segunda-feira, 28 de junho de 2021

Em Jogo Intenso E De Oito Gols, Espanha Supera A Croácia Na Prorrogação

Em sua primeira partida fora do território espanhol nessa Eurocopa 2020 (na primeira fase atuou sempre em Sevilla), a Espanha foi a Copenhagen e conseguiu a classificação à fase quartas de final após um jogão de bola com a atual vice-campeã mundial, a Croácia. Apesar de terem aberto três gols a um no tempo regulamentar, os espanhóis não suportaram a pressão croata, cederam o empate, tomaram sustos, mas acabaram conseguindo triunfar na prorrogação diante de um valente oponente.

Espanha, como sempre, toma a iniciativa - mas lance bizarro coloca a Croácia em vantagem 

Surpreendendo um total de nenhuma pessoa que acompanha a Eurocopa (ou o futebol internacional de dois mil e dez para cá), a Espanha começou o jogo fazendo o que melhor faz: controlando a posse de bola para chegar, via troca de passes, ao ataque.

Aos doze minutos, Álvaro Morata recebeu na área, rolou atrás e Pablo Sarabia chutou à direita. Aos quinze, Pedri deu ótima enfiada de bola para Koke, que praticamente da marca do pênalti chutou para grande defesa do goleiro Dominik Livaković. Na marca de dezoito, Ferran Torres cruzou pela direita, Morata cabeceou e a bola foi amortecida em Domagoj Vida antes de ficar com o goleiro Livaković.

No minuto seguinte, a posse de bola era, adivinhe só, espanhola. Pedri, que nessa Euro tem se destacado pela sua visão de jogo e verticalidade nos passes no último terço de campo, dessa vez recuou para o goleiro Unai Simón. E, para infelicidade de ambos, uma falha na tentativa de dominar com o pé direito permitiu que a bola tomasse o rumo da própria rede. Um a zero Croácia, que até aquele momento - e por todo o primeiro tempo - sequer tinha conseguido dar um chute na direção do gol. Ironicamente, a posse de bola espanhola fez o trabalho por si. Era o nono gol contra nessa edição da Eurocopa, incrivelmente igualando a mesma marca de gols contra em toda a história anterior do torneio que completou sessenta anos.

Mantendo o estilo de jogo inabalável, espanhóis chegam ao empate ainda no primeiro tempo

A Croácia até chegou duas vezes com algum perigo na tentativa de ampliar a vantagem, mas os chutes de Nikola Vlašić, aos vinte e três, e de Mateo Kovačić, aos vinte e cinco minutos, foram para fora.

Aos trinta e seis, José Gayà chutou de fora da área após escanteio pelo lado direito de ataque espanhol, a bola desviou em seu companheiro César Azpilicueta e passou à direita. No minuto seguinte, o empate: em momento de intensa pressão na área croata, com direito a bate-rebate, Gayà chutou cruzado com força, Livaković rebateu e Sarabia chutou à meia-altura, com a bola ainda batendo na cabeça de Livaković antes de entrar. Um a um no placar.

Ainda houve uma última chance para cada lado antes do intervalo. Aos quarenta e quatro, Ante Rebić foi lançado mas teve seus planos frustrados por Unai Simón, que saiu da área para afastar o perigo. Aos quarenta e cinco, foi a vez de Morata fazer o que mais vinha fazendo nessa Euro 2020: chutar para fora. Quase uma redundância em se tratando do camisa sete espanhol...

Segundo tempo agitado tem quatro gols e muita objetividade de ambos os lados

Aos onze minutos, a Espanha chegou à virada: Pedri recuou para o goleiro abriu na esquerda com Ferran Torres, que fez o cruzamento e encontrou Azpilicueta, cabeceando firme na pequena área, sem dar chance para Livaković.

A Croácia, atrás no placar pela primeira vez no jogo, reagiu. Teve uma chance aos vinte minutos, mas o chute de Rebić saiu fraco e Unai segurou sem maiores transtornos. Aos vinte e um, Luka Modrić conduziu pela esquerda e passou para Joško Gvardiol, que parou em grande defesa de Unai. Dois minutos depois, Unai Simón realizaria defesaça novamente cara a cara, mas dessa vez havia sido indicado impedimento no ataque croata.

Com vinte e nove minutos, quem tomou um susto em recuo de bola para o próprio goleiro foi a torcida croata. Mas Livaković se recuperou rapidamente do vacilo e manteve a posse consigo.

Se a Espanha tem como principal característica a troca de passes para, metro a metro, avançar até o momento oportuno de finalizar, aos trinta e um minutos a equipe fez a transição de forma rara: com um lançamento longo a partir do campo de defesa em lance de bola parada, Pau Torres foi preciso na inversão de jogo para o lado esquerdo, encontrando Ferran Torres. Ele escapou da marcação de Gvardiol e chutou rasteiro para marcar o terceiro gol espanhol no jogo.

