Milan e Barcelona fizeram um jogo à altura da tradição de seus uniformes. Na partida de ida pela fase quartas-de-final na Liga dos Campeões da Europa, a atmosfera já era especial desde antes do apito inicial, quando torcedores milanistas montaram mosaico sensacional, numa bem-humorada alusão de que o Milan iria devorar o Barcelona, via imagem do jogo "pacman". Só que, na verdade, foi o Barça quem engoliu o Milan em San Siro. Com muito mais posse de bola, muito mais ocasiões de gol e muito mais disposição de atacar, os comandados de Josep Guardiola pressionaram a forte defesa rossonera durante grande parte do tempo mas, por detalhes, não conseguiram converter nenhuma oportunidade em gol (a única bola que entrou deu-se em impedimento de Lionel Messi, corretamente assinalado pela arbitragem sueca).
Com o resultado de 0a0, o Milan irá ao Camp Nou com a possibilidade de se classificar sem precisar vencer o clube catalão: basta empatar com gol (em caso de novo 0a0, a partida avança para prorrogação ou até disputa por pênaltis, o que, sinceramente, não acredito que aconteça). Fato é que após o apito final no estádio Giuseppe Meazza, os atletas do time da casa festejavam como se fosse uma vitória. E vá lá: pelo que se propuseram a fazer no jogo e pelo nível do oponente, o empate sem gol pode mesmo ter um sabor de triunfo.
O jogo
Desfalcado de dois elementos fundamentais para o sistema defensivo (o zagueiro Thiago Silva e o volante Mark van Bommel), o Milan mostrou superação desde o início de partida e dificultou ao máximo as tentativas de jogadas de penetração do hábil, entrosado e versátil time do Barcelona. Entre erros e acertos, a dupla de zaga composta por Alessandro Nesta e Philippe Mexès funcionou, a proteção dada por Massimo Ambrosini (que mais parecia um terceiro zagueiro do que um cabeça-de-área) e a disposição tática (leia-se defensiva) de Antonio Nocerino, Kevin-Prince Boateng e Clarence Seedorf formaram uma parede branca para impedir os avanços adversários. E com um atrativo: o Milan era perigoso quando conseguia, mesmo que raramente, avançar. Teve a maior chance do jogo já aos dois minutos, aproveitando-se de um erro pra lá de incomum na saída de bola do Barça, que Robinho acabou chutando para fora. Zlatan Ibrahimovic também poderia ter aberto o placar para os donos da casa, mas teve a finalização rasteira bloqueada em linda intervenção do goleiro Victor Valdés.
O Barcelona circulava bem a bola - o que não é nenhuma novidade - e se apresentava com Daniel Alves na extrema direita, Andrés Iniesta no flanco oposto, Xavi Hernández e Messi mais centralizados e Alexis Sánchez como, digamos, referência mais à frente. Uma referência móvel, para fugir da barreira milanista que se impunha. Em meio a tantos recursos ofensivos, chances apareceram. Bolas foram chutadas para fora, bolas pararam em defesas do goleiro Christian Abbiati (pelo menos duas delas de grande dificuldade), e outros chutes acabaram rebatendo em jogadores do Milan, afinal, eram muitos que ficavam atrás da linha da bola.
Veio o segundo tempo e a marcação milanista estava tão encaixada quanto a troca de passes barcelonista, caracterizando um jogo de ataque contra defesa. Só que o melhor jogador em campo não era nem um atacante do Barcelona nem um zagueiro do Milan, era o meio-campista holandês Clarence Seedorf. Numa atuação digna de um camisa 10 clássico, o jogador de 35 anos - completa 36 dia 1º de abril - deu um show em San Siro. Esperto na marcação, sabia cercar o seu setor de forma a dificultar a fluidez do jogo do Barça por onde estivesse posicionado. Inteligente na saída de jogo, parecia sempre saber qual era o companheiro em melhor condição de receber a bola. E, principalmente, Seedorf foi espetacular nos momentos em que parecia não haver opção de jogada. E aí apareceram jogadas de efeito maravilhosas, como uma em que ele se livrou de uma marcação dupla com um categórico toque na bola, abrindo espaço onde, fração de segundo atrás, inexistia.
No final das contas, persistiu o placar de 0a0 para esses dois gigantes do futebol mundial. Talvez fosse, dos quatro jogos de ida, o que menos se esperasse um placar zerado - e acabou sendo o único. Massimiliano Allegri deve ter ficado contente.
Outros resultados
Terça-feira
Apoel 0a3 Real Madrid
Benfica 0a1 Chelsea
Quarta-feira
Olympique de Marselha 0a2 Bayern de Munique
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