Com a definição dos cruzamentos de oitavas de final nessa Eurocopa 2020, um do encontros que mais chamou atenção nesta fase foi o que reuniria Bélgica e Portugal. Duas seleções de grande qualidade técnica. Portugal, atual campeão da Euro. Bélgica, terceira colocada no Mundial. Só poderia dar um jogão de bola, certo?
A resposta veio nesse domingo e foi um seco "não". Chega a ser inacreditável pensar que ao longo dos mais de noventa minutos de jogo, somente um chute da Bélgica foi na direção do gol. Curiosamente, a bola entrou: aos quarenta e um minutos no primeiro tempo de partida, numa jogada iniciada com o goleiro Courtois driblando na própria área (vida louca, como diria o poeta Cazuza), a conclusão ficou por conta de um belíssimo chute de Thorgan Hazard a oitenta e nove quilômetros horários (Meunier fez a assistência que encontrou o irmão de Eden em relativa liberdade).
Fora isso, foi possível enumerar duas finalizações belgas para fora no primeiro tempo e outras duas na etapa complementar. Pouco, muito pouco, tecnicamente nada para uma seleção como essa da Bélgica.
Portugal, por sua vez, se mostrou uma seleção que estava tranquila com o zero a zero - não me incomode que não te incomodarei. Mas, no segundo tempo, vendo o placar adverso e o avanço dos ponteiros do relógio, criou coragem (leia-se vergonha). E teve pelo menos três oportunidades de empatar o jogo nos últimos quinze minutos de partida. Aos trinta e seis, Courtois salvou após cabeceio de Rúben Dias em lance de escanteio. No minuto seguinte, Raphael Guerreiro carimbou a trave esquerda em chute de primeira, na entrada da área. Aos quarenta e dois, após bola levantada, Cristiano Ronaldo resvalou de cabeça na intenção de deixar André Silva em condição de concluir, mas Courtois levou a melhor na dividida. Também foi pouco pelo que dispunha em campo a seleção portuguesa. Mas um pouco que pareceu muito se comparado com a quase inoperância belga.
A Bélgica terá pela frente a Itália na fase quartas de final. Não é prudente antecipar que será um jogão de bola. Mas espero que, no mínimo, seja mais interessante do que foi essa partida diante de Portugal. O futebol merece. E a seleção de Roberto Martínez pode, sim, oferecer mais. Como inclusive já ofereceu anteriormente.
Sobre a eliminação de Portugal, um detalhe estatístico levantado pelo jornalista Leonardo Bertozzi:
Neste século, só a Espanha de 2012 entrou numa Euro como campeã e conseguiu vencer um jogo nos mata-matas. França, em 2004, Espanha, em 2016, e Portugal, em 2020, perderam sem fazer gol. A Grécia não passou do grupo em 2008.
Espero que o treinador Fernando Santos não apele para esses dados e reconheça que a seleção por ele comandada simplesmente não mostrou um futebol convincente - como também não mostrara em 2016, quando sagrou-se campeã continental.
Belgas celebram a vitória por um a zero sobre Portugal enquanto Cristiano Ronaldo, maior goleador na história do torneio, lamenta a eliminação nas oitavas da Eurocopa 2020. Foto: Lluis Gene / AP. |
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