Está acabada a invencibilidade do Manchester United na "Premiership" temporada 2010-1. O mais incrível é que foi justamente o último colocado da competição quem conseguiu o feito de superar os comandados de Alex Ferguson: com uma vitória merecida por 2a1 no estádio Molineux, o Wolverhampton causou surpresa a um público de 28.811 espectadores, levando os adeptos ao delírio e fazendo também a alegria de torcedores de equipes como o Arsenal, o Manchester City e o Chelsea, fortes concorrentes na disputa pelo título.
O jogo
Na primeira chance que teve, o Manchester United mostrou a eficiência que o faz líder no Campeonato Inglês: aos 2 minutos, o meia português Nani recebeu, encarou a marcação de Elokobi e chutou na paralela, estufando o canto esquerdo da rede. Foi muito mais mérito de Nani do que algum tipo de falha do sistema defensivo: uma análise do lance mostra que todos os jogadores do Manchester que poderiam receber a bola estavam sendo acompanhados de perto, restando ao português partir pra jogada individual - no que ele foi muito feliz.
Uma finalização de Wayne Rooney defendida pelo goleiro galês Wayne Robert Hennessey aos 4 minutos e um novo chute de Nani aos 6 minutos (para nova defesa de Wayne Hennessey) podiam criar a impressão de que a parada seria fácil para os líderes. Mas na primeira chegada interessante do Wolverhampton, saiu o gol de empate: aos 9 minutos, uma bola cruzada da esquerda encontrou o somalí naturalizado camaronês George Elokobi, que aproveitou-se do erro de posicionamento por parte do sérvio Nemanja Vidic e cabeceou bem, mandando no canto esquerdo.
Em nova jogada individual, Nani voltou a levar perigo, dessa vez mandando um chute que passou perto do ângulo direito, aos 28 minutos. Aos 30 foi a vez de Ronald Zubar cruzar rasteiro e Edwin van der Sar rebater com os pés, evitando que a bola atravessasse a pequena área. Com a marcação bem encaixada e um ímpeto ofensivo crescente, os Wolves cresceram na partida ao ponto de conseguirem virar o placar aos 39 minutos: o sérvio Nenad Milijas cruzou da direita, a bola passou por Christophe Berra e foi cabeceada por Kevin Doyle para o fundo do gol. Atrevo-me a dizer que se Doyle não fizesse, Elokobi, que estava presente no lance, faria. 2a1 Wolvehampton.
A última chance no primeiro tempo foi dos visitantes: aos 44 minutos, o lateral-direito brasileiro Rafael cruzou na área e Nani estava livre de marcação, numa das poucas falhas de posicionamento dos mandantes. Mas o português cabeceou por cima e não aproveitou a oportunidade de empatar a partida.
No intervalo, Ferguson promoveu a entrada de Paul Scholes no lugar de Michael Carrick.
Aos 10 minutos, um contra-ataque dos donos da casa quase piorou o cenário para o Manchester United: Matthew Jarvis carregou a bola atraindo a marcação e passou para Jamie O'Hara, que teve o chute bloqueado na defesa do United. Com 12 minutos, mais um cruzamento de Rafael pela direita deu nova possibilidade de empate: dessa vez o brasileiro mandou por baixo e quem apareceu para completar foi Scholes, mas o carrinho levou a bola à direita da meta.
Aos 13 minutos, o irlandês Mick McCarthy promoveu sua primeira substituição no jogo, trocando O'Hara pelo irlandês Kevin Foley. 6 minutos depois, McCarthy partiu pra sua segunda mexida ao passo que Ferguson já fez suas duas últimas a que tinha direito: enquanto nos Wolves Adam Hammill deu lugar a Stephen Ward (aumentando o número de compatriotas do treinador dentro de campo), no United Jonathan Evans e Dimitar Berbatov tiveram as vagas preenchidas por Chris Smalling e Javier Hernández.
