quarta-feira, 7 de julho de 2021

Com Espanha Melhor No Jogo, Itália Arranca Classificação Nos Pênaltis

Wembley recebeu pela semifinal da Eurocopa 2020 um jogo que decidiu a Euro 2012. E se naquela oportunidade, em Kiev, a Espanha sapecou um quatro a zero sobre a Itália, dessa vez, em Londres, tivemos um confronto muito disputado e definido somente no desempate por pênaltis, com vitória italiana. 

No tempo regulamentar, os gols foram marcados por Federico Chiesa e Álvaro Morata, ambos no segundo tempo de jogo. Já nas penalidades, os espanhóis desperdiçaram duas cobranças enquanto os italianos deixaram de aproveitar somente uma, fechando a série em quatro a dois e garantindo presença na final - que também será disputada em Wembley.

Itália entra em campo praticamente idêntica à que enfrentou a Bélgica enquanto a Espanha surpreende com  Mikel Oyarzabal entre os titulares

A aparição de Emerson Palmieri na lateral-esquerda foi a única mudança em relação à Itália que iniciou a partida de quartas de final diante da Bélgica - Leonardo Spinazzola, titular na posição, rompeu o tendão de Aquiles no segundo tempo daquele jogo.

Já a Espanha fez três mudanças no comparativo dos onze iniciais que enfrentaram a Suíça na fase de quartas de final. Por questão física, Pablo Sarabia, que havia sido substituído no intervalo daquele jogo, deu lugar a Daniel Olmo, que foi exatamente quem substituiu Sarabia naquela ocasião. Por questões provavelmente de ordem técnica, Pau Torres deu lugar a Eric García (lembrando que Pau Torres foi um dos que falharam no lance do gol de Shaqiri). E, de forma surpreendente, numa escolha que me parece ser fundamentalmente tática, Álvaro Morata foi para o banco, promovendo a entrada de Oyarzabal. Embora Morata faça uma Eurocopa digna de questionamentos, ele vinha sendo sistematicamente conservado entre os titulares. Acredito que Luis Enrique optou pela mudança no ataque, principalmente, por levar em consideração o comportamento tático da seleção italiana - Oyarzabal se mostrava opção interessante para explorar a velocidade e a infiltração vindo mais de trás, se projetando ao espaço vazio ao invés de aguardar mais fixo na área, onde, em teoria, seria mais vulnerável à implacável marcação tanto de Giorgio Chiellini quando de Leonardo Bonucci.

Duas primeiras chances de gol no jogo são espanholas

Excluindo uma chegada italiana que parou na trave aos três - o lance teve apenas efeito moral, já que veio a ser invalidado por marcação de impedimento -, as duas primeiras chances de gol na partida foram da Espanha. Aos doze minutos, Pedri acionou Oyarzabal com ótimo passe rasteiro, mas o jogador recém-promovido aos titulares, em ótima condição para preparar a finalização, não conseguiu realizar o domínio de bola como gostaria e permitiu que Emerson fizesse a recuperação. Dois minutos depois, aos catorze, Ferran Torres driblou Jorginho e chutou à direita.

Espanha se impõe e Itália se limita a (tentar) contra-atacar

Com Sergio Busquets liderando o setor de meio de campo espanhol e Marco Verratti sobressaindo no lado italiano, as ações do jogo se concentravam entre as duas intermediárias. Aos vinte minutos, numa saída rápida da Azzurra, o goleiro Unai Simón deixou a área para intervir. Só que o ítalo-brasileiro Emerson chegou antes, tocou de lado e a defesa espanhola só conseguiu se recuperar no lance após a indecisão de Nicolo Barella.

Na marca de vinte e quatro minutos, tivemos a primeira boa defesa de um goleiro no jogo: Oyarzabal teve o chute travado, Dani Olmo pegou a sobra, foi bloqueado por Bonucci, pegou seu próprio rebote e chutou no canto direito, para defesa de Gianluigi Donnarumma.

