A imprensa esportiva brasileira - com o perdão da generalização - parecia já saber que o Palmeiras chegaria na final da Copa Sul-Americana 2010 (alguns, como o pseudo-craque Neto, já até antecipavam o título continental). Mas esqueceram de avisar tais "previsões" ao mundo dos fatos. E, no mundo dos fatos, o Goiás foi superior ao adversário, não tomou conhecimento de um Pacaembu com grande público e conquistou, merecidamente, a vitória que o classificou para a final. Como disse o goleiro Harlei ainda no gramado, "o Goiás hoje é o Brasil".
O jogo
36.410 era o número de espectadores no estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, vulgo Pacaembu. A esmagadora maioria de palmeirenses não faria idéia da grande decepção que essa noite de quarta-feira lhes proporcionaria. Principalmente levando-se em consideração o início de jogo por parte do Palmeiras, com direito a bola de Tinga na trave direita de Harlei aos 12 minutos e nova oportunidade em chute de Lincoln da meia-lua, defendido por Harlei no canto direito, aos 18 minutos.
Aos 21 minutos, o Goiás respondeu de imediato a uma nova chance palmeirense (que havia chegado através de arrancada de Luan, mas o chute fraco foi defendido por Harlei): Rafael Moura decidiu chutar de fora da área e mandou a bola no travessão de Deola. Com 27 minutos, foi a vez de Otacílio Neto pegar sobra de bola na área e chutar rasteiro para defesa de Deola no canto direito.
No momento em que a equipe visitante equilibrava as ações, surgiu o gol palmeirense: Edinho lançou Luan na esquerda, o atacante de 22 anos amorteceu no peito e chutou cruzado para estufar a rede goiana no quadrante 15, aos 33 minutos. Festa no Pacaembu.
Contando com atuação sensacional de Rafael Moura, o Goiás buscava reagir. Aos 37 minutos, Rafael Moura fintou Maurício Ramos sem sequer tocar na bola, atraiu a marcação adversária e passou para Otacílio Neto, que mandou um chute por cima da meta. 6 minutos depois, Kléber teve chance de ampliar para o Verdão, mas o chute foi à direita do gol.
Aos 47 minutos, Marcelo Costa cobrou falta no travessão, Rafael Moura recebeu a sobra de bola escorando de cabeça e, também com um cabeceio, Carlos Alberto emendou e contou com desvio na marcação para superar Deola, empatando a partida instantes antes do intervalo.
E foi no intervalo que Arthur Neto teve grande sacação tática: tirou o zagueiro Douglas (que recebera o único cartão amarelo da partida por falta cometida aos 30 minutos) e colocou o atacante Felipe. Aliando essa grata substituição à postura mais ofensiva do Esmeraldino, veríamos na etapa complementar o atacante Rafael Moura recebendo maior aproximação de seus companheiros. E se isolado no ataque o "He-Man" já tinha atuação brilhante, imagine agora.
Aos 4 minutos, Deola já teria de trabalhar com defesa difícil no canto direito. 2 minutos depois, Danilo saiu jogando errado, Felipe recuperou, fez o cruzamento e Marcão cabeceou à direita.
As arquibancadas tinham um clima de apreensão que tomava conta do estádio. Nem parecia que o Palmeiras tinha um resultado que lhe favorecia e um público que o apoiava. A aplicação tática e a valentia dos comandados de Arthur Neto se sobrepunham à falta de jogadas mais elaboradas por parte do time escalado por Luiz Felipe Scolari.
Com 24 minutos, Rafael Moura foi lançado, encarou a marcação, chutou firme e Deola conseguiu encaixar. 5 minutos depois, Kléber estava em liberdade para desempatar o jogo, mas desperdiçou a sobra com um chute torto, à esquerda.
Aos 33 minutos, Scolari fez sua primeira substituição: optou por tirar Lincoln para colocar Dinei. Ou seja, um ganho de velocidade mas uma perda na valorização da posse de bola. Na marca de 36 minutos, veio a virada visitante. Pelo lado esquerdo, Wellington Saci tocou na passagem de Marcão. O bravo defensor de 35 anos cruzou com uma cavadinha caprichada e encontrou Rafael Moura na trave oposta. Esbanjando consciência, Rafael Moura centralizou o lance com um cabeceio que desmontou de vez a marcação palmeirense. E, na pequena área, estava o zagueiro Ernando, que completou de cabeça para estufar a rede do já batido Deola.
Agora oficialmente em desvantagem, o Palmeiras passou pela primeira vez no confronto de 180 minutos a ter a real necessidade de marcar um gol. Enquanto Arthur Neto recompunha o meio-campo trocando Otacílio Neto por Jonílson, Felipão chamava Éwerthon para a vaga de Tinga. E o que o Palmeiras criou nos minutos derradeiros? Resposta: nada. O silêncio só não era sepulcral no Pacaembu pois um reduzido número de torcedores esmeraldinos cantava e pulava no setor que lhe era reservado no estádio. Numa tacada só, o Goiás silenciou um estádio de futebol e uma comunidade de jornalistas.
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