Jogando um futebol ofensivo e procurando rodar a bola no campo de ataque, a Dinamarca deu mais um passo gigante em sua já marcante trajetória na Eurocopa 2020. Com a vitória por dois a um sobre a República Tcheca, a equipe comandada por Kasper Hjulmand garantiu presença na fase semifinal do torneio. Um torneio que começou com o gigantesco susto em torno de Christian Eriksen - felizmente, o atleta de vinte e nove anos sobreviveu ao mal súbito e tem expectativas de um dia retornar aos campos. Porém, o que realmente importa é a vida. Dentro ou fora dos gramados, o camisa dez se faz presente no espírito competitivo da seleção dinamarquesa - e é, antes de tudo, em homenagem a ele que essa equipe se supera e avança mais uma vez.
Logo no início da partida, a Dinamarca abre o placar
Escalada com a mesma formação e os mesmos jogadores da goleada sobre País de Gales na fase oitavas de final, a Dinamarca tomou a iniciativa e foi para cima de uma República Tcheca ligeiramente modificada em relação ao jogo em que venceu a Holanda nas oitavas - dessa vez, o técnico Jaroslav Šilhavý optou por começar o jogo com Jan Bořil na lateral esquerda ao invés de Pavel Kadeřábek.
E se essa Eurocopa vem sendo relativamente tranquila e bem-sucedida com questões relacionadas à arbitragem, dessa vez aconteceu algo desagradável já nos primeiros minutos de partida: numa dividida de bola nas proximidades da linha de fundo, foi assinalado escanteio para a Dinamarca quando deveria ser concedida a posse para a República Tcheca (VAR, cadê você?). E, para piorar, saiu o gol imediatamente após a cobrança: aos quatro minutos, Jens Stryger Larsen fez o levantamento a partir do lado direito, os grandalhões da defesa se deslocaram em direção ao gol, mas a bola chegou mesmo foi no volante Thomas Joseph Delaney, que, gozando liberdade pouco a frente da marca do pênalti, cabeceou bem à vontade para mandar no canto direito. Um a zero para a Dinamarca, com Delaney se tornando o sétimo jogador dinamarquês a marcar gol nessa Euro.
Thomas Delaney comemora: a Dinamarca abria o placar aos quatro minutos de partida em Baku. Foto: DBU FodBold / Divulgação |
República Tcheca equilibra as ações e jogo fica lá e cá
A primeira chegada mais interessante da República Tcheca se deu pelos pés daquele que vem se mostrando um dos jogadores mais efetivos na Eurocopa - não toca tanto na bola, mas quando o faz, esbanja qualidade tanto no passe quanto na finalização. Sim, estamos falando de Patrik Schick: aos onze minutos, ele recebeu a bola pela direita, fintou Joakim Mæhle do jeito que quis e chutou firme, mas foi bloqueado.
No minuto seguinte, aos doze, Pierre-Emile Højbjerg deu belo lançamento para Mikel Damsgaard, que na finalização conseguiu com um toque sutil tirar do goleiro Tomáš Vaclík. Só que o toque foi sutil demais, e permitiu que outro Tomáš - o zagueiro Kalas - chegasse para evitar o segundo gol dinamarquês.
O jogo era agitado e, mais um minuto passado, mais uma oportunidade: aos treze, após bola levantada e posteriormente ajeitada de cabeça, Petr Ševčík pegou de primeira, mas mandou longe.
Aos dezesseis, foi a vez da Dinamarca: Jens Stryger cruzou da direita e Delaney apareceu para finalizar. Os mesmos envolvidos no lance do gol. Só que, dessa vez, o camisa oito pegou mal na bola, mandando à esquerda.
Quando afirmamos que o jogo era lá e cá, era literalmente lá e cá: aos vinte e um, após o goleiro Kasper Schmeichel errar em lance de saída de bola, Lukáš Masopust foi acionado na esquerda e mandou para Tomáš Holeš na pequena área - Schmeichel, ligado no lance, fez o bloqueio.
Na marca de vinte e seis, Martin Braithwaite tinha a bola pela direita, avançou, levantou a cabeça procurando algum companheiro na área e percebeu que a melhor alternativa era chutar ao gol. Só que o remate foi à esquerda.
Aos trinta e três, nova chegada dinamarquesa: em contra-ataque, Braithwaite dessa vez apareceu em velocidade pelo lado esquerdo, a bola chegou em Kasper Dolberg na direita, que tentou entregar para Stryger, mas Vaclík pegou.
No minuto seguinte, resposta tcheca: Vladimir Coufal cruzou da direita, Holeš chutou de primeira e Schmeichel encaixou.
Com trinta e seis minutos, Jannik Vestergaard enfiou na direita para Damsgaard, que entrou na área e chutou firme à meia altura, com Vaclík conseguindo rebater.
Lindo cruzamento dá origem ao segundo gol dinamarquês
Procurando variar as jogadas ofensivas e causando uma canseira na marcação tcheca, a Dinamarca dessa vez avançou com o apoio de Mæhle, que vinha tendo bastante trabalho com as subidas de Coufal pelo seu setor. E Mæhle, um destro que atua pela esquerda, mostrou a melhor versão da sua perna direita as descolar cruzamento espetacular de três dedos aos quarenta e um minutos - a bola passou por Braithwaite e por Kalas, chegando até Dolberg, que completou de primeira para a rede. Dois a zero no placar.
