3 atacantes. Um meia criativo. 2 volantes com grande qualidade na saída de bola. 2 laterais que se apresentavam constantemente. Uma dupla de zagueiros de boa técnica. Com essa equipe comandada por Mano Menezes, o goleiro Victor foi praticamente um espectador da partida (no lance em que mais foi exigido, correspondeu demonstrando reflexo).
O público presente no estádio Meadowlands (de custos bilionários e dedicado originalmente ao futebol americano) pôde testemunhar o reencontro da seleção brasileira com o futebol arte. Robinho, com a braçadeira de capitão, fez grande partida. Neymar, estreante, parecia surpreendentemente bem a vontade com o uniforme canarinho e teve a boa atuação premiada com um gol de cabeça, após cruzamento (leia-se passe) de André Santos. Alexandre Pato funcionou bem como referência na área e demonstrou oportunismo para marcar dois gols (o primeiro deles corretamente anulado). André, que entrou em seu lugar, movimentou-se bem e também experimentou algumas finalizações. O meio-campo foi praticamente perfeito: a dupla de volantes composta por Lucas e Ramires mostrou grande sintonia, preenchendo os espaços, dando combate, e saindo jogando de forma encantadora. Paulo Henrique Ganso, honrando a camisa 10 que já foi trajada por Pelé e Ronaldinho, ratificou a postura de grande jogador, com direito a uma jogada sensacional na etapa final, quando deu um elástico com a perna esquerda e chutou cruzado com a direita, para fora. Thiago Silva e David Luiz pareciam defensores altamente rodados no futebol mundial e, quando passaram a "sentir o clima do jogo" (demoraram alguns minutos para isso), tiveram atuações seguras e convincentes. Hernanes entrou no lugar de Ramires e, se não mostrou o mesmo nível do camisa 8, também fez partida satisfatória. Jucilei pouco apresentou, mas o que fora exibido por Ganso antes da substituição já era o bastante para aquela noite. Diego Tardelli foi colocado na vaga de Robinho e, se é reconhecidamente um artilheiro, também mostrou credenciais para cair pelos lados do campo. Neymar deu lugar para Éderson, que teve a infelicidade de não ficar mais que 2 minutos no gramado (sentiu uma lesão na coxa em lance próximo à linha-de-fundo, dando vaga para Carlos Eduardo, que saiu-se razoavelmente bem, mostrando velocidade).
Do outro lado estava a ascendente seleção estadunidense, que conservou a base que fez um bom Mundial em junho, sob o comando do competente técnico Bob Bradley. Mas a equipe da casa pouco pôde fazer ontem, diante de um Brasil com cara de Brasil.
Mano Menezes, nosso muito obrigado pelo que pudemos ver ontem em Nova Jersey. São agradecimentos em nome do futebol. Em nome de uma seleção que não merecia se acostumar com atuações pragmáticas e um jogo engessado nas convicções bitoladas de uma comissão técnica que enxerga esse esporte com uma lente que não é a do espetáculo. E fazemos um pedido pra você, Mano: deixe a natureza agir nessa seleção! Esse belo desempenho de ontem aconteceu num grupo desentrosado, que treinou junto apenas duas vezes. Mas a natureza foi generosa com o país do futebol, basta não colocarmos canteiros apertados que essa árvore se expandirá e ofertará saborosos frutos. As sementes são, visivelmente, de qualidade incontestável. Reguemos e deixemos a luz penetrar. Não tem erro. É a natureza.
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