou melhor, um heroísmo grego, lhe tiraria da próxima Copa do Mundo.

A alegria croata contrasta com a desolação grega. Foto: Catherine Ivill / Getty.
Infelizmente para o futebol, a virtuosa seleção da Croácia sentou em cima do regulamento e jogou pragmaticamente para confirmar a vaga no Mundial 2018.

Poderia limitar esse texto a frisar o quanto ficou devendo futebolisticamente uma seleção que conta com jogadores do nível de Rakitic, Modric e Perisic. Mas não. Vamos colocar o foco nos gregos - até porque raramente se vê a história sendo contada a partir da parte "derrotada".

Na fase de grupos, a Grécia caiu na mesma chave de Bélgica, Bósnia-Herzegovina, Chipre, Estônia e Gibraltar. Conseguiu o segundo lugar (dois pontos a mais que os bósnios) e foi a única seleção capaz de evitar os 100% de aproveitamento dos belgas ao empatarem por 1a1 em plena Bruxelas. Detalhe: foi levar o gol de empate aos quarenta e três no segundo tempo.

Nessa repescagem, o cruzamento trouxe como presente de grego uma embalagem quadriculada. Dentro dela, um conteúdo forte, difícil de ser quebrado. Com a rodagem de quem obteve êxito em todas as quatro vezes em que precisou jogar a fase de repescagem para a Copa do Mundo. E a realidade é que a Grécia, no jogo de ida, cometeu muito mais erros do que reza a cartilha ao se enfrentar um adversário tecnicamente superior. Os quatro gols sofridos trazidos na bagagem eram pesados demais, embora a esperança residia no gol marcado fora.

Mas o milagre não aconteceu. Não faltou entrega. Sokratis Papasthatopoulos agigantava-se em cada disputa de bola. Kostas Mitroglou procurava cada centímetro disponível na linha de defesa oponente. Vassilis Torosidis percorria o campo procurando participar ativamente pelo flanco direito. A trinca Christodoulopoulos, Zeca e Bakasetas corria "pacaceta", mas sendo incapaz de criar o volume de jogo necessário para causar alguma fissura no sistema de jogo croata.

Simplesmente não deu. Eram necessários pelo menos três gols e o único que saiu foi corretamente invalidado por impedimento. Com tudo isso, lá para os quarenta e quatro no segundo tempo, ocorreu o fato mais emocionante na partida: o som dos cânticos e dos aplausos vindos das arquibancadas no estádio Georgios Karaiskaki. Era a torcida grega reconhecendo a dedicação de seus conterrâneos. Um país que atravessa crise socioeconômica severa tentava a alegria pela via do futebol. Ela pode não ter vindo com a almejada vaga no próximo Mundial, mas a celebração demonstrou que viver é algo maior do que apenas vencer. É reconhecer.

Parabéns aos gregos pela bonita manifestação de apoio e que a seleção croata, merecedora da classificação, possa render na Rússia algo próximo ao futebol que dela se espera. Independentemente de resultado. Os deuses da bola serão gratos.