Aos trinta e dois, uma nova tentativa de Olmo: ele carergou a bola observado por Chellini e chutou, dessa vez mandando por cima do travessão. Com trinta e oito no relógio, Pedri passou para Jordi Alba, que encontrou Oyarzabal - o chute do camisa vinte e um foi tão longe do gol que talvez os espanhóis pudessem começar a sentir saudade do Morata...

Embora o momento da Espanha fosse de flagrante superioridade, uma das maiores chances de tirar o zero no placar na etapa inicial foi italiana e aconteceu aos quarenta e quatro minutos: Lorenzo Insigne foi lançado pela esquerda e fez o passe na ultrapassagem de Emerson, que descolou chute no travessão.

Segundo tempo inicia confirmando cenário de antes do intervalo, com Espanha mantendo a iniciativa

Sem alterações, as seleções retornaram para a segunda etapa. E a Espanha se manteve no ataque. Aos quatro minutos, Daniel Olmo cruzou da direita e Giovanni Di Lorenzo foi providencial para cortar a bola quando um adversário vinha chegando às suas costas. Ao seis, Busquets recebeu de Oyarzabal e pegou de primeira, mandando a bola perto do travessão. No minuto seguinte, resposta italiana: em rara jogada envolvendo todo o trio de frente, Insigne passou para Ciro Immobile, que deixou com Chiesa, que trouxe para a perna direita diante da marcação de Alba e chutou cruzado, com Simón caindo para segurar à direita. Com doze minutos, Oyarzabal tentou de fora da área e Donnarumma fez a defesa.

Em contra-ataque, Itália marca o primeiro gol na semifinal

O ritmo do jogo era interessante, com a marcação alta italiana tentando recuperar a bola em posição mais avançada possível, enquanto a Espanha procurava verticalizar a troca de passes, visando encontrar os espaços vazios. Aos catorze, porém, quem tratou de encontrar tais espaços vazios foi a Itália. Em rápido contra-ataque iniciado com o goleiro Donnarumma, Immobile dividiu no ataque e a bola sobrou para Chiesa: esbanjando a objetividade que lhe é característica, o filho de Enrico tratou de imediatamente arrumar e chutar cruzado no canto esquerdo. Um a zero Itália, em jogada de aproximadamente quinze segundos desde a saída com Donnarumma até a finalização com Chiesa.

Federico Chiesa chuta cruzado e inaugura o marcador em Wembley. Foto: Facundo Arrizabalaga / Pool / AFP.
 

Equipes mexem no ataque e surgem chances para ambos os lados

Logo após o gol, tanto Roberto Mancini quanto Luis Enrique Martínez mexeram no ataque de suas equipes: na Itália, saiu Immobile para a entrada de Domenico Berardi; na Espanha, Morata entrou no lugar de Ferran Torres.

Aos dezenove minutos,uma chance clara de empate foi desperdiçada: Koke fez ótima enfiada de bola desmontando toda a defesa italiana e Oyarzabal, livre, leve, solto e de frente com Donnarumma, falhou na tentativa de cabeceio.

Aos vinte e um, nova participação de Oyarzabal: ele recebeu, fez a parede diante da marcação de Chiellini, rolou atrás e Dani Olmo chutou de primeira, mandando à esquerda.

No minuto seguinte, resposta da Itália: Chiesa recebeu pela direita, carregou e passou para Berardi, que ficou de frente com Simón, chutou rasteiro e viu o goleiro rebater com a perna.

Após novas alterações nas duas seleções, jogo volta a se agitar e Espanha empata

Com Gerard Moreno no lugar de Oyarzabal e Rodri no lugar de Koke, Luis Enrique procurava alternativas no setor ofensivo. Já Mancini, visando fortalecer a marcação na última linha, trocou Emerson por Rafael Tolói. Também tirou Verratti, colocando Massimo Pessina em seu lugar e renovando o fôlego na proteção à defesa.

