Sobrou Futebol De Qualidade, Mas Faltou Um Detalhe

"O gol é apenas um detalhe". Essa célebre frase de Carlos Alberto Parreira talvez nunca tenha feito tanto sentido quando na partida entre Arsenal e Manchester City, hoje, em Londres. Jogando um futebol de alto nível, circulando a bola, envolvendo o adversário, mantendo-se a maior parte do tempo no campo do oponente, criando chances, armando belas tramas, dando finalizações. Mesmo atuando muito bem, o Arsenal não conseguiu tirar o zero do placar no Emirates Stadium e acabou empatando com o Manchester City, resultado que conserva essas equipes na 3ª e na 2ª colocação na tabela de classificação, para alegria do Manchester United, que conseguiu aumentar a vantagem na liderança.

Se pelo menos uma das três bolas que carimbaram as traves de Joe Hart tivesse tomado o rumo da rede, o placar ficaria mais próximo do que foi esse belo jogo disputado na capital inglesa (o domínio dos donos da casa foi flagrante, com o Arsenal tendo uma de suas melhores exibições na temporada).

O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)

O início de jogo foi em ritmo frenético, com o Arsenal encaixando rapidamente belas trocas de bola e criando chances claras para inaugurar o marcador. As duas oportunidades mais acentuadas aconteceram praticamente em seqüência. Aos 8 minutos, o holandês Robin van Persie fez jogada individual escapando de dois marcadores e finalizou bem, carimbando a trave direita bem próximo da grama. Aos 9 minutos, o Arsenal esbanjou agilidade e velocidade na troca de passes, os Citizens não conseguiram afastar a bola da própria área e a redonda chegou em Jack Wilshere, que finalizou buscando o contrapé do goleiro Joe Hart, mas o camisa 25 caiu a tempo para fazer bela defesa.

Não era apenas no ataque que os comandados de Arsène Wenger faziam bonito: aos 20 minutos o francês Bacary Sagna estava no campo de defesa quando chapelou o brasileiro Jô e, após dar novo drible em Gareth Barry, foi derrubado pelo meio-campista, que recebeu o primeiro cartão amarelo da partida.

Na marca de 27 minutos, o lance mais incrível da partida, o qual transcrevo abaixo os dizeres constantes no "Twitter".

27'# Impressionante! Nasri serve Fàbregas, que chuta no pé da trave direita. No rebote, Walcott manda a bomba que explode na trave esquerda!

Exatamente isso que você está lendo: o Arsenal descolou dois remates consecutivos que carimbaram ambas as traves de Hart.

Para não dizer que a equipe visitante nada arrumava com a posse de bola, ocorreram duas chances, ambas contando ativamente com o argentino Carlos Tévez. Aos 32 minutos, em tabela sul-americana com Jô, Carlitos recebeu bela bola enfiada e chutou para fora. Aos 44 minutos, Tévez iniciou o contra-ataque, abriu com Yaya Touré no lado direito e apareceu para finalizar após afastada parcial de Johan Djourou, mas o chute saiu pelo lado esquerdo da meta. Nesse intervalo de tempo, o Arsenal encaixou mais uma de suas jogadas aos 42 minutos, quando o espanhol Francesc Fàbregas tocou para Robin v. Persie, deste para Theo Walcott e daí de volta em Cesc Fàbregas, que chutou para fora.

No segundo tempo de jogo, Joe Hart provou que quando não eram as traves, ele estava ali para evitar o gol adversário. Com 15 minutos, o camaronês Alexandre Song passou para Jack Wilshere, que entregou para Van Persie. O holandês deu bonito chute de fora da área e a bola tomava o endereço do ângulo direito até ser lindamente espalmada por Hart.

Aos 19 minutos, Roberto Mancini realizou a primeira mexida dele e do jogo quando trocou Jô por Adam Johnson. No mesmo minuto, Tévez acionou Johnson, mas Lukasz Fabianski mostrou atenção e precisão no lance, interceptando com as mãos e praticamente desarmando o jogador que acabara de entrar em campo.

Naquela altura, um dado estatístico anunciava que, nos últimos 5 minutos, o Arsenal estava com 70% do tempo de posse de bola. Se o jogo do Manchester City era basicamente se defender e evitar dar qualquer espaço para o Arsenal trabalhar as jogadas, Wenger notou que a partida não era interessante para as características do velocista Walcott e, aos 23 minutos, trocou-o pelo russo Andrey Arshavin. Mas faltava ainda uma referência na área, alguém pra disputar a bola com os bem postados Kolo Touré e Vincent Kompany. Então, aos 36 minutos, entrou o dinamarquês Nicklas Bendtner no lugar de Wilshere, que saiu aplaudido.

Com 39 minutos, Arshavin recebeu no lado direito de ataque e cruzou rasteiro pra pequena área, por onde fechava van Persie. Mas adivinha que recolheu a bola antes que a redonda pudesse chegar ao camisa 10... Pois é, Joe Hart. Em meio a tamanha pressão do Arsenal, o goleiro, ainda com a bola sob domínio próprio, gesticulava pedindo calma à equipe. Calma foi o que faltou a dois jogadores quatro minutos depois: Sagna e Pablo Zabaleta se estranharam após disputa de bola próximo da linha lateral e trocaram testadas. Acertadamente, o árbitro Michael Jones chamou ambos os atletas e mostrou-lhes o cartão vermelho. Para não deixar dúvidas de que o empate o satisfazia, Mancini trocou Tévez por Jérôme Boateng, recompondo o flanco esquerdo.

Foram indicados quatro minutos como acréscimo (um jogo desse merecia muito mais tempo que isso) e o Arsenal, na base do abafa, teve ainda duas investidas, ambas aos 49 minutos. Na primeira, a bola foi afastada de soco. Na segunda, foi agarrada. É um dia para os Citizens agradecerem às traves e ao goleiro Hart.

Outros resultados

Terça-feira

Blackpool (13º) 1a2 (15º) Birmingham
Manchester United (1º) 2a1 (10º) Stoke City
Fulham (14º) 3a0 (16º) West Bromwich

Quarta-feira

Wolverhampton (17º) 1a0 (5º) Chelsea
Aston Villa (18º) 0a1 (6º) Sunderland
Newcastle (8º) 5a0 (20º) West Ham
Bolton (7º) 1a1 (19º) Wigan
Blackburn (9º) 3a1 (12º) Liverpool
Everton (11º) 2a1 (4º) Tottenham