Fluminense e Vasco, que começaram a 37ª rodada como as duas equipes concorrentes ao Corinthians na disputa pelo título na Série A 2011, fizeram um jogo eletrizante no estádio Engenhão. Foi daquelas partidas com o selo de "decisão", onde ambos os conjuntos vão ao limite de suas forças para buscar a vitória. E, para aumentar a dramaticidade, o gol que desempatou a partida pela última vez saiu aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.
O jogo
O clássico entre vice-líder e terceiro colocado já era por si só especial, sem precisar de nenhum ingrediente adicional para se tornar interessante. Mas um lance logo a um minuto apimentou o duelo: Diego Souza recebeu enfiada de bola entre os defensores tricolores e chutou no canto, só não abrindo o placar porque foi marcado impedimento na jogada, em decisão acertada da arbitragem.
Como nem só de acertos vive o ser-humano, um carrinho de Juninho Pernambucano - por trás - em Diguinho não rendeu nem cartão amarelo para o camisa oito vascaíno. Cinco minutos depois, aos doze, o mesmo "Reizinho da Colina" deu outro pontapé, desta vez em Marquinho, e recebeu apenas o cartão amarelo de Marcelo de Lima Henrique.
Se o Vasco (leia-se Juninho) batia, o Fluminense criava: aos vinte e quatro minutos, Fred fugiu de Renato Silva,chutou prensado na marcação do zagueiro e a bola beijou a trave esquerda. Sete minutos depois, foi a vez do Vasco chegar perto do gol: Élton, livre na pequena área, pegou rebote de grande defesa de Diego Cavalieri mas chutou no travessão.
Gol anulado, bola na trave de um lado, no travessão de outro. Mas o primeiro tempo reservava mais emoções aos espectadores, como um belo cruzamento de Deco que foi ajeitado de cabeça por Fred e finalizado por Marquinho, que voleou por cima da barra horizontal. O placar de 0a0 estava longe de ilustrar o quão intenso foi a primeira etapa.
O Vasco voltou do vestiário com uma mudança: Bernardo no lugar de Élton. Mas quem voltou diferente mesmo foi o árbitro Marcelo de Lima Henrique, que mudou o rigor no aspecto disciplinar, aplicando diversos cartões amarelos. Se esse critério punitivo tivesse sido mostrado no primeiro tempo, Juninho certamente teria sido expulso de campo.
Talvez temendo exatamente por um cartão vermelho, Cristóvão Borges trocou Juninho por Fellipe Bastos (a bem da verdade, o camisa oito estava sentindo dores no ombro e não dava conta de marcar a rápida saída do meio-campo tricolor). Aos vinte e um minutos, logo após essa mexida, o Fluminense quase abriu o placar: Deco cobrou falta rapidamente, achou Rafael Sóbis livre e o atacante finalizou rente à trave direita.
Então, Cristóvão Borges decidiu retornar a uma formação que contasse com um centroavante de ofício e colocou Alecsandro no lugar de Felipe, que naquele momento do jogo mais reclamava de faltas sofridas do que propriamente criava algo. E aos trinta e um minutos, Alecsandro estava no lugar certo para, após cabeceio de Rômulo, completar para o gol. 1a0 Vasco.
Dois minutos depois, Alecsandro estava novamente pisando no trecho de grama exato para marcar o segundo gol do Vasco, mas chutou em cima da marcação de Leandro Euzébio, que salvou com um carrinho uma finalização quando o goleiro Cavalieri já estava sem qualquer possibilidade de intervir. Abel Braga, então, decidiu mexer: entraram Manuel Lanzini e Rafael Moura nos lugares de Rafael Sóbis e Diguinho.
Fico particularmente contente quando vejo um treinador ousar de tal forma como naquele par de substituições supracitadas - apenas lamento que essa ousadia ocorra quando o time está em desvantagem no placar. De toda forma, o Flu aproveitou esse poderio ofensivo reforçado e empatou a partida: aos trinta e oito, Fred recebeu (talvez empurrando Renato Silva), dominou no peito e finalizou com estilo. 1a1 no placar.
As coisas ficaram tensas no banco de suplentes cruzmaltino e o árbitro expulsou o reserva Leandro, que esbravejava à beira do gramado. O resultado de 1a1 combinado à vitória corinthiana por 1a0 no estádio Orlando Scarpelli colocava um ponto final na disputa pelo título. A única coisa que manteria a disputa pelo troféu em aberto seria um novo gol do Vasco, já que ao Fluminense nem a vitória daria jeito àquela altura.
E, aos quarenta e cinco minutos, quiseram os deuses do futebol adiar para a rodada final o anúncio do campeão brasileiro de dois mil e onze: em contra-ataque rápido, Alecsandro cruzou da direita, Bernardo cabeceou, Diego Cavalieri rebateu e o mesmo Bernardo conferiu. 2a1 Vasco e lágrimas na comemoração do jogador saído do banco. Aliás, jogada de suplentes: assistência de Alecsandro para gol de Bernardo.
O Vasco, que antes de desempatar a partida quase viu o Fluminense virar o jogo em pelo menos duas oportunidades claras, decidiu apenas se defender nos minutos finais. E o último sopro de Marcelo de Lima Henrique fez a massa cruzmaltina extravasar em alegria nas arquibancadas Sul e Leste do estádio, numa emoção que tomou conta de torcedores e jogadores. Quem precisa de final na disputa por pontos corridos?
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