Aos trinta e um minutos, Morata teve sua tentativa de cruzamento pela direita travada por Bonucci. Três minutos depois, após recuperação de bola no ataque, Berardi teve nova oportunidade, mas parou novamente em Simón, que segurou no lado direito. E, ainda aos trinta e quatro, saiu o gol de empate espanhol: em ótima tabela entre Morata e Olmo, o atacante tocou e recebeu de volta do meio-campista e, centralizado, nas costas da defesa, chutou com precisão no contrapé de Donnarumma, estufando a rede no canto direito. Um a um no placar, em jogada onde uma rápida tabela arruinou a última linha de defesa adversária.

Álvaro Morata comemora o gol de empate da Espanha diante da Itália. Imagem extraída de Bola Vip.
 

A Espanha ainda teve uma possibilidade de virar o jogo: aos trinta e oito, Morata levou a bola para a linha de fundo e rolou atrás para Moreno, que, da meia-lua, isolou.

No minuto posterior, um total de três substituições: na Itália, saíram Barella e Insigne para as entradas de Manuel Locatelli e Andrea Belotti; na Espanha, entrou Marcos Llorente no lugar de César Azpilicueta.

Prorrogação tem pequeno número de oportunidades de gol e jogo caminha para a decisão por pênaltis

Talvez por falta de gás, talvez por sobra de vantagem do sistema defensivo, talvez por um pouco de cada, o fato é que a prorrogação não teve lá grandes situações de gol. Mas, quando teve, foi espanhola. Aos sete minutos, Olmo cobrou falta da esquerda, Donnarumma rebateu, Morata chutou rasteiro e Cheillini conseguiu bloquear. Aos onze, Moreno levantou da direita e Donnarumma afastou em disputa com Morata e Bonucci.

Daí para a frente, nem as mexidas mudaram o panorama da partida. No intervalo, Luis Enrique trocou Busquets por Thiago Alcântara. Com um minuto no segundo tempo, Chiesa deu lugar Filippo Bernardeschi na Itália. E, aos três, Pau Torres entrou no lugar de Eric García na Espanha. Todas as seis mexidas autorizadas para cada conjunto foram usufruídas e, bastante alteradas em suas composições, as seleções definiriam a classificação nas penalidades.

Nos pênaltis, Locatelli e Olmo desperdiçam logo de cara. No final, Donnarumma pega a cobrança de Morata e Jorginho sela a classificação italiana.

Na primeira cobrança, Unai Simón saltou para o lado direito e defendeu o chute rasteiro de Locatelli.
Dani Olmo, que atuou bem no tempo regulamentar, poderia colocar a Espanha em vantagem. Mas chutou por cima do travessão.

Na segunda cobrança italiana, Simón novamente acertou o canto, mas o chute de Belotti foi muito bem realizado, firme e próximo à trave, anotando o primeiro gol.
Moreno cobrou alto, à esquerda - Donnarumma acertou o lado, mas não alcançou. Um a um.

Na terceira cobrança, Bonucci foi o primeiro a conseguir colocar a bola no lado oposto à escolha do goleiro, estufando a rede entre o meio do gol e o canto esquerdo.
Thiago Alcântara, com estilo, mandou a bola no canto direito e viu Donnarumma pular o outro lado. Dois a dois.

Na quarta cobrança, Bernardeschi bateu firme, alto, sem chance de defesa para Simón, que acertou a escolha do lado esquerdo. Três a dois Itália.
Morata, que jogou a temporada 2020/1 na italiana Juventus, foi para a cobrança. No gol, o rossonero Donnarumma. Morata escolheu chutar no lado esquerdo do gol. Donnarrumma, também. E a Itália ficava em vantagem.

Coube a Jorginho, batedor oficial da Azzurra - que cobrou cinco penalidades em partidas oficiais com a seleção italiana e converteu todas elas - se encarregar da quinta cobrança. Esbanjando tranquilidade e lucidez, partiu pra bola, mudou o ritmo da passada e, com Simón se deslocando para a direita, não teve dúvidas e mandou no canto esquerdo. Quatro a dois e fim de papo. A Itália está na final da Eurocopa 2020!

Consciente e cheio de frieza: Jorginho converte a cobrança de pênalti derradeira. Foto: Getty Images.

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