República Tcheca volta diferente - nas peças e na atitude
Jaroslav Šilhavý aproveitou o intervalo para chacoalhar a equipe tcheca, que voltou do vestiário com o atacante Michael Krmenčík no lugar de Masopust e com o meio-campista canhoto Jakub Jankto no lugar de Holeš. Mais do que as boas entradas desses jogadores, a República Tcheca se mostrou determinada a pressionar a Dinamarca no último terço do campo.
Logo com vinte e cinco segundos, Krmenčík já participou ativamente, dando chute forte de fora da área que Schmeichel rebateu. Com 1,91m de altura, careca e esbanjando força física, Krmenčík me lembrou o também atacante tcheco Jan Koller - que, no alto de seus 2,02m, defendeu a seleção entre os anos de 1999 e 2009, formando uma dupla de ataque bem-sucedida com Milan Baroš.
Com um minuto, Antonín Barák quase marcou um belo gol: ele emendou de fora da área pegando na bola de primeira, chutando pro chão, com Schmeichel saltando para espalmar no canto direito.
Só dava República Tcheca: aos dois minutos, Krmenčík levantou a bola e Schick deu de bicicleta, com a bola batendo em Simon Kjær e Schmeichel recolhendo.
Aos três minutos, o goleador da Eurocopa 2020 diminui para os tchecos
E a pressão tcheca deu resultado: Coufal cruzou da direita e Schick, de primeira, se aproveitou do atraso de Vestergaard para mandar no canto direito, com a precisão que lhe é característica. Era o quinto gol do camisa dez tcheco nessa Euro, igualando-se ao português Cristiano Ronaldo no topo da lista de goleadores nessa edição.
Dinamarca se reorganiza e cria chances
Se alguém achou que a pressão tcheca se estenderia até que saísse o gol de empate, o que ocorreu foi que a seleção dinamarquesa começou a assimilar a nova postura do adversário, reequilibrando a partida.
Na marca de dez minutos, Coufal foi providencial ao mergulhar para tirar de peixinho uma bola enfiada às suas costas.
Aos treze minutos, Kasper Hjulmand promoveu suas primeiras substituições no jogo: Yussuf Yurari Poulsen no lugar de Dolberg e Christian Thers Nørgaard no lugar de Damsgaard. As mexidas fizeram bem à Dinamarca, principalmente pela participação de Poulsen, bastante ativo no campo de ataque e também contribuindo na defesa.
Aos quinze minutos, Yussuf Poulsen puxou contra-ataque pela esquerda escapando de Coufal, Braithwaite errou o passe, a bola voltou em Poulsen e o camisa vinte preparou o remate - Tomáš Souček foi preciso na intervenção e travou Poulsen no exato momento da finalização. Infelizmente, na continuação do movimento do chute, sobrou trava da chuteira de Poulsen na cabeça de Souček, cortando a orelha do tcheco.
Souček continuou o jogo com um amarrado na cabeça visando conter o sangramento. O aparato não se mostrou dos mais eficazes com o sangue escorrendo pela nuca e manchando a camisa do jogador.
Aos vinte, Šilhavý fez a terceira troca, dessa vez de menor impacto na estrutura do time: saiu o defensor Ondřej Čelůstka e entrou o também defensor Jakub Brabec.
Aos vinte e três, Poulsen arrancou pelo centro e chutou no canto direito, para defesa de Vaclík.
Aos vinte e cinco, quem tratou de fazer substituição foi Hjulmand, mais precisamente na lateral direita, trocando Stryger Larsen por Daniel Wass.
República Tcheca retoma ímpeto ofensivo, Dinamarca contra-ataca e joga fica muito interessante
Aos vinte e seis minutos, após levantamento da direita, Wass não conseguiu afastar, Jankto chutou cruzado do lado esquerdo e Kjær cortou.
Dois minutos depois, Barák cobrou falta pela direita e a bola tinha o endereço do "enfaixado" Souček, só que Schmeichel cortou antes e impediu o que seria o iminente gol de empate tcheco.
Aos trinta e dois, uma ótima chegada dinamarquesa: Braithwaite deixou a bola com Wass, que rolou para Poulsen, que chutou e viu Vaclík buscar a finalização com linda defesa no canto esquerdo.
Na marca de trinta e seis, mais Dinamarca no ataque: Christian Nørgaard passou para Poulsen, que entregou de primeira para Mæhle pelo lado esquerdo de ataque. Destro, o camisa cinco arrumou o corpo buscando o canto direito do goleiro - Vaclík defendeu o chute rasteiro com a perna.
Cansaço bate forte dos dois lados e República Tcheca tem uma última oportunidade
Com ambas as seleções já tendo feito as cinco substituições que tinham direito, os últimos minutos foram arrastados pela combinação de pelo menos dois motivos: os times desfigurados pelo acúmulo de alterações e, talvez principalmente, o cansaço de um jogo bastante movimentado.
Aos cinquenta minutos houve, porém, uma chance de empate. A chance derradeira: após levantamento da direita, Kjær afastou parcialmente e Souček pegou a sobra de primeira, chutando à direita.
O apito final do árbitro holandês Björn Kuipers sacramentou a classificação da Dinamarca no estádio olímpico de Baku. Se pensarmos que, em vinte e cinco confrontos anteriores entre as duas seleções, foram somente duas vitórias da Dinamarca (a República Tcheca venceu treze vezes e houve dez empates), o triunfo dinamarquês ganhou ainda mais contornos de feito histórico.
Dinamarqueses comemoram após o apito final: com a vitória por dois a um sobre a República Tcheca, a seleção campeã continental em 1992 avança para a semifinal vinte e nove anos depois. Imagem extraída de Yahoo! Esportes. |
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