Se nas outras três partidas dessa fase tivemos três confrontos bastante disputados (Espanha e Suíça decidiram a vaga nos pênaltis, a Itália passou pela Bélgica com vitória por dois a um e a Dinamarca venceu a República Tcheca também por dois a um), a Inglaterra sobrou diante da Ucrânia e aplicou a sua maior goleada na história das Eurocopas: um inapelável quatro a zero, com dois gols de Harry Kane, um de seu xará Harry Maguire e um de Jordan Henderson, que anotou seu primeiro gol com a camisa que vestiu sessenta e duas vezes.
Mesmo com as ótimas atuações de Grealish, Southgate dá titularidade a Sancho
Com uma formação diferente da que venceu a Alemanha por dois a zero nas oitavas, o técnico Gareth Southgate diminuiu a última linha de cinco para quatro homens, com Kieran Trippier indo para o banco de reservas e Kyle Walker assumindo a lateral direita. Outra modificação foi no setor de meio campo, barrando Bukayo Saka e promovendo Jordan Sancho e Mason Mount aos onze iniciais. Um desenho mais ofensivo, sem dúvidas, mas que estranhamente abdicou de utilizar Jack Grealish, um dos destaques na vitória sobre os alemães.
Andriy Shevchenko, por seu turno, alterou o meio campo ucraniano em relação ao preparado na vitória por dois a um sobre a Suécia na prorrogação. E essa solitária mudança de jogadores - qual seja, a saída de Taras Stepanenko para a entrada de Vitaliy Mykolenko - modificou significativamente a forma da equipe jogar, pois Oleksandr Zinchenko, o melhor jogador em campo na partida diante dos suecos na fase de oitavas de final, retornava a uma posição mais centralizada, abandonando a bem-sucedida função de atuar pelo flanco esquerdo do gramado, que é exatamente a que ele está acostumado a fazer no Manchester City de Josep Guardiola.
Parceria entre Sterling e Kane funciona e English Team abre o placar aos três minutos
Assumindo a iniciativa no uso da posse de bola, a Inglaterra foi ao ataque desde cedo. E logo aos três minutos, conseguiu chegar ao gol: Raheem Sterling conduziu a bola da esquerda para o centro, atraiu a marcação ucraniana e descolou excelente passe para Harry Kane, que só teve o trabalho de esticar a perna e desviar, de bico, antes da chegada do goleiro Heorhii Bushchan. Um gol com a marca de um goleador num lance que merece ser exaltado, mais ainda, pelo passe magistral de Sterling. Um a zero Inglaterra em Roma, na primeira partida da seleção inglesa fora de Wembley nesse Eurocopa.
Harry Kane estica a perna direita e, de bico, empurra para o gol: a Inglaterra abre o placar diante da Ucrânia. Foto: Estadão Conteúdo. |
Ucrânia procura atacar, mas consistência inglesa inibe a ação ofensiva adversária
Com um plano de jogo inicial que parecia ser o de se fechar atrás e sair em contra-ataques, o gol sofrido aos três minutos foi um balde de água na temperatura ambiente do inverno ucraniano. A vontade de buscar o empate esbarrava nas limitações da equipe e, mais ainda, na muito bem postada defesa inglesa. Andriy Yarmolenko, um dos destaques da Ucrânia no torneio, era figura sumida na partida, sucumbindo em meio ao sólido sistema de marcação da Inglaterra. E se a capacidade criativa ucraniana estava totalmente abafada pelo adversário, a primeira grande oportunidade de empatar o jogo se deu graças a um erro da seleção inglesa: aos dezesseis minutos, Walker tocou curto demais para John Stones, Roman Yaremchuk fez a interceptação, avançou pela esquerda e chutou rasteiro, parando em defesa de Jordan Pickford no canto direito.
Inglaterra domina territorialmente e cria chances de ampliar
Mantendo o adversário fora do último terço do campo, a seleção inglesa foi exercendo um domínio cada vez maior. E, com naturalidade, criou oportunidades de chegar ao segundo gol.
Aos vinte e um minutos, numa jogada entre Sancho e Sterling, Luke Shaw cruzou rasteiro da esquerda mas ninguém apareceu para a finalização. Na marca de vinte e oito, Shaw cobrou falta pela esquerda levantando na área e Kane cabeceou por cima. Com trinta e dois, Declan Rice chutou com muita força uma bola que passou a centímetros (talvez milímetros) de Zinchenko, viajou entre Serhiy Kryvtsov e Mykola Matvienko e, sabe-se lá como, Bushchan conseguiu rebater mesmo com tantos jogadores cobrindo a sua visão do lance.
