Foto: Ian Macnicol /AFP |
O resultado foi construído com bastante dificuldade e isso é muito mais por méritos da equipe alvinegra do que por qualquer crítica que possamos fazer aos azuis de Manchester. A linha de defesa globalizada com o holandês Janmaat, o inglês Williamson, o argentino Colloccini e o francês Drummett mostrou-se firme em praticamente todo o decorrer do jogo. Para desmontá-la, era necessário algo diferente. E quem fez algo assim foi o bósnio Dzeko, que com um passe de calcanhar deixou o espanhol Silva na cara do goleiro Krul: 1a0 para os visitantes, aos trinta e sete de partida.
Além do lance do gol, o primeiro tempo teve alguns outros acontecimentos dignos de registro. O principal, sem dúvida alguma, foi a manifestação do Newcastle com relação aos dois torcedores mortos na tragédia do avião abatido na Ucrânia: para homenagear a dupla de adeptos que viajava para acompanhar os Magpies na pré-temporada na Nova Zelândia, o clube prestou um minuto de silêncio (silêncio que era silêncio mesmo, na real acepção do termo, aquela que não sabemos respeitar por aqui). Com bola rolando, aos dezessete minutos foi a vez da torcida homenagear seus pares com uma arrepiante seqüência de um minuto de aplausos, quando o relógio marcava 17, data da catástrofe aérea em julho e que completava um mês na data de hoje.
Entre os jogadores em campo, destaque para o insinuante meia francês Remy Cabella. Embora por vezes mais presepeiro do que o tolerável, é fato que o camisa vinte do Newcastle foi o elemento que mais causou dificuldades à defesa do Manchester City. Assustou Hart em tentativa de cobertura com cavadinha, envolveu a marcação de quem quer que fosse pra cima dele e conseguiu protagonizar belos lances individuais, como na jogada em que passou como quis por Demichelis, que só conseguiu pará-lo faltosamente.
Mas, para conseguir o empate, o Newcastle precisava de mais. Precisava de poder de definição. E isso nem Cabella nem ninguém foi capaz de oferecer ao treinador Alan Pardew, que até tentou alternativas através das entradas de Obertan, Aarons e Pérez. Aliás, foi desse último a maior chance de igualar o placar: logo depois de entrar, seu chute cruzado desviou em Fernando e passou perto da trave esquerda. Ainda houve nova grande chance para os mandantes empatarem, quando Cabella serviu Sissoko e o meio-campista isolou a finalização frontal. Mais capricho tiveram os comandados de Manuel Pellegrini: Sergio Agüero, que entrara menos de dez minutos antes, recebeu a bola aos quarenta e sete, chutou com a esquerda parando em defesa de Krul e aproveitou o próprio rebote, desta vez com a direita.
O City pode não ter sido em Saint James Park algo parecido com aquela máquina que marcou 102 gols na edição passada de Premiership, mas mostrou qualidades dignas de um campeão. Soube se comportar bem tanto quando tinha a posse de bola como quando a redonda estava sob domínio do adversário, momentos divididos em democráticos 50% do tempo de bola rolando. O montenegrino Jovetic proporcionou alguns belos lances, mostrando-se um elemento que pode agregar bastante ao time. Yaya subiu de rendimento na etapa complementar, Fernando foi bastante regular na proteção à defesa e Dzeko buscou jogo, não se limitando a ficar fazendo a função de pivô dentro da grande área, inclusive dando lindo passe no lance do gol do ótimo David Silva.
É apenas o início de temporada e qualquer prognóstico a essa altura é prematuro. Só que uma coisa já parece certa: estamos diante de mais um ótimo Campeonato Inglês. Esses dois jogos que assisti na primeira rodada não me deixam mentir.
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