O Manchester tentava furar o bloqueio laranja que estava montado e simplesmente não conseguia atravessar aquela barreira. Empolgava a maturidade e consciência tática dos jogadores do Wolverhampton, que mantinham-se firmes mesmo sob pressão e davam poucas opções a um líder vazio de inspiração. Aos 39 minutos, uma bola alçada terminou em finalização de Scholes que foi defendida magnificamente por Hennessey. Mas com um detalhe: Scholes usou aos mãos no lance, o árbitro Michael Oliver viu e deu cartão amarelo ao inglês. No minuto seguinte, Patrice Evra cruzou da esquerda e, dentro da área, Zubar tocou com a mão na bola. Michael Oliver provavelmente viu, e se viu, acertou ao entender como toque involuntário e deixar o jogo seguir, apesar das reclamações do lateral-esquerdo francês.
Com 42 minutos, o jogo já havia sido parado pelo árbitro e Kevin Doyle fez uma graça conduzindo a bola. Quem não achou graça foi o galês Ryan Giggs, que agrediu Doyle com um pontapé. No meu entendimento, o cartão amarelo aplicado poderia tranqüilamente ser substituído pelo de cor vermelha. Mas o lance teve o valor simbólico de mostrar que o United estava sentindo que a primeira derrota da equipe aconteceria naquela noite no estádio Molineux: se o experiente Giggs estava desequilibrado, é sinal que o time como um todo não estava com a mente tranqüila. Aos 43 minutos, McCarthy mexeu pela última vez ao trocar Nenad Milijas por Sylvan Ebanks-Blake.
O árbitro prometeu 5 minutos como acréscimo, tempo suficiente para se criarem algumas chances e gerar um drama. Só que não diante do gigante Elokobi e companhia: bolas interceptadas no tempo exato, marcações que impediam que a posse fosse trabalhada e posicionamentos praticamente impecáveis garantiram esse épico desfecho, onde o lanterna derrubou a invencibilidade do líder (some-se a isso o fato de os Lobos terem cometido apenas 6 faltas na partida inteira, contra 12 do United). Com toda justiça, a torcida celebrou o feito como se fosse um título. Matematicamente, a diferença de 30 pontos entre os extremos da tabela indica que o caneco não irá para Wolverhampton. Mas essa façanha conquistada em 5 de fevereiro de 2011 já me torna um torcedor da equipe para que o clube consiga escapar do descenso. Alguém duvida que eles consigam?
Outros resultados
Sábado
Stoke City (9º) 3a2 (7º) Sunderland
Aston Villa (14º) 2a2 (12º) Fulham
Everton (13º) 5a3 (15º) Blackpool
Manchester City (3º) 3a0 (17º) West Bromwich
Newcastle (10º) 4a4 (2º) Arsenal
Tottenham (5º) 2a1 (8º) Bolton
Wigan (18º) 4a3 (11º) Blackburn
Domingo
West Ham (20º) 0a1 (16º) Birmingham
Chelsea (4º) 0a1 (6º) Liverpool
Campeonato inglês é assim, e é por isso que eu considero o futebol inglês o melhor do mundo, dá gosto de assistir. Lanterna vence líder, as coisas são assim. Incrível a raça do Wolves, que não se abalou ao tomar o gol. Foi pra cima e virou. Fico lamentando o Arsenal, que após terminar o 1º tempo em 4 a 0, cedeu o empate. Mas, na minha opinião, Phil Dowd meteu a mão nos Gunners. Mas vamos continuar lutando!
ResponderExcluirAbraços,
www.jogosarsenalfc.blogspot.com
A determinação dos atletas do Wolverhampton foi algo impressionante, parecia uma aula de como superar um adversário tecnicamente superior. No caso do Arsenal, os dois pontos perdidos podem pesar, mas acabou que a diferença para o topo da tabela diminuiu nessa rodada. Chato é quando a arbitragem sela o destino de um jogo ou de uma competição...
ResponderExcluirAbraços.