Por falar em Kryvtsov, o zagueiro central acabou sendo substituído ainda no primeiro tempo, dando lugar a Viktor Tsygankov aos trinta e quatro minutos.
A Inglaterra encontrava mais facilidade pelo lado esquerdo: aos trinta e nove minutos, Sterling passou para Shaw que, em posição duvidosa, tocou atrás para Sancho, que chutou firme e Bushchan voltou a rebater.
Apesar do deserto de circunstâncias no campo de ataque, até houve uma última finalização ucraniana antes do intervalo, quando, aos quarenta e dois, Mykola Shaparenko pegou sobra de bola de Shaw e mandou para fora, à esquerda.
No segundo tempo, ingleses marcam dois gols nos primeiros quatro minutos
Logo no primeiro minuto na etapa complementar, a Inglaterra tinha uma falta para cobrar pelo lado esquerdo de ataque, quando Serhiy Sydorchuk derrubou Kane. Shaw se encarregou da cobrança, levantou na área, Maguire saltou se apoiando em Matvienko (não houve manifestação do VAR) e cabeceou para a rede. Dois a zero no placar.
O que estava bom para os ingleses ficou ainda melhor apenas três minutos depois: Sancho recuperou a bola na defesa, Mount puxou o contra-ataque arrancando em velocidade, Sterling recebeu e passou com estilo para Shaw, que cruzou na medida para Kane - com um cabeceio protocolar para o chão, o camisa nove colocou entre as pernas de Bushchan, marcando o terceiro da Inglaterra no jogo e seu terceiro gol na competição.
Jordan Henderson sai do banco e marca pela primeira vez com a camisa da seleção
Com o jogo sob controle e o resultado confortável, aos onze minutos o técnico Southgate trocou Rice por Jordan Henderson, experiente meio-campista do Liverpool e veterano na seleção inglesa.
Cinco minutos após pisar no gramado, Henderson lançou Sterling, a defesa afastou e Kane emendou de primeira, com Bushchan sevitando o quarto gol ao espalmar no canto esquerdo. Veio a cobrança de escanteio: Mount cruzou e ele, Henderson, surgiu no primeiro poste cabeceando firme, marcando seu primeiro gol após sessenta e dois jogos representando o English Team. Interessante observar que, no último amistoso da Inglaterra antes da Eurocopa, Henderson havia desperdiçado um pênalti diante da Romênia.
Jordan Henderson é bastante festejado após marcar seu primeiro gol com a camisa da seleção inglesa, fechando os quatro a zero sobre a Ucrânia no estádio olímpico de Roma. Foto: AFP. |
Gareth Southgate faz três substituições e a Inglaterra passa a administrar o jogo e o relógio
Imediatamente após marcar quatro a zero no placar, foram realizadas quatro substituições na partida. Primeiro, Shecvhenko trocou Sydorchuk (machucado) por Yevhen Makarenko. Depois, Southgate, já pensando na fase semifinal, tirou de campo Sterling, Shaw e Kalvin Phillips para as entradas de Marcus Rashford, Trippier e Jude Bellingham.
O jogo não ficou frio - ele ficou gélido, congelante. As únicas esparsas emoções daí para o final foram uma saída atrapalhada de Pickford - o goleiro inglês abandonou a área para afastar uma bola lançada nas costas da defesa mas pegou tão mal na redonda que quase piorou as coisas; e um chute forte de fora da área dado por Makarenko, que Pickford rebateu, mantendo sua meta inviolável na Eurocopa 2020.
Para puxar os aplausos no estádio olímpico de Roma, Southgate ainda trocou Kane por Dominic Calvert-Lewin, aos vinte e oito minutos.
Era difícil saber quem estava mais ansioso pelo apito final: os ingleses, já com a mente voltada para o o próximo confronto, ou os ucranianos, para tentar virar a página dessa contundente derrota na sua partida derradeira. Agradando gregos e troianos, digo, ingleses e ucranianos, o árbitro alemão Felix Brych soprou o apito precisamente aos quarenta e cinco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário