No jogo do Corinthians seguinte ao fatídico duelo na altitude de Oruro onde uma atitude irresponsável foi fatal a uma criança inocente, há muito menos a se falar de futebol do que o habitual.
O que pode ser mais importante do que uma vida? A Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) vem tratando o caso aquém, muito aquém de sua relevância e significância. Mas prefiro, pelo menos por ora, não ir muito além nas críticas, colocando fé numa punição condizente à idéia da própria entidade de implementar o inédito comitê disciplinar (embora fatos recorrentes não me deixem muito otimista com o que possa vir das decisões desses senhores).
Os "portões fechados" do Pacaembu tiveram brechas suficientes para a entrada de quatro pessoas - três homens e uma mulher - que marcaram presença nas arquibancadas para o registro de uma renda de oitocentos e setenta reais. Patético. Não a renda, mas a presença daqueles indivíduos no estádio. Se são "portões fechados", como entraram?
Dentro de campo, a exemplo dos portões do estádio, nenhum dos times atuaram fechados. O Corinthians foi superior no primeiro tempo, criou chances, marcou gol através de Guerrero e poderia ter marcado mais uma ou duas vezes, só que Pato não aproveitou.
Na volta do intervalo, sim: aos quatro minutos, Pato completou cruzamento e ampliou a diferença para dois a zero no placar. Com a partida sob controle, foram raros os momentos onde o Corinthians se viu ameaçado pelo adversário. Mesmo o usualmente participativo Rentería, que jogou com Pato entre 2007 e 2008 no Internacional, não conseguiu aparecer o bastante para agitar uma apática equipe colombiana.
No final das contas, o time de Tite venceu o de Hernán Torres, em jogo onde se ouviam mais as suas orientações à beira do gramado do que as manifestações dos quatro corpos capazes de atravessar portões. Treinadores que estiveram frente a frente em 2011, quando o Tolima de Torres eliminou o Corinthians de Tite na fase pré-grupos, instalando uma crise no clube que viria a ser campeão continental no ano seguinte (ano passado).
Com quatro pontos, o Corinthians é vice-líder no grupo cinco, atrás somente do Tijuana, com duas vitórias em dois jogos. Eles se enfrentam nas duas próximas rodadas: primeiro o Corinthians faz a mais longa viagem nessa fase de grupos e atua no México, nas proximidades da fronteira com os Estados Unidos; depois, é a vez do Tijuana desembarcar em São Paulo. Se somar mais pontos no conjunto dos dois jogos, assume a liderança na chave.
Sem pontuar ainda, o Millonarios tem nos dois jogos com o San José (um ponto) a chance de pelo menos encostar na zona de classificação. Jogará antes em casa e depois viajará até o estádio em Oruro, local do episódio que, espero, não cairá no esquecimento e na impunidade. Descanse em paz, Kevin.
P.S.: #CopaKevinLibertadores é uma sugestão de uso na rede social Twitter e tem o intuito de associar mais firmemente o fato ao torneio. Muito mais sensível do que atribuir o nome de uma empresa fabricante de pneus. Pneu que estoura, a gente troca. Vida nenhuma se pode substituir.
P.S.2: O melhor momento na partida entre Corinthians e Millonarios foi, na opinião deste, o minuto de silêncio que antecedeu o apito inicial.
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