Atuando diante de um modesto público de pouco mais de 2.500 presentes no estádio Olímpico João Havelange, o Botafogo venceu o Madureira por 4a1 e manteve-se com 100% de aproveitamento após três jogos disputados no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro 2011. O Tricolor Suburbano segue sem pontuar na competição.
O jogo
Com menos de 1 minuto de bola rolando - mais precisamente com 33 segundos no cronômetro -, um jogador que viria a ser um dos destaques da partida já começou o seu repertório de belas jogadas. Refiro-me ao volante Marcelo Mattos, que logo de cara aplicou dois balõezinhos pra cima de dois adversários e emendou um chute que passou à direita da meta.
Aos 5 minutos, o lateral direito Lucas colocou na área e Antônio Carlos cabeceou perto da trave direita. Ia amadurecendo o gol alvinegro. Aos 10 minutos, Somália passou para o argentino Germán Herrera na esquerda e o chute do camisa 17 passou perto do travessão. No minuto seguinte, Renato Cajá cruzou da esquerda, o zagueiro Edmílson ficou marcando o vento na grande área e permitiu que Herrera cabeceasse em liberdade, mas a finalização saiu torta. Na 3ª chance de Herrera, aos 14 minutos, foi aberto o placar: Lucas cruzou rasteiro da direita, o zagueiro Victor Silva e o goleiro Cléber rebateram a bola e ela sobrou para Herrera empurrá-la para a rede.
Se o Botafogo dominava a partida até o momento em que marcou 1a0, os minutos seguintes foram o oposto, com o Madureira freqüentando o campo de ataque e criando chances de chegar ao empate. Houve finalizações aos 19 minutos (chute de Rodrigo que desviou na marcação de Antônio Carlos e saiu em escanteio), aos 20 minutos (Victor Silva cruzou da direita e Adriano Margrão, acompanhado de perto por Lucas, cabeceou à direita), aos 31 minutos (Jéfferson espalmou na trave direita um chute forte de da Costa, sendo que na seqüência Maciel mandou um novo chute forte que saiu à esquerda) e também aos 38 minutos, quando Valdir foi lançado na direita, cruzou da linha final, Adriano Magrão recebeu de costas pro gol, fez o giro e chutou no canto direito uma bola que só não entrou porque o goleiro Jéfferson realizou defesa espetacular. No escanteio aí originado, Douglas Assis cabeceou a bola no travessão.
O Botafogo precisou de uma chegada aos 41 minutos para ganhar tranqüilidade na partida: após cruzamento da direita, o atacante uruguaio Sebastián "El Loco" Abreu cabeceou da esquerda, Herrera também escorou com um cabeceio e a bola chegou em Antônio Carlos, que finalizou com um voleio, mandando a redonda no braço de Douglas Assis. Se por um lado a bola ia parar no fundo da rede, por outro pareceu-me claro que Douglas não teve qualquer intenção de levar o braço até a bola. Mas o árbitro Péricles Bassols marcou pênalti e expulsou o jogador do Madureira. Dois minutos depois, "Loco" Abreu cobrou no quadrante 8 e colocou 2a0 no placar.
Antes do apito de intervalo, Abreu tratou de dar uma caneta em Michel aos 45 minutos, para delírio da galera. Veio o intervalo, e com ele ambos os treinadores promoveram substituições. Joel Santana trocou o zagueiro João Filipe pelo atacante Caio enquanto Antônio Carlos Roy tirou de campo Michel e Adriano Magrão para as entradas de Abedi e Caio Cezar.
Se no lance aos 41 minutos do primeiro tempo não houve toque intencional que carcterizasse pênalti, aos 18 minutos da etapa complementar o braço de da Costa estava totalmente aberto e evitou que o cabeceio de Abreu tomasse o endereço do gol. Dessa vez, foi marcado escanteio. Aos 20 minutos, Caio puxou contra-ataque em velocidade pelo centro e passou para Renato Cajá na esquerda, com o camisa 10 finalizando à meia-altura e vendo Cléber espalmar a bola. No minuto seguinte, Roy realizou sua última substituição por direito: da Costa por Alcenil Soares Filho (vulgo Nil).
Um lance aos 24 minutos me obriga a voltar a falar de "mão na bola": Somália cruzou da esquerda e o braço esquerdo projetado pela marcação do Madureira (novamente dentro da área, diga-se) cortou a bola para escanteio. Talvez tenha sido o mais claro dos "pênaltis", mas Péricles Bassols indicou córner.
Não bastasse a grande proteção que dava à defesa, Marcelo Mattos também se apresentou ao ataque para chutar forte da intermediária aos 25 minutos, no canto direito, dificultando o trabalho do goleiro Cléber, que bateu-roupa no lance. Aos 29 minutos, porém, nem Marcelo Mattos nem ninguém do sistema defensivo botafoguense foi capaz de impedir uma bela trama de jogada do Tricolor Suburbano: Rodrigo tocou curto com Valdir, se mandou pra área e recebeu de volta uma enfiada de bola que o deixou na cara de Jéfferson - com um chute na paralela, estufou a rede botafoguense e diminuiu a desvantagem para um gol.
Joel já tinha uma dupla substiuição preparada antes mesmo do gol acontecer, e ela acabou se comensurando dois minutos após o placar ser alterado para 2a1. Durante as trocas de Lucas por Alessandro e de Herrera por Alexssander (vulgo Alex), foi possível ouvir gritos que desaprovavam a intervenção do treinador que completava um ano à frente do Botafogo, nessa que é sua 3ª passagem por General Severiano. Não gosto de fazer apostas, mas tenho a nítida sensação de que o público estava insatisfeito, basicamente, pela entrada do lateral direito Alessandro, jogador muito criticado por alguns torcedores (geralmente sem qualquer justificativa plausível). E eis que, 5 minutos após entrar em campo, olha só quem faria o 3º gol do Botafogo... ele, Alessandro: aos 36 minutos, Renato Cajá tinha a bola consigo e rolou para Caio, que deu belo passe abrindo na direita com Alessandro - o lateral direito chutou firme e mandou a bola por baixo das pernas de Cléber, estufando a rede e indo comemorar com o treinador.
Veja como são as coisas: daí em diante, cada roubada de bola, cada passe, cada participação de Alessandro no jogo arrancava gritos eufóricos das arquibancadas. Aos 39 minutos, Somália rolou atrás e Marcelo Mattos pegou de primeira, com Cléber espalmando no alto. Na marca de 43 minutos, Cajá (que vinha sendo vaiado) recebeu livre na esquerda. Tão livre que parou. Pensou. Olhou. Cruzou. E Caio completou para a rede. Na comemoração, o garoto de 20 anos teve maturidade de sábio, indo em direção ao autor da assistência, apontando para ele e praticamente decretando uma definitiva relação de paz entre arquibancadas e gramado. Para alegria de Cajá, para festa do time de melhor campanha na Taça Guanabara.
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