Com dois gols atrás, os croatas não apenas se lançaram ao ataque: o treinador Zlatko Dalić promoveu substituições que tornaram o time mais ofensivo e, talvez mais importante, aproximou o craque Modrić dos atacantes - o poder que isso tem na dinâmica e capacidade criativa da Croácia é difícil de mensurar. Aos trinta e nove minutos, em jogada de bate-rebate, Modrić, próximo à linha de fundo na pequena área, esbanjou frieza e precisão ao passar redondinho atrás para Ante Budimir - o chute do camisa catorze croata bateu em Azpilicueta e voltou para Mislav Oršić, que chutou e a bola atravessou a linha final por alguns centímetros até bater no goleiro Unai Simón. Gol validado com auxílio tecnológico.

Apenas um gol atrás, a Croácia não teve dúvidas e se manteve no ataque. Aos quarenta e seis, foi premiada: Oršić efetuou cruzamento excepcional a partir da esquerda e encontrou Mario Pašalić gozando liberdade em plena pequena área espanhola. Com um cabeceio certeiro, cruzado, pro chão, ele mandou a bola no canto esquerdo e empatou a partida.

Ritmo é intenso também na prorrogação e Espanha consegue dois gols já no primeiro tempo

Aos quatro minutos, Mikel Oyarzabal cruzou da linha de fundo pelo lado direito buscando Morata, mas Livaković segurou. No minuto seguinte, uma resposta contundente croata: após cruzamento da linha de fundo pelo lado esquerdo, a bola permaneceu viva na zona de perigo e chegou em Andrej Kramarić que, praticamente da risca da pequena área, finalizou à meia altura e viu Unai Simón realizar uma defesa sensacional ao esticar o braço esquerdo.

Aos seis minutos, Daniel Olmo Carvajal teve uma grande oportunidade, chutou, e a bola foi bloqueada no calcanhar de Vida. Na marca de nove minutos, a Espanha desempatou a partida: Daniel Olmo cruzou da direita e encontrou Morata nas costas de Josip Brekalo. Dessa vez, Morata esbanjou oportunismo ao dominar com a perna direita e chutar forte com a esquerda. Com o perdão da cornetada, mas... nem parecia o Morata. Quatro a três Espanha.

Álvaro Morata comemora: com belo chute no alto, a Espanha desempatava a partida na prorrogação. Imagem extraída de Ecuador Comunicación.

 

Aos doze minutos, Kramarić tentou com chute rasteiro, mas Unai Simón defendeu. E, no mesmo minuto, a Espanha explodiu de alegria: em nova jogada de Dani Olmo pelo lado direito de ataque, dessa vez o camisa dezenove optou por cruzar rasteiro. E a bola chegou até Oyarzabal, que chutou de esquerda e, mesmo com Livaković desviando, o rumo da redonda foi o fundo da rede. Cinco a três.

Espanha administra a posse de bola e Croácia sucumbe

Logo no primeiro minuto, a Croácia chegou bem quando Budimir ficou cara a cara com o goleiro, chutou colocado e Unai desviou sutilmente para fora. Tão sutilmente que a arbitragem ignorou o escanteio, dando a posse para a Espanha.

Tendo dois gols de vantagem e meio time cansado pela correria em quase duas horas de jogo, a estratégia espanhola de administrar a posse de bola foi usada de uma maneira mais burocrática, visando deixar o tempo passar e cansar os croatas, que àquela altura moviam as pernas a partir do coração.

O legal de ver essa postura momentânea da Espanha é que isso, sim, é jogo sem objetividade. É toque pelo toque. Todo o resto da Espanha nessa Eurocopa foi marcado por trocas de passe, sim, mas com notável intenção de transformar o domínio em oportunidade, a oportunidade em finalização, a finalização em gol. Esse segundo tempo de prorrogação na fase oitavas de final serviu para traçar o contraste.

Mesmo com um jogo propositalmente cadenciado e concentrado mais em ter a bola do que o ataque, a Espanha é tão competente na troca de passes que novas oportunidades apareceram com relativa naturalidade. Quase como se fosse um "modo automático".

Aos dez minutos, Morata recebeu pela esquerda seguido da marcação de Duje Ćaleta-Car, chutou e Livaković desviou à direita. Aos catorze, Olmo chutou cruzado e acertou a trave direita. Aos quinze, um Morata sendo Morata (foi minha última cornetada nessa postagem, prometo), recebeu pela esquerda acompanhado da marcação de Vida e... chutou na rede... pelo lado de fora.

A Espanha avança e impõe respeito com os dez gols marcados nos últimos dois jogos. Para desespero dos críticos que praguejavam após o zero a zero na estreia, mesmo com tantas oportunidades criadas pela seleção de Luís Enrique também naquele jogo.

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