domingo, 27 de junho de 2021

Itália Passa Aperto, É Finalmente Vazada, Mas Supera A Valente Áustria Na Prorrogação

Num confronto taticamente interessante, a seleção italiana viveu neste sábado, em Londres, o seu maior desafio nessa Eurocopa: a organizada e propositiva seleção austríaca. O resultado de zero a zero durante os noventa minutos deram o tom da dificuldade que uma equipe impunha à outra. Mas, na prorrogação, a Itália conseguiu a vitória por dois a um - com direito a sufoco no final.

No primeiro tempo, Itália tem as melhores chances, mas pára no goleiro - e na trave

Num jogo onde ambas as equipes procuravam manter a bola na grama e encontrar espaços a partir da posse de bola, ficou evidente que o confronto entre Itália e Áustria seria técnico e, também, tático. E os italianos perceberam que as coisas fluiriam melhor pelo seu lado esquerdo de ataque, que tinha em Leonardo Spinazzola e Lorenzo Insigne duas figuras participativas nas ações ofensivas.

Aos dez minutos, Spinazzola chutou à direita em jogada com Nicolo Barella e Domenico Berardi. Aos treze, Insigne conduziu pela esquerda, chutou e o goleiro Daniel Bachmann defendeu. 

Barella, que apoiava rotineiramente o ataque, apareceu bem aos dezesseis, quando teve sua bonita finalização de trivela defendida pela perna direita de Bachmann. No minuto seguinte, a Áustria teve uma boa situação: Marcel Sabitzer lançou nas costas da defesa e encontrou Marko Arnautovic, que emendou chute firme para surpreender Gianluigi Donnarumma, mas mandou por cima do travessão.

Na marca de trinta e um minutos, o maior "quase gol" da primeira etapa: Ciro Immobile resolveu arriscar de fora da área e o chute colocado carimbou a trave direita alguns centímetros abaixo do encontro com o travessão - Bachmann apenas assistiu.

Aos quarenta e dois, Spinazzola, mesmo marcado por Stefan Lainer e Aleksandar Dragović, chutou de fora com perigo - dessa vez Bachmann não quis saber de apenas assistir e tratou de espalmar uma bola que nem iria no gol, mas talvez o susto naquele anterior tenha motivado o goleiro a saltar além da trave direita.

Áustria volta melhor do intervalo e as oportunidades aparecem

Aos três minutos, Arnautovic estava cercado de italianos no comando de ataque, mas nem por isso se intimidou: ele carregou, escapou de dois marcadores pela esquerda, mas o chute saiu torto. 

Na marca de seis minutos, David Alaba cobrou falta buscando o ângulo esquerdo, mas a bola fez o movimento descendente depois do travessão, passando perto do alvo.

Alaba, virtuoso no apoio e na marcação, foi fundamental aos dez minutos, quando interveio em passe de Insigne buscando Immobile, mandando para escanteio. Aos dezesseis, Sabitzer chutou, a bola desviou em Leonardo Bonucci e saiu à direita, com o quique encobrindo Donnarumma. Após a cobrança de escanteio dali originada, a bola permaneceu viva na área italiana e chegou até Arnautovic, que chutou e Donnarumma defendeu.

Melhor no jogo, a Áustria continuou pressionado e foi à rede aos dezenove: Alaba foi lançado na esquerda, inverteu de cabeça e Arnautovic cabeceou, com a bola dormindo no gol após tocar no travessão. Os austríacos comemoraram, mas tiveram a euforia frustrada pela anulação por impedimento após revisão do lance com apoio tecnológico.

Substituições melhoram a Itália

Após passar maus bocados na partida e ver o adversário dominar as ações, finalmente Roberto Mancini mexeu na Itália. Foram a campo Manuel Locatelli (que vinha fazendo ótima Euro, estranhamente barrado) e Matteo Pessina; saíram Marco Verratti e Barella (que tinha um cartão amarelo). 

Não demorou muito para tanto Locatelli quanto Pessina participarem ativamente de uma jogada de ataque: aos vinte e seis, Pessina recebeu a bola, rolou para Locatelli, e o camisa cinco conseguiu fugir da marcação, chutando à esquerda. No mesmo minuto, Insigne recebeu de Immobile após saída de jogo mal feita pela Áustria e chutou cruzado, à esquerda.

Os comandados de Franco Foda conseguiram rearrumar a marcação e inibiram as chegadas da Azzurra, que somente teria uma última chance aos trinta e sete - mas a tentativa de voleio de Berardi não deu nada certo. O rumo do jogo era mesmo a prorrogação.

