Muitas emoções entre Gana e Cabo Verde, abrindo a fase quartas-de-final na Copa Africana de Nações 2013. Se alguém imaginava que a tradicional seleção ganesa (habituada a participar e incluive a disputar título na competição continental) iria sobrar diante da estreante Cabo Verde, que jamais havia jogado uma Copa da África em sua história, enganou-se redondamente. A seleção cabo-verdiana foi pra cima, criou as melhores chances de gol, teve objetividade. Mas, futebol não é uma ciência exata. Trata-se de um jogo. Saem os modelos matemáticos do tipo "quem chuta mais vezes fará mais gols" e entram os fatores "azar e sorte". No final, vitória de Gana com direito a ajuda da arbitragem e lance atípico.
Confira como foi a transmissão da partida em tempo real através do Twitter.
Quero nesse tópico destacar alguns personagens na partida.
Começando pelo árbitro Rajindraparsad Seechurn, que espero ter feito sua última partida nesse torneio. A penalidade assinalada a favor de Gana foi proporcional às tradições de seu país natal no futebol profissional - as Ilhas Maurício. Numa trombada usual, surgiu a infração (?) que acarretou a abertura do placar. Entre alguns outros erros, teve lugar também para o bizarro: atrapalhou cobrança de escanteio rasteira de Cabo Verde, possibilitando contra-ataque para Gana. Em escanteio, hein!
Mas nem só de arbitragem vive - ou morre - o futebol. Entre os jogadores, Platini, que saiu do banco de reservas para ao lado de Héldon dar novo gás para Cabo Verde, mostrou mais uma vez se tratar de um jogador de habilidade. Tem muita facilidade para se desvencilhar da marcação e chutar a gol. Mas tanto ele quanto o Héldon acabaram parando num personagem decisivo, a meu ver o mais decisivo na partida, mais até que o próprio árbitro.
Dauda. Que partida do goleiro ganês! Exigido demais no segundo tempo, conseguiu corresponder. Destaque para as defesaças praticadas uma em cada canto. Aliás, talvez melhor seja afirmar uma em cada ângulo - vôou até o lado direito para espalmar chute de Platini com a mão trocada e também para o lado esquerdo, evitando que cobrança de falta de Héldon, aos 48 minutos do segundo tempo, estufasse a rede.
Os gols foram marcados por Wakaso Mubarak, longe de ser um dos destaques na partida, mas com a eficiência que transformou o zero no placar em números não-nulos. Converteu o pênalti que caiu no colo de Gana mandando a bola no meio do gol. E, aos 49 minutos, mandou pra rede uma bola mais fácil que o próprio pênalti, pois dessa vez nem havia goleiro pela frente - Vozinha tinha se mandado para a área de Gana, na tentativa do empate.
A pragmática seleção ganesa pode ir mais longe nessa Copa da África? Com certeza, sim. Mas não vejo com bons olhos o futebol apresentado pelos comandados de James Appiah. Há jogadores talentosos, uma defesa sólida e um baita goleiro. Mas a maneira de jogar privilegia muito mais o vigor físico do que a capacidade técnica. Capacidade essa que, repito, se faz presente. Os aplausos que encerram o tópico ficam para Lúcio Antunes, que trouxe uma seleção valente, bem montada, equilibrada, leve, insinuante. Que acabou esbarrando na própria limitação técnica, na arbitragem, na falta de sorte, na grande atuação de Dauda. Mas que conseguiu encantar aqueles que admiram o futebol bem jogado. Parabéns, Cabo Verde!
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