Abrindo a fase de oitavas de final nessa Eurocopa 2020, País de Gales e Dinamarca se encontraram em Amsterdã. E, se alguém imaginava um confronto decidido nos detalhes, veio a surpresa: uma sapecada dinamarquesa por quatro gols a zero. É a segunda partida consecutiva que a seleção comandada por Kasper Hjulamand marca quatro vezes no mesmo jogo (lembre como foi a goleada por quatro a um sobre a Rússia clicando aqui).
País de Gales começa melhor
Com uma marcação muito bem desenhada desde o campo ofensivo - com um homem mais a frente, seguido por uma linha de três e, imediatamente atrás, outros dois jogadores -, a seleção galesa dificultava enormemente a saída de jogo do adversário. De tal forma que o goleiro Kasper Schmeichel simplesmente não via outra opção a não ser rifar a bola toda vez que a posse estava consigo. E se a marcação de Gales era muito bem feita, o mesmo não se podia dizer da Dinamarca. Aos nove minutos, Gareth Bale recebeu pelo lado direito de ataque e teve a liberdade de arrancar em diagonal, trazendo para a perna esquerda sem ser incomodado por nenhum marcador - o chute saiu com curva e passou perto da trave direita, quase inaugurando a contagem.
Dinamarca equilibra as ações e abre o placar
Conseguindo conter os galeses no último terço de campo e passando a, gradativamente, frequentar um pouco mais o ataque, a Dinamarca superava os maus minutos iniciais e começava a sobressair no jogo. Aos vinte e seis minutos, Mikkel Damsgaard, em jogada pela esquerda, tocou para Kasper Dolberg, que trouxe para a perna direita e, antes da chegada de carrinho de Chris Mepham, conseguiu chutar uma bola que rumou para o canto esquerdo, fora do alcance do goleiro Daniel Ward. Um a zero Dinamarca.
Por pouco, primeiro tempo não termina com vantagem maior para a Dinamarca
Depois de abrir a contagem em Amsterdã, o domínio dinamarquês passou a ser flagrante. A equipe já não era ameaçada em sua defesa. E, no campo ofensivo, duas ótimas chances de gol ocorreram ainda antes do intervalo. Aos trinta e um minutos, numa ótima trama pelo lado esquerdo de ataque, Damsgaard tabelou com Thomas Delaney, levantou a cabeça e cruzou rasteiro para Dolberg, que só não anotou o segundo gol porque Ward impediu.
Aos quarenta e cinco, após lance iniciado no flanco direito de ataque dinamarquês, um cruzamento levou a bola até o lado oposto: Martin Braithwaite não conseguiu dominar mas acabou permitindo a chegada de Joakim Mæhle, que chutou à direita, na rede pelo lado de fora. A defesa galesa apenas assistiu mais essa oportunidade criada e deve ter comemorado a chegada do intervalo, visando rearrumar a casa a partir dos vestiários.
Logo no início da segunda etapa, o segundo gol da Dinamarca
É bem possível que o treinador Robert Page tenha conseguido identificar o que era preciso modificar na estrutura do time a fim de buscar o empate numa partida onde sua equipe havia começado melhor que o adversário. Mas, tendo identificado ou não, o fato é que logo aos dois minutos a desvantagem foi dobrada: Braithwaite carregou a bola pela direita, cruzou e, na tentativa de cortar, Neco Williams teve a infelicidade de direcionar a bola exatamente para onde estava Dolberg. Mostrando faro de goleador, ele agiu rápido para estufar a rede pela segunda vez. Importante observar nesse lance que, ainda no campo de defesa dinamarquês, houve uma dividida faltosa do zagueiro Simon Kjær no atacante Kieffer Moore. Acho bastante estranho que mesmo com o auxílio tecnológico essa infração tenha sido solenemente ignorada, validando um gol que se apoiou em uma irregularidade digna de invalidá-lo. Aliás, existe alguma irregularidade que deva ser tolerada quando revisada?
Dolberg comemora: com dois gols no jogo, atacante foi um dos destaques na partida. Imagem extraída da página Bola Na Rede. |
Gales tenta reagir e cria chances
Tentando juntar os cacos de uma desvantagem elástica (era a primeira vez nessa Eurocopa que País de Gales ficava dois gols atrás no placar), a equipe galesa se lançou mais - e melhor - ao campo de ataque. Aos sete minutos, Williams foi acionado na direita e conseguiu unir o útil ao agradável quando, com um ótimo cruzamento, evitou a saída de bola pela linha final. Porém, o cabeceio de Bale para fora acabou tirando uma bola que encontraria o centroavante Moore melhor posicionado do que o capitão.
No minuto seguinte, aos oito, Aaron Ramsey, sumido no jogo, realizou cruzamento da direita buscando Moore - mas a zaga dinamarquesa conseguiu cortar. Aos vinte e um minutos, Joe Allen chutou e Jannik Vestegaard bloqueou.
Com partida sob controle, Dinamarca deslancha e constrói a goleada
Após a assimilação das substituições, a dominância dinamarquesa se intensificou. Isso se deve fundamentalmente pela atitude de uma seleção que se movimenta bastante quando tem a bola, não satisfeita em jogar o básico ou fazer o óbvio. Isto é, mesmo com algumas mexidas questionáveis (não vi nenhum cabimento em tirar Dolberg e, principalmente, Damsgaard de campo), a equipe ainda conseguiu criar, ser intensa e efetiva.
Aos quarenta minutos, após cobrança curta de escanteio pela direita, Mathias Jensen - um dos que entraram no segundo tempo - levantou para o segundo poste e a bola retornou para a primeira trave, com Braithwaite chutando cruzado, à direita, quase marcando o terceiro.
Dois minutos depois, o terceiro gol se consumou: Mæhle recebeu na direita livre de marcação, arrumou deixando Benjamin Davies no chão e chutou forte no canto esquerdo.
Se já não se vislumbrava uma reação galesa, a expulsão de Harry Wilson após derrubar Mæhle encaminhou de vez a classificação dinamarquesa. A bem da verdade: o cartão vermelho direto num lance sem violência pareceu um exagero do árbitro alemão Daniel Siebert, que poderia tranquilamente advertir com um cartão amarelo naquela situação.
Aos quarenta e oito, com a vantagem numérica de jogadores se juntando à superioridade que já se manifestava antes disso, saiu o gol derradeiro nos quatro a zero: Andreas Cornelius, que entrou bem no jogo, tocou para Braithwaite, que comemorou duas vezes: a primeira, logo depois de estufar a rede; a segunda, minutos depois, com a revisão do VAR que ratificou a legitimidade do lance.
Mesmo sem Poulsen, a Dinamarca mostrou uma força ofensiva muito interessante. Sua presença nas quartas de final é mérito de um ótimo jogo coletivo e carrega um aspecto emocional singular - afinal, cada passo que essa seleção dá na Eurocopa traz consigo a onipresença de Christian Eriksen.
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