Pode-se dizer que cada uma das equipes tomou conta de uma metade do jogo: enquanto o Liverpool, empurrado pelos arrepiantes cânticos da torcida que não o deixa caminhar sozinho, dominou amplamente as ações no primeiro tempo, o Everton voltou eficiente na segunda etapa e conseguiu a virada. Mas um gol de Dirk Kuyt aos 22 minutos, cobrando pênalti, deu números finais ao 2a2 em Anfield Road. Sob o comando do treinador escocês David Moyes, os "Toffees" jamais triunfaram na casa dos "Reds": esse foi o 5º empate em 9 partidas naquele território, resultado que mantém o Everton em 12º lugar e o Liverpool na 13ª posição na Premiership.
O jogo
Uma finalização do atacante espanhol Fernando Torres com 8 segundos de partida já antecipou o que seria uma primeira etapa praticamente totalmente controlada pelos donos da casa. O ensaio para o primeiro gol se acentuou aos 16 minutos, quando o próprio Fernando Torres voltou a aparecer: o camisa 9 recebeu pela direita, cortou a marcação e soltou um chute colocado que carimbou a trave direita do goleiro estadunidense Timothy Howard. No rebote, o holandês Dirk Kuyt chegou na bola mas acabou chutando por cima do travessão. Na marca de 28 minutos o placar foi inaugurado: Glen Johnson, escalado na lateral esquerda, cruzou com a perna direita, Kuyt levou vantagem sobre Leighton Baines no jogo aéreo, cabeceou e Tim Howard fez bonita defesa. No rebote, Kuyt chutou com força e a bola estourou em Howard. Houve mais um rebote e aí não teve jeito: após um chutaço do português Raul Meireles, a bola estufou a rede do Everton.
Os defensores da equipe visitante devem ter ouvido sonoras broncas no vestiário: antes do apito de intervalo, Tim Howard voltou a ser exigido em três outros lances: aos 30 minutos, espalmou chute cruzado de Torres; aos 41 minutos, nova bola espalmada após finalização rasteira de Raul Meireles; e aos 44 minutos, o cabeludo meio-campista belga Marouane Fellaini-Bakkioui atravessou uma bola nas proximidades da grande área e acabou entregando para o argentino Maximiliano Rodríguez, que chegou chutando, e lá estava Howard para encaixar e evitar o 2º gol.
Uma curiosidade estatística da primeira etapa apontou os percentuais de uso do campo quando o Liverpool tinha a bola: 71% do tempo o time avançava pela faixa central e em apenas 10% pelo lado esquerdo de ataque, por onde acabou saindo a jogada do único gol até então.
Com uma única substitução ao intervalo (uma troca de zagueiros no Liverpool, onde saiu o dinamarquês Daniel Agger e entrou o grego Sotiris Kyrgyakos) lá vieram as equipes para o segundo tempo.
Uma jogada que me chamou atenção na primeira etapa era a movimentação dos jogadores do Everton quando tinham uma cobrança de escanteio a seu favor. Nela, três jogadores ficam próximos da linha da grande área e quando o batedor vai pra bola eles passam a se deslocar ou em linha reta ou em zigue-zague, tentando se desvencilhar da marcação adversária. Pois bem: logo aos 39 segundos da etapa complementar, essa jogada ensaiada deu resultado. Após cobrança pelo lado esquerdo, o francês Sylvain Distin cabeceou pro chão e pôde comemorar com gol na sua 400ª aparição em partidas no futebol inglês.
A igualdade no placar animou o Everton e a virada saiu aos 6 minutos: em disputa pelo alto, o nigeriano Victor Anichebe acabou derrubando Martin Kelly e levando a bola até Leon Osman. O camisa 21 recolheu a redonda e passou para Jermaine Beckford, que com um chute cruzado estufou a rede de Pepe Reina no canto esquerdo.
Três minutos após levar a virada, o Liverpool esteve perto de empatar: Meireles recebeu na esquerda, chutou rasteiro e Howard caiu para encaixar a bola. Aos 21 minutos, uma bola levantada na área foi furada pelo eslovaco Martin Skrtel e acabou indo parar nos pés de Máxi Rodríguez: Howard, na tentativa de cercar a jogada, acabou se chocando com o argentino e comentendo pênalti, corretamente assinalado pelo árbitro Philip Dowd (numa primeira impressão, até parecia que Dowd não marcaria a penalidade, gerando reclamação em Rodríguez). Na cobrança, Kuyt colocou a bola no quadrante 11 enquanto Tim Howard pulou para o outro lado: tudo igual em Anfield Road.
E com esses quatro gols a partida seguiu até o apito final, com apenas mais duas chances de gol dignas de nota: aos 31 minutos, Torres recebeu nas costas da defesa e encobriu Howard mas também o travessão; aos 43 minutos, o irlandês Seamus Coleman chutou, a bola foi travada por Kuyt e Reina disparou o batimento cardíacos daqueles que acompanhavam a partida, fazendo um "golpe de vista" numa bola que passou, devagarzinho, perto da trave direita. Foram 62% de posse de bola na segunda etapa para o Everton e, se por um lado empatar com o Liverpool em Anfield Road não é um mau negócio, por outro o tabu de Moyes continua nesse clássico da "terra dos Beatles".
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