Seguem breves comentários sobre os jogos que assisti nessa primeira rodada na fase de grupos na Eurocopa 2020 (que virou uma espécie de Eurocopa 2021).
[ao terminar essa postagem, percebo que consegui assistir todos os jogos dessa rodada - que alegria!]
Turquia 0a3 Itália
Na abertura do torneio continental, a seleção italiana dominou territorialmente o setor de meio de campo e não encontrou muita resistência por parte dos turcos em manter a posse de bola no campo ofensivo. Segura como quase sempre, a dupla de zaga Chiellini - Bonucci raramente foi colocada à prova.
Todos os gols saíram no segundo tempo: Demiral marcou contra, aos sete; Immobile ampliou aos vinte; e Lorenzo Insigne, um dos destaques na partida, fechou a conta com um chute cruzado característico, tirando completamente do alcance de Uğurcan Çakır.
Embora eu tenha visto muitos comentários exaltando a atuação da Azzurra, devo dizer que não vi rigorosamente nada de especial na performance do time comandado por Roberto Mancini. A Turquia, demasiadamente retraída, foi facilmente envolvida. A Itália soube tirar proveito e, mesmo com um repertório limitado, chegou aos gols numa vitória tranquila. Provavelmente, a competição exigirá rendimentos melhores do que esse para que a tetracampeã mundial possa sonhar com algo grande nessa Eurocopa.
País de Gales 1a1 Suíça
Também pelo grupo A, galeses e suíços travaram confronto bem disputado. No primeiro tempo, tanto Daniel Ward quando Yann Sommer realizaram uma defesa difícil - destaco a do goleiro da Suíça, que brilhou ao conseguir espalmar ótimo cabeceio de Kieffer Moore.
No segundo tempo, quem assumiu o protagonismo foi o atacante camaronês naturalizado suíço Breel-Donald Embolo. Além de imprimir velocidade, apresentar ótimo controle de bola nas arrancadas e ser figura ativa inclusive na criação de jogadas, Embolo ainda conseguiu mostrar virtude no jogo aéreo: aos três, cabeceou após cobrança de escanteio de Xherdan Shaqiri para abrir a contagem em Baku.
Gales não se deu por vencido e passou a atacar mais, até alcançar o empate aos vinte e oito: Joseff Morrell levantou e Moore, aquele mesmo que tinha parado em defesaça de Sommer, dessa vez não deu chance ao goleiro suíço.
Mais perto do final, Mario Gavranovic até recolocaria os suíços na frente, após ótimo passe de Embolo, mas o VAR acertadamente orientou a anulação do gol, por impedimento.
São duas equipes que, apesar de algumas limitações, deverão impôr dificuldades aos italianos nas próximas rodadas. A conferir.
Dinamarca 0a1 Finlândia
O primeiro tempo do confronto nórdico apresentava uma seleção dinamarquesa bastante presente no campo ofensivo, apostando na criatividade de Christian Eriksen e na mobilidade de Martin Braithwaite. Os finlandeses se defendiam bravamente mas parecia ser questão de tempo até que a equipe viesse a ser vazada.
Porém, por volta do minuto quarenta e três, ocorreu uma tragédia: Christian Eriksen teve um mal súbito e caiu no gramado. Jogadores de ambas as seleções se desesperaram, o público se comovia e os médicos atuavam para tentar reanimar o dinamarquês de vinte e nove anos de idade.
Felizmente, as notícias que vieram mais tarde eram a de que seu quadro era estável após sofrer uma síncope. O jogo ficou paralisado e, quando retornou, eu já não mais assisti. Tivemos uma vitória finlandesa (gol de Pohjanpalo, aos catorze minutos no segundo tempo) em uma partida que será lembrada pelo incidente com Eriksen. Que tudo fique bem com ele! Isso é o que realmente importa!