Primeiro tempo da prorrogação para os italianos agradecerem a Deus

Tendo realizado quatro alterações no tempo regulamentar (além das duas já mencionadas, entraram Andrea Belotti e Federico Chiesa nos lugares de Immobile e Berardi), a Itália mostrava novo comportamento no setor ofensivo. Já a Áustria havia mexido uma única vez, e por motivos de força maior: no final do tempo regulamentar, Christoph Baumgartner, sem condições de continuar em campo, deu lugar a Alessandro Schöpf.

Aos três minutos, um ensaio do gol italiano: Chiesa recebeu pela direita e chutou para defesa de Bachmann. No minuto seguinte, o gol saiu exatamente em jogada com Chiesa, novamente pelo lado direito de ataque: ele recebeu ótimo passe de Spinazzola, ajeitou com o rosto, cortou a marcação de Konrad Laimer e chutou cruzado. Vinte e cinco anos e doze dias depois de seu pai, Enrico Chiesa, ter marcado diante da República Tcheca, na Euro 1996. Essa se tornou a primeira vez na história da Eurocopa que pai e filho marcaram gol para uma seleção.

Tal pai, tal filho: vinte e cinco anos depois de Enrico, Federeico Chiesa marca gol em Eurocopa e estabelece marca inédita na história da competição. Imagem extraída de Guatemala Times.

 

Na marca de catorze minutos, quase saiu o primeiro gol de falta nessa edição: Insigne cobrou bem e o goleiro Bachmann foi melhor ainda, indo espalmar próximo ao ângulo direito, mandando para escanteio. Escanteio cobrado, bola parcialmente afastada e quem se manteve na área austríaca foi o zagueiro italiano Francesco Acerbi. Sábia decisão: Spinazzola abriu na esquerda com Insigne, que centralizou o lance encontrando Acerbi, que recebeu na área, fez a proteção e deixou Pessina em ótima situação para marcar o segundo. Era o centésimo gol marcado na Eurocopa 2020.

Schaub entra bem, Áustria reage e jogo tem final eletrizante

Tendo mexido apenas uma vez no tempo regulamentar (aquela mencionada alteração por lesão) e uma outra no primeiro tempo na prorrogação (Arnautovic por Sasa Kalajdzic), Franco Foda tratou de realizar duas mexidas ao mesmo tempo no intervalo: sáiram Florian Grillitsch e Xaver Schlager, entraram Louis Schaub e Michael Gregoritsch). E Schaub foi figura fundamental na reação austríaca.

Logo no primeiro minuto, Schaub descolou excelente chute de fora da área, com força e colocação, parando em defesaça de Donnarumma, que conseguiu esticar o braço esquerdo para evitar o gol.

Em lance isolado aos três minutos, Giovanni Di Lorenzo saiu em disparada desde a defesa italiana e chutou para fora, deixando a dúvida se ele tem apenas dois pulmões em seu organismo multicelular. 

Aos cinco, Gregoritsch cruzou da direita e Sabitzer teve duas chances. Na primeira, pegou mal na bola com a perna direita; na segunda, imediatamente na seqûencia, tentou com a perna e esquerda mas chutou para fora.

Na marca de sete minutos, Schaub emendou de e esquerda e a bola subiu após desviar em Spinazzola. Escanteio para a Áustria. O próprio Schaub se encarregou da cobrança: ele mandou no primeiro poste, Kalajdzic mergulhou rente à grama se antecipando à marcação e, após 1159 minutos (o número é esse mesmo, mil cento e cinquenta e nove), Donnarumma foi finalmente vazado em jogos oficiais pela seleção italiana. Gol da Áustria para dar contornos dramáticos à partida em Wembley.

Aos treze, Gregoritsch chutou de fora, de primeira, e mandou à direita.

Os austríacos se mandaram ao ataque como se não houvesse amanhã. Coube à Itália explorar os espaços deixados na defesa. Aos catorze, Chiesa foi acionado pela esquerda, encobriu Bachmann mas viu Christopher Trimmel evitar o terceiro gol. Novamente aos catorze, novamente explorando a avenida aberta na defesa austríaca, Chiesa arrancou em contra-ataque e trombou com o inesgotável Martin Hinteregger - o árbitro inglês Anthony Taylor mandou seguir. Mas não por muito tempo, pois aos dezesseis, ele apitou pela última vez. Estava encerrado o jogo. Aliás, que jogo! A Itália avança. Mas precisaremos lembrar com carinho dessa performance da Áustria. Sob o comando de Franco Foda, essa equipe jogou um belo futebol e desenvolveu um toque de bola entre os melhores de todo o torneio. Que esse trabalho tenha continuidade. O esporte agradece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário