Na segunda rodada na fase de grupos nessa presente edição de Copa Libertadores da América, o Fluminense conseguiu um resultado histórico. Foi o quarto clube brasileiro na história da competição continental a vencer o Boca Juniors dentro de La Bombonera - juntou-se a Santos, Paysandu e Cruzeiro. Além disso, interrompeu uma seqüência invicta do adversário, que vinha de 36 jogos sem derrota. De toda forma, as estatísticas que engrandecem o Clube Atlético Boca Juniors e valorizam o feito do Fluminense não devem servir de camuflagem para uma aparente realidade: o atual time comandado por Julio Cesar Falcione tem flagrantes limitações técnicas e passou longe de representar a grandeza de um clube onde já jogaram Maradona, Palermo, Schellotto, Palacio e tantas outras feras. Riquelme, lendário camisa 10, atuou em bom nível e foi um dos maiores responsáveis pelo fato de o Boca ter tido chances de empatar o jogo até os segundos finais. Não fosse sua marcante presença em campo, provavelmente a vitória tricolor teria sido mais tranqüila.
O jogo
Embora em momento algum tenha ficado em desvantagem no placar, não acho que o Fluminense tenha jogado corretamente em La Bombonera. Não digo nem pela escalação de Abel Braga, que montou um time com boas opções de ataque, mas sim pela disposição tática dos jogadores em campo e, sobretudo, pela maneira como saía para o jogo. Faltava ao Fluminense a inteligência de cadenciar o jogo no campo de ataque, notadamente depois de ter aberto o marcador (Fred marcou aos nove minutos de partida).
Só que o Boca, muito mais deslumbrante nas arquibancadas do que no gramado, poucas vezes conseguia envolver o time adversário, ameaçando Diego Cavalieri basicamente na base do "abafa". Só que como esse tipo de jogada parece ser especialidade histórica no clube (principalmente atuando dentro de casa), o fato é que por muitas vezes a equipe argentina esteve perto de balançar as redes. Conseguiu aos dois minutos do segundo tempo, quando Samoza aproveitou rebote de Cavalieri após bela cobrança de falta de Riquelme. Mas o Flu desempatou com Deco, aos nove, que completou de primeira um cruzamento de Wellington Nem, que, embora sumido por bastante tempo, mostrou importância no lance desse gol ao fazer bela jogada individual pelo flanco esquerdo e servir o companheiro.
Mais para o final, uma seqüência de bolas rebatidas por Cavalieri e a falta de competência do time da casa decretaram o placar final de 2a1, que coloca o Fluminense isoladamente na liderança no grupo 4, com seis pontos e 100% de aproveitamento. O Arsenal de Sarandí, com três pontos, aparece em seguida. Com um ponto ganho estão o Boca Juniors (que fará duelo doméstico com o Arsenal na próxima rodada) e o Zamora, que irá ao Engenhão enfrentar o Fluminense. A classificação tricolor está muito bem encaminhada, mas é conveniente que Abel Braga observe que há formas melhores de se administrar um resultado contra um adversário tecnicamente inferior do que dando campo para o adversário jogar. O atual elenco tricolor é qualificado o bastante para vencer e convencer. Por mais interessante historicamente que tenha sido o triunfo dessa última noite em Buenos Aires, não creio que o desempenho do Flu tenha sido algo a ser exaltado. E o Boca... ah! o Boca... essa torcida merece um plantel melhor que esse...
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