Momento desesperador do atendimento médico ao jogador Christian Eriksen. Foto: CNN Filipinas. |
Bélgica 3a0 Rússia
Também pelo grupo B (o mesmo de Dinamarca e Finlândia), belgas e russos foram a campo em São Petersburgo - cidade e estádio que tive o prazer de conhecer durante a Copa do Mundo 2018, onde assisti a semifinal entre França e Bélgica. As seleções já tinham conhecimento do estado de saúde de Eriksen. E a prova disso se deu logo aos nove minutos: Romelu Lukaku, esbanjando o oportunismo habitual, aproveitou vacilo da defesa - e da arbitragem e também do VAR, já que estava em posição irregular - para chutar cruzado, de perna esquerda, e abrir a contagem. Mas o melhor ficou para a comemoração, quando foi até uma câmera e declarou seu amor por Eriksen, companheiro de time na Internazionale.
A Bélgica sobrava em campo e suas preocupações se limitavam ao atacante Artem Dzyuba, que era bastante acionado na função de pivô, embora geralmente em lances onde estava muito bem marcado. Aos trinta e três, Thomas Meunier (que entrara no lugar de Castagne, em lance de choque de cabeça que também tirou de campo o russo Daler Kuzyaev) aproveitou rebote do goleiro Anton Shunin e ampliou para a Bélgica. Carrasco ainda poderia ter deixado a vantagem mais dilatada antes do intervalo, em bela jogada individual pelo lado esquerdo que terminou em chute por cima do travessão.
No segundo tempo, ainda sob domínio belga, o terceiro gol saiu novamente dos pés de Lukaku: ele aproveitou ótima enfiada de bola de Meunier e mandou rasteiro para sacramentar a vitória aos quarenta e dois. Importante observar que, mesmo sem o astro Kevin De Bruyne - e com Eden Hazard entrando somente na etapa complementar -, a seleção comandada pelo espanhol Roberto Martínez mostrou qualidades suficientes para se credenciar ao título.
Inglaterra 1a0 Croácia
Semifinalistas na Copa do Mundo de 2018 - ocasião na qual os croatas levaram a melhor, triunfando na prorrogação -, essas seleções tinham voltado a se encontrar naquele mesmo ano, pela Liga das Nações (com empate sem gol e vitória inglesa por dois a um). Dessa vez, pela Eurocopa 2020, e durante uma pandemia que já matou milhões de pessoas pelo planeta, tivemos novamente um jogo equilibrado.
Porém, mesmo nesse equilíbrio, foi flagrante perceber uma maior aptidão da Inglaterra em chegar com mais perigo ao ataque. Talvez as ausências de Rakitic no meio e de Mandzukic no ataque tenham dificultado as coisas para a Croácia. Mas é fato que há muita coisa interessante no English Team. O volante Kalvin Phillips, treinado por Marcelo Bielsa no Leeds United, foi o melhor jogador em campo. Saiu dele uma combatividade fundamental para conter o ímpeto croata. E saiu dele o passe para o único gol da partida, marcado por Raheem Sterling. Gareth Southgate conseguiu montar um time onde todo o setor de meio-campo encosta nos atacantes, de uma forma a permitir uma gama de opções difícil de ser contida pela defesa adversária. Embora seja prematuro afirmar até onde poderá ir a Inglaterra nessa Eurocopa, tenho a sensação de que já se coloca como um dos selecionados mais difíceis de ser superado.
Áustria 3a1 Macedônia do Norte
Inaugurando o grupo C, a Áustria e a Macedônia do Norte se enfrentaram em Bucareste numa partida de muita movimentação onde ambas as equipes se mostraram destemidas na busca pela vitória. Se por um lado os austríacos saíram na frente aos dezessete, dez minutos mais tarde falharam numa interceptação dentro da área e viram o veterano Goran Pandev empatar o jogo num momento histórico: tratava-se do primeiro gol em Eurocopa do país que conquistara a independência em oito de setembro de mil novecentos e noventa e um. Para se ter uma idéia, Pandev nasceu oito anos antes, na cidade de Strumica, naquela época sob domínio iugoslavo. Tal domínio finalmente teve fim. E quem passou a dominar - não o território de um país, mas o campo de jogo - foi a Áustria.
No segundo tempo, com relativa naturalidade, a equipe comandada por Franco Foda - que dispensa adjetivos com uma atuação e um sobrenome desse - marcou mais duas vezes e sacramentou uma importante vitória no jogo de estreia, em partida onde em momento algum abdicou de atacar.
