O Apoel recebeu o Real Madrid na capital cipriota Nicósia e resistiu, pelo menos até os vinte e sete minutos do segundo tempo, à superioridade técnica da equipe espanhola. A partir dali, saíram três gols merengues e desenhou-se a classificação madridista para a fase semifinal na Liga dos Campeões da Europa: para reverterem a situação, os comandados de Ivan Jovanovic dependem de um triunfo por pelo menos três gols de diferença no estádio Santiago Bernabéu, no próximo dia quatro.
O resultado foi construído após muita insistência do time visitante, que deteve 69% do tempo de posse de bola sob seu domínio mas esbarrava, basicamente, em três fatores: a aplicada marcação dos donos da casa, a boa atuação do goleiro Dionisis Chiotis e o excesso de individualismo de Cristiano Ronaldo, que ora conseguia desconcertar a marcação e ora desperdiçava a melhor opção de jogada por exceder o número de toques na bola. Não fossem as ótimas entradas dos brasileiros Marcelo e Kaká, talvez o jogo tivesse um destino bastante diferente do visto no estádio Neo GSP.
O jogo
A torcida local desempenhou lindamente o seu papel em Nicósia: cantou, vibrou, se mexeu, incentivou o time da casa, fazendo valer não somente o fator campo como o momento histórico da instituição, pela primeira vez numa fase quartas-de-final em Liga dos Campeões da Europa.
O Real Madrid, superior tecnicamente, fazia circular a bola no campo de ataque de forma a procurar espaços na defesa cipriota. Espaços esses que apareciam raramente, pois estava estabelecida uma muralha amarela para impedir os avanços do time que vestia branco.
Nas vezes em que finalmente conseguiu superar o forte bloqueio da defesa oponente, o time comandado por José Mourinho esbarrou no grego Chiotis, que mostrou eficiência tanto na bola aérea quanto nas finalizações a gol, rebatendo remates frontais e mantendo o placar zerado.
Gonzalo Higuaín parecia esmagado na defesa do Apoel e raramente aparecia para o jogo. Quem muito se movimentava era o firulento Cristiano Ronaldo e o esforçado Karim Benzema, que freqüentava majoritariamente o flanco esquerdo - mas foi na posição de centroavante que acabou perdendo gol feito.
Veio o segundo tempo e Mourinho parecia não perceber que não seria com aquela formação que seus jogadores conseguiriam transpôr o sistema defensivo de Jovanovic. E o jogo só não era mais interessante porque, quando tinha a bola consigo, o Apoel não mostrava muita idéia do que fazer de produtivo com ela.
Aos dezoito minutos, foram a campo dois brasileiros que se tornariam peças-chave na construção da vitória do Real Madrid: o lateral-esquerdo Marcelo (saiu Fábio Coentrão) e o meio Kaká (Higuaín deixou o jogo). Do lado do Apoel, Jovanovic pareceu bem-intencionado ao trocar Hélio Pinto por Esteban Solari, provavelmente visando dar maior aproximação a Aílton, que participava pouco porém muito bem quando acionado no ataque. Só que foi dois minutos após essa mexida que o Apoel sofreu o 1º gol: Kaká recebeu de Marcelo pela esquerda e colocou na cabeça de Benzema, que finalizou de peixinho para abrir o placar.
Oito minutos depois de marcar 1a0, viria o segundo gol em nova jogada envolvendo Marcelo e Kaká: avançando pelo flanco esquerdo, Marcelo parecia sofrer pênalti na arrancada em direção à linha-de-fundo mas foi premiado com seu esforço de manter a bola em jogo, tocando atrás e encontrando Kaká, que completou para a rede. Mourinho ainda trocou Nuri Sahin (que atuou bem, principalmente no primeiro tempo) por Esteban Granero, aos trinta e oito. No final, ainda houve tempo e condição para que Benzema marcasse o seu segundo no jogo, o terceiro do Real: Cristiano abriu na direita com Mesut Özil e o camisa 10 deu lindo passe de três dedos, em assistência aproveitada pelo atacante francês Benzema, um dos destaques na partida.
O Apoel e seus vibrantes torcedores não devem se abater com o resultado: devem, isto sim, lembrar da data de hoje com muito carinho. E os jornalistas esportivos brasileiros que disseram que o Real Madrid se classificou com este resultado (caso de Paulo Vinícius Coelho) ou até que o Real já garantira classificação no momento do sorteio do confronto (caso de Mauro Cezar Pereira) devem rever suas posturas nas transmissões televisivas. PVC, a quem admiro pelo vasto conhecimento futebolístico, parece ter confundido o regulamento da Liga dos Campeões com o da Copa do Brasil, onde vitória do visitante por mais de um gol de diferença anula a partida de volta. Mauro Cezar, também da ESPN, foi pior: faltou com respeito ao Apoel, instituição que, se fosse uma pessoa física, teria idade para ser pai ou mesmo avô do comentarista. E, provavelmente, o teria colocado de castigo.
Outro resultado
Benfica 0a1 Chelsea
Amanhã jogam Olympique de Marselha e Bayern de Munique, na França, e Milan e Barcelona, na Itália.
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