As duas defesas menos vazadas na atual edição de Premiership se encontraram em Manchester nesse domingo. E, a julgar pela dinâmica verificada no primeiro tempo de jogo, o 0a0 beirava o inevitável. Equipes demasiadamente burocráticas, com poucas ocasiões de gol, principalmente com bola rolando. O time da casa, que tinha as melhores chances, parava em ótima atuação do goleiro Petr Cech. E quando o Chelsea tentava sair para o jogo, era parado com faltas: o árbitro Andre Marriner aplicou quatro cartões amarelos no primeiro tempo, três para jogadores do City e um para Ramires, na única falta cometida pelos visitantes antes do intervalo.
Mas coisas mudaram após a ida para os vestiários. Com dois minutos, David Silva descolou belo passe para Sergio Aguero, que não conseguiu encaixar o voleio do jeito que gostaria, mandando para fora. Aos cinco, Demba Ba foi lançado e, prestes a escapar de Joe Hart, caiu no momento da chegada do goleiro. Pênalti pra lá de discutível, mas assinalado pela arbitragem. O que não tem discussão é que Hart foi magnífico ao defender a cobrança de Frank Lampard, que veio conforme reza a cartilha: forte, rasteiro e no canto. Só que Hart foi lá e pegou.
Onze minutos depois da intervenção salvífica do goleiro inglês, os onze titulares do Manchester City puderam vibrar mais uma vez, agora em grito de gol: James Milner passou para Silva e o espanhol fez a assistência para Yaya Touré. Com simplicidade e categoria, o excepcional volante marfinense escapou da marcação que o cercava, chutou com consciência e a bola, após ricochetear em Gary Cahill, entrou no canto esquerdo. 1a0 para os mandantes.
Sem conseguir esboçar uma reação que justificasse o empate, o Chelsea não conseguia transpôr o forte sistema defensivo oponente. Procurando alternativas, Rafa Benítez fez duas substituições simultâneas aos vinte e três: Moses e Oscar entraram, Lampard e Hazard saíram. Pouca coisa mudou. Treze minutos depois, entrou Fernando Torres no lugar de John Obi Mikel.
Com Ba, Torres, Oscar e Moses beirando a inoperância, sem Mikel para fazer a proteção e com um Ramires muito abaixo do que pode e costuma render, o Chelsea facilitou as coisas para os Citizens. Carlitos Tévez, que havia entrado pouco depois do pênalti defendido por Hart, marcou o segundo gol do jogo: o argentino recebeu de Silva e não precisou de mais do que dois toques para dominar, ajeitar e chutar. É que os passes de David Silva parecem já vir sob medida para o desfrute e lazer do finalizador. Tévez, que tem reconhecida intimidade com a bola, já dominou ajeitando. E o chute, além de sair com força, teve precisão. Foi na gaveta, dessa vez do lado direito. Sem chance para Cech. E se é sem chance para Cech, é porque é indefensável mesmo.
No final, Roberto Mancini trocou Aguero por Samir Nasri, fazendo o blogueiro lembrar que sim, há ainda um tal de Nasri no poderoso elenco do Manchester City. E essa existência do francês torna ainda menos compreensível a formação de um meio-campo com figuras como Milner, Javi García e Jack Rodwell. Até jogaram bem os três, desempenhando bem suas funções táticas. Mas não há como compará-los com o talentoso camisa oito que entrou somente nos acréscimos. Mais perto do final, Joleon Lescott foi colocado no lugar de Silva para fechar o que já não era aberto.
Final de jogo e dois a zero Manchester City, em partida onde o Chelsea só conseguiu dar um chute na direção do gol. O pênalti, bem cobrado por Lampard e defendido maravilhosamente por Hart. E o futebol tem dessas coisas: Hart fez uma defesa ("a" defesa), enquanto Cech interviu pelo menos meia dúzia de vezes, sendo talvez o melhor jogador em campo. Mas o protagonista acabou sendo quem?
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