Uma, duas, três, quatro, cinco vezes Dimitar Berbatov balançou a rede adversária na partida em que o Manchester United aplicou uma goleada de 7a1 pra cima do Blackburn Rovers, em Old Trafford. Algo formidável por si só e que ganha contornos de ficção se formos levar em consideração que o atacante búlgaro não marcava gol há 10 partidas.
O jogo
Foi a típica partida de um time só. Muitas dessas partidas costumam ser chatas, onde uma equipe domina as ações mas esbarra na marcação adversária e acaba não criando oportunidades. Não foi o caso desse jogo: o Manchester United emplacou um ritmo intenso, adiantou a marcação, circulou a bola com objetividade e contou com o oportunismo e a categoria de Berbatov para construir uma goleada contundente para cima do Blackburn, que teve a dignidade de não distribuir pontapés e manter uma postura dentro da idéia de esportividade.
Logo com 72 segundos de jogo (1:12m), o Manchester United conseguiu abrir o placar: Nani fez jogada pela esquerda, levantou na área, Wayne Rooney desviou e Berbatov completou para a rede. O desagradável no lance foi que o goleiro Paul Robinson havia se machucado segundos antes, em dividida de bola, e acabou voltando mais lentamente que o normal, o que indubitavelmente influenciou na jogada.
Aos 22 minutos, veio o segundo gol: Ânderson passou para Park Ji-Sung, o sul-coreano arrancou, tabelou com Rooney, recebeu belo passe de volta e, de frente com Robinson, finalizou com categoria e sutileza.
Se nos dois primeiros gols a assistência foi de Rooney, dessa vez quem presenteou foi o zagueiro Pascal Chimbonda: na tentativa de recuar o jogo, o francês acabou dando um presentaço para Dimitar Berbatov marcar 3a0, aos 26 minutos. Teria sido uma gentileza de "Ação de Graças" ou antecipando o Natal? Bem, o fato é que o búlgaro agradeceu, aproveitou, e o estádio comemorou.
No intervalo, foi divulgada uma estatística interessante sobre o ataque do Manchester United. Nela dizia que, no decorrer da primeira etapa, 28% das investidas da equipe se davam pelo lado esquerdo, 71% pelo centro e apenas 1% pelo setor direito. Parece que Alex Ferguson teve acesso a esse dado e apostou que, pelo lado direito, poderia haver um atalho para o gol - o mapa da mina seria jogar em cima de Chimbonda.
Dito e feito. Com 94 segundos (1:34m) na etapa complementar, Nani desceu pelo até então pouco explorado setor direito, encarou a marcação do camisa 39 como quem iria para a linha-de-fundo e, com um corte para a esquerda, deixou o adversário no chão: daí foi rolar para Berbatov, que mandou pra dentro e selou o que, naquela altura, era o "hat-trick" do camisa 9. 4a0. Chamou a atenção o fato de o próprio Berbatov ter iniciado a jogada, quando tabelou com Patrice Evra dando bonito toque de letra e ainda recebeu a bola de volta para fazer o lançamento para o setor direito de ataque.
Não demorou muito (mais precisamente 1:13m) para o Manchester chegar novamente. E por onde? Pelo lado direito. Era por lá que estava novamente o português Nani, novamente acompanhado por Chimbonda e novamente escapando do francês com o mesmo drible. O lance só não foi uma cópia fiel do anterior porque dessa vez o próprio Nani tratou de finalizar, marcando 5a0 com cum chute cruzado de perna esquerda.
Aos 16 minutos, mais Manchester, mais lado direito, mais Nani. Agora foi a vez do português tocar na passagem de Rafael que, da linha-de-fundo, rolou atrás: Park chutou, foi bloqueado, e a bola voltou nos pés de Berbatov, que tratou de estufar a rede de Robinson. 6a0.
Na marca de 24 minutos, Ânderson passou para Berbatov e o búlgaro provou que o dia era mesmo dele: quando tentou tocar de lado para que Rooney deixasse a sua marca, o corte da defesa fez com que a bola retornasse no camisa 9, que tratou de endereçá-la para a rede. Na comemoração, braço esquerdo esticado mostrando o número 5, em marca inédita para o maior goleador da seleção búlgara.
O gol de honra dos visitantes aconteceu aos 37 minutos: Josh Morris (que entrou no segundo tempo no lugar do improdutivo e pouco acionado El-Hadji Diouf) cruzou da esquerda e o defensor Christopher Samba subiu mais que a zaga do Manchester United (naquela altura do jogo sem Nemanja Vidic, que deu lugar a Jonathan Evans) para marcar de cabeça, instantes após o próprio Samba ter mandado um cabeceio no travessão de Edwin van der Sar. Alguns podem até comentar que o congolês se apoiou na marcação, o que caracterizaria falta no lance. Mas que seja. O espetáculo já estava consumado, aguardando o fechar das cortinas e os aplausos para o protagonista Dimitar Berbatov.
Outros resultados
Aston Villa 2a4 Arsenal
Bolton 2a2 Blackpool
Everton 1a4 West Bromwich
Fulham 1a1 Birmingham
Stoke City 1a1 Manchester City
West Ham 3a1 Wigan
Wolverhampton 3a2 Sunderland
Nesse domingo, dois jogos completam 15ª rodada. Em Saint James Park, o Newcastle recebe o Chelsea, em partida onde os Azuis precisam da vitória se quiserem reassumir a liderança. Já em White Hart Lane, Tottenham e Liverpool duelam na tentativa de se aproximarem da zona de classificação para a Liga dos Campeões da Europa.
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