Holanda 3a2 Ucrânia
Também pelo grupo C (o mesmo de Áustria e Macedônia do Norte), holandeses e ucranianos fizeram sua estreia em Amsterdã. Habitualmente montada com dois pontas, a Holanda honrou sua tradição e foi a campo com Denzel Dumfries e Memphis Depay atuando pelos flancos, embora rotineiramente se apresentando de forma mais centralizada, numa equipe bastante dinâmica no setor ofensivo. A Ucrânia até conseguiu manter o placar zerado por todo o primeiro tempo. Mas, no segundo, a rede balançou e balançou com gosto, na partida de mais gols até aqui nessa Eurocopa.
Wijnaldum, figura que sabe se posicionar como poucos para se apresentar como elemento surpresa, esteve no lugar certo e no momento exato para aproveitar rebatida do goleiro e abrir a contagem, aos seis. Seis minutos depois, o centroavante Wout Weghorst, em posição de difícil análise (coisa para deixar nas mãos do VAR e confiar no veredito), marcou o segundo. Goleada holandesa? Que nada. A Ucrânia subiu de produção, se lançou ao ataque e conseguiu arrancar um empate, com gols de Yarmolenko (aliás, um belíssimo gol, com chute na gaveta encobrindo Stekelenburg) e Yaremchuk.
Mas a Holanda não se deu por vencida, digo, empatada. Aos trinta e nove, Dumfries, um dos melhores jogadores em campo, anotou o terceiro da Laranja e selou a vitória na estreia. Frank De Boer provavelmente gostou do que viu. Eu pelo menos gostei. Mas acredito que iniciar a partida com Luuk De Jong ao invés de Weghorst possa deixar o ataque holandês mais efetivo.
Escócia 0a2 República Tcheca
Em Glasgow, a Escócia recebeu a República Tcheca pelo grupo D (o mesmo de ingleses e croatas). Com um desenho tático bem definido, a seleção anfitriã dava todo o respaldo para que o ala esquerdo Andrew Robertson, titular no Liverpool, fosse bastante participativo no campo de ataque. Com uma bela finalização (muitíssimo bem defendida por Tomáš Vaclík) e um cruzamento perigoso que saíram de seus pés, a Escócia quase chegou ao gol. Mas quem inaugurou a contagem foi a República Tcheca: Patrik Schick, que havia parado em grande defesa de David Marshall, dessa vez esbanjou elegância para cabecear fora do alcance do goleiro escocês, aos quarenta e um.
Só que o melhor de Schick ficou para o segundo tempo. Aos seis minutos, num contra-ataque veloz, o camisa dez tcheco fez lembrar a genialidade de grandes meias de seu país, como Pavel Nedvěd ou Tomáš Rosický. Alguns metros a frente da linha que divide o campo, ele chutou com muita precisão e bastante curva para encobrir Marshall, surpreender todo mundo e marcar um dos mais belos gols da história da Eurocopa. Uma obra de arte. Daqueles lances que valem o jogo, a rodada, a edição do torneio.
Os escoceses até se esforçaram, mas com uma defesa sólida, um meio de campo comprometido e uma bela atuação de seu goleiro, os tchecos mantiveram sua meta inviolável até o apito final.
Polônia 1a2 Eslováquia
Inaugurando o grupo E (que também conta com espanhóis e suecos), Polônia e Eslováquia jogaram em São Petersburgo. Com um setor de meio de campo bastante povoado, os poloneses impunham forte resistência - física e numérica - às investidas eslovacas. Mas, quando os espaços começaram a ser melhor explorados por esses últimos, foi possível perceber a qualidade superior no trato com a bola. Aos dezessete, Róbert Mak fez jogadaça pela esquerda, deixou os marcadores para trás, entrou na área e chutou rasteiro. E aí, o azar e a sorte, combinados, deram um final feliz para a Eslováquia: a bola bateu na trave, nas costas do goleiro Szczesny e entrou. Um gol contra, é verdade. Mas que não tira o brilho da linda jogada de Mak.
Sem conseguir dar a Lewandowski uma participação mais efetiva, a Polônia foi para o vestiário com a desvantagem no placar. E tudo o que não esboçou no primeiro tempo inteiro, realizou no primeiro minuto da etapa complementar: em grande jogada coletiva, trocando passes com precisão e velocidade, Linetty recebeu de Rybus e completou rasteiro para empatar o jogo.
Tal mudança de atitude poderia ser o prenúncio de uma virada. Talvez fosse. Mas a expulsão de Grzegorz Krychowiak (a primeira nessa Eurocopa) enfraqueceu o setor onde a Polônia exercia maior predominância. E apenas sete minutos depois, aos vinte e três, a Eslováquia retomou a vantagem no placar: Mak cobrou escanteio pela direita, Hamsik mergulhou para desviar de cabeça e Skriniar, zagueiro central que mostrou oportunismo de centroavante, conseguiu dominar e chutar firme, se antecipando à chegada de pelo menos três adversários que tentavam bloquear o remate.
Nos últimos minutos, Bednarek quase empatou a partida, mas o chute passou à esquerda. Nada mais estragaria a festa de um dia "tchecoeslovaco" na Euro, afinal, tivemos uma dobradinha de vitórias da República Tcheca e da Eslováquia na mesma data.
Espanha 0a0 Suécia
Bastante reformulada em relação às ultimas edições de Eurocopa e Mundial, a Espanha fez sua estreia na Euro-2020 dentro de casa, diante da Suécia. Estranhamente, o gramado do estádio olímpico de Sevilla estava em condições precárias, muito aquém do padrão verificado em todos os outros campos na competição. Mas como se tivesse criado imunidade a isso, a seleção espanhola não abriu mão do seu estilo de jogo que se tornou característico há mais de uma década: foram centenas de trocas de passes durante os setenta e cinco por cento do tempo de posse de bola diante de uma adversária que cercava, acompanhava, observava, combatia... Mas raramente conseguia sair jogando.
A Espanha não conta mais com jogadores brilhantes como Xavi, Iniesta, Fàbregas e David Silva. Mas ainda assim consegue impôr o seu estilo de circular o gramado de pé em pé. Não com a mesma qualidade de outrora, isso é fato, mais ainda sim obstinada em dominar as ações e ditar o ritmo dos acontecimentos. Se no ataque ainda houvesse um David Villa ou um Fernando Torres, talvez o resultado pudesse ser diferente do zero a zero que se consumou. O lance aos trinta e sete minutos não me deixa mentir: Álvaro Morata desperdiçou uma chance clara, após falha da defesa sueca em enfiada de bola de Jordi Alba.
Dois minutos depois, Alexander Isak, figura mais lúcida na equipe sueca, quase marcou o dele em raro momento de perigo dos escandinavos - o chute rasteiro tinha o endereço da rede, mas Marcos Llorente (praticamente na linha final) e a trave esquerda salvaram a pele do goleiro Unai Simón, que literalmente viu a bola ir ao encontro de seus braços na sequência.
E não tem como falar dessa partida sem comentar as fundamentais intervenções do goleiro sueco: Robin Olsen fez pelo menos duas defesas difíceis ainda no primeiro tempo, ambas em finalizações de Daniel Olmo. A mais espetacular foi a primeira delas, quando, após levantamento certeiro de Koke, Olmo cabeceou cara a cara com o goleiro, mandando firme e para o chão, mas viu Olsen salvar magistralmente com o braço esquerdo.
No segundo tempo, mesmo com as dez substituições (cinco de cada lado), o panorama de domínio espanhol seguiu inalterado. Mas o placar, também. De toda forma, deixou uma ótima impressão a Fúria comandada por Luís Enrique Martínez, que se mostra comprometida a seguir o legado de Luis Aragonés e Vicente Del Bosque.
Hungria 0a3 Portugal
Com uma geração bastante talentosa, a seleção portuguesa visitou a Hungria em Budapeste com um setor ofensivo contando com Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo e Diogo Jota. Mas quem realmente se destacou na partida foi o volante Danilo, que trouxe segurança à defesa além de dar cobertura para as recorrentes subidas de William Carvalho.
Os húngaros se defendiam como podiam e a bem da verdade essa marcação já começava com seu centroavante: Ádám Szalai esbanjou disposição e aplicação tática para usar sua força física de forma a dificultar a saída de bola portuguesa desde o campo de defesa.
