O jogo no estádio Old Trafford ganhou ares de histórico antes mesmo de a bola rolar para Manchester United e Bayern de Munique. Wayne Rooney, o mesmo sujeito que na semana passada saiu da Allianz Arena sem poder enconstar o pé direito no chão e foi direto para o hospital (saindo de lá amparado por muletas), jogou a partida de volta. A previsão dos médicos davam de duas a quatro semanas como tempo de recuperação, mas quem quer saber de Medicina quando se tem fé e força de vontade?
Rooney não apenas foi titular: com 3 minutos de jogo, deu passe de primeira para o irlandês Darron Gibson chutar e abrir o placar. O 1a0 classificava o Manchester, que continuou avassalador: aos 7', o equatoriano Antônio Valência fez bela jogada pela ponta direita e passou rasteirinho para o português Nani finalizar de letra, fazendo um golaço. E só dava United. A dupla Valência-Nani apareceu mais uma vez em grande estilo, com o equatoriano cruzando novamente rasteiro e o lusitano aparecendo para bater na bola com precisão e ampliar a vantagem para incríveis 3a0.
Porém, num dos poucos momentos de lucidez da equipe visitante no primeiro tempo, Thomas Müller deu bom passe para Ivica Olic chutar cruzado e diminuir a contagem para 3a1, recolocando o Bayern de Munique na disputa ainda antes do apito final da primeira etapa.
A expulsão do lateral direito Rafael, no início do segundo tempo, aumentou o ímpeto do Bayern em partir pra cima: a exemplo do jogo de ida, a equipe alemã dominou as ações nos últimos 45 minutos de jogo. Sir Alex Ferguson, temeroso e buscando se precaver, tirou Rooney "The White Pelé" - como dizia numa faixa no estádio - para recompôr a defesa com John O'Shea. E, exceto em duas finalizações perigosas de Nani - uma pra fora e outra defendida pelo goleiro Hans-Jörg Butt - só deu Bayern de Munique no segundo tempo. A recompensa veio no 30º minuto, e de forma sensacional. Franck Ribèry cobrou escanteio pelo lado esquerdo, a bola viajou caprichosamente até Arjen Robben que, da entrada da área, conseguiu um chute de primeira que é privilégio dos craques. Onde a bola foi? No cantinho, fora do alcance de Edwin Van der Sar e longe da compreensão dos mortais. Golaço.
O Bayern ainda conseguiu manter-se com a bola para, com autoridade, garantir o resultado que lhe classificava. Foi uma classificação que muito lembrou a das oitavas-de-final, diante da Fiorentina. Naquele cruzamento, o Bayern também havia vencido em casa no jogo de ida por 2a1 (e também com um gol nos acréscimos). No jogo de volta, a exemplo do MU ontem, a equipe de Florença também esteve na frente no placar. Mas, adivinha quem apareceu para, em uma jogada individual, chutar no ângulo e fazer o que seria o gol da classificação? Pois é, o próprio Robben. Mais uma vez, o holandês roubou a cena e ajudou sua equipe a seguir em frente. Para deleite dos fãs e para valorizar ainda mais o feito bávaro, Wayne Rooney estava em campo.
No jogo entre franceses, o Lyon foi ao Chaban-Delmas e resistiu bravamente ao Bordeaux. A equipe da casa fez 1a0 no final do primeiro tempo, com o marroquino Marouane Chamakh. Na segunda etapa, a pressão dos comandados de Laurent Blanc foi intensa, com várias chegadas ao ataque. Mas, se a bola não ia para fora ou não era afastada pela zaga do Lyon, o goleiro Hugo Lloris aparecia de forma estupenda: a defesa realizada pelo arqueiro francês após cabeceio de Wendel foi algo fora do comum. Com o apito final, o Lyon chegou pela primeira vez à fase semifinal da Liga dos Campeões da Europa. E com um sabor especial: eliminando o atual campeão francês - clube que interrompeu a seqüência de títulos do heptacampeão nacional - e detentor da melhor campanha na atual edição da competição, perdendo uma única partida, a de ida no estádio Gerland, 3a1.
Daqui a duas semanas, teremos os jogos de ida pela fase semifinal. Na terça-feira, a Internazionale receberá o Barcelona. No dia seguinte, Bayern e Lyon jogam na Alemanha. Uma semana depois, os mandos se invertem e conheceremos os dois finalistas que duelarão na grande decisão, no estádio Santiago Bernabéu.
Respiro fundo e sinto um cheiro de Bayern de Munique e Barcelona. É um odor que me agrada. Tem a essência do bom futebol.
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