No primeiro tempo quem mais se aproximou de balançar a rede foi Diogo Jota, parando duas vezes em defesas do goleiro Péter Gulácsi. Na segunda etapa, embora Portugal continuasse atuando bem, o fato é que a Hungria cresceu de produção de modo a frequentar com mais assiduidade o campo ofensivo. Até chegou a abrir a contagem aos trinta e quatro, mas o gol marcado pelo jovem atacante Szabolcs Schön - que havia entrado no lugar do meio-campista Roland Sallai - foi corretamente invalidado por marcação de impedimento.
Quando o 0a0 parecia o destino do jogo, um lance de sorte colocou Portugal em vantagem: aos trinta e oito, Rafa Silva, que entrara no lugar de Bernardo Silva, cruzou da direita, a bola desviou na marcação de Attila Szalai e chegou até Raphaël Guerreiro, que chutou e contou com novo desvio, dessa vez em Vilmos Tamás Orban, para ver a bola fugir do alcance de Gulácsi.
Se a abertura do placar tardou, a ampliação foi ligeira: três minutos depois, Orban cometeu pênalti em Rafa Silva, com Cristiano Ronaldo - bastante discreto ao longo da partida - se encarregando da cobrança e anotando o segundo gol lusitano. Nos acréscimos, ainda houve tempo para Rafa e Cristiano tabelarem e o badalado camisa sete português driblar o goleiro Gulácsi e empurrar para a rede.
Portugal estreia com uma importante vitória em pleno campo oponente, apesar do resultado dilatado não traduzir a forte disputa que se travou, principalmente na etapa complementar. O ponto mais triste e lamentável do jogo esteve nas arquibancadas. Lotadas. Sem máscaras. Sem distanciamento. Coisas que um governo negacionista como o que se apoderou da Hungria proporciona contra a humanidade. E que a UEFA aceita passivamente, tornando-se cúmplice do que, torço eu, não seja o embrião de uma nova variante de uma pandemia que já vitimou milhões de pessoas pelo mundo.
França 1a0 Alemanha
Para fechar a primeira rodada, aquele que era simplesmente o jogo mai aguardado nessa fase de grupos na Eurocopa 2020. As duas últimas campeãs mundiais se enfrentaram em Munique e o que se viu cumpriu as expectativas: um jogão de bola, com ares de partida eliminatória em plena estreia.
O gol único do jogo saiu aos dezenove minutos no primeiro tempo, foi alemão, mas a favor da França: Hummels tentou cortar cruzamento de Henrández e acabou marcando um golaço de canela, sem dar chance de defesa para seu companheiro Manuel Neuer. Ironia à parte, Hummels fez ótimo jogo, com pelo menos duas intervenções fundamentais na etapa complementar - uma cortando cruzamento similar ao do lance do gol e outra com um desarme certeiro e providencial sobre Mbappé.
A França mostrou-se uma seleção muito equilibrada taticamente. O lance do gol ilustra bem uma das faces francesas: uma cobrança de lateral no flanco direito envolveu Pavard, Benzema e Pogba, que inverteu o jogo para o lado esquerdo até encontrar Hernández - o resto você já sabe.
Mas não somente pelo gol. Os contra-ataques dos Bleus eram quase sempre perigosos. Seja por explorar a velocidade de Mbappé, seja pelas aproximações deste com Benzema, seja pelo apoio que vinha ora pelos lados, ora pelo centro, ora por tudo que é canto.
Só que o que realmente mais me impactou na seleção francesa foi a implacável aplicação defensiva. A trinca Kante - Rabiot - Pogba era fortíssima no combate que antecedia a última linha de defesa. Como se não bastasse, Griezmann conseguia somar a esse trio e aumentar a resistência às investidas alemãs. Sim, senhoras e senhores, Didier Deschamps armou uma retranca diante da seleção comandada por Joachim Löw. Uma retranca chique, mas uma retranca. Uma retranca com craques, mas, ainda assim uma retranca. Uma retranca que, se mantiver essa mesma mecânica no decorrer da Eurocopa, se colocará como a mais séria concorrente ao título no torneio. Porque não basta se fechar - é preciso saber sair pro jogo. E isso a França mostrou que sabe fazer muito bem, obrigado. Ou melhor, merci.
Que venha a próxima rodada.
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