O jogo já começou com uma grande chance do São Paulo abrir o placar: no primeiro minuto, Aluísio gozaria de ótima posição mas a arbitragem do paraguaio Enrique Cáceres ignorou solenemente a lei da vantagem, marcando falta para os donos da casa. Veio o cartão amarelo para Méndez e Rogério Ceni para a cobrança. Cobrança essa muito bem feita, como habitualmente ocorre quando o experiente goleiro goleador se encarrega de fazê-la. Só que melhor que o goleiro são-paulino foi o goleiro da equipe visitante: Vaca voou e espalmou no canto esquerdo.
Bem postado em campo e indo ao ataque quando com a posse de bola, o The Strongest parecia disposto a não ser mero coadjuvante. O camisa dez Pablo Escobar, que conhece o futebol brasileiro e paulista, articulava bem as jogadas, principalmente nos lances de bola parada. E foi num escanteio pelo lado esquerdo que os bolivianos saíram na frente: Escobar cruzou, Cristaldo cabeceou no primeiro poste encobrindo Ceni e Barrera entrou com bola e tudo. Talvez nem fosse necessário Barrera tocar na bola, pois pareceu que o ótimo desvido de Cristaldo tinha o endereço certo. De toda forma, 1a0 para os visitantes.
Com Osvaldo e Aloísio atuando como pontas e Jádson encostando em Luís Fabiano, os comandados de Ney Franco conseguiram construir algumas jogadas interessantes pra cima da aplicada defesa adversária. O empate saiu aos quarenta e dois, quando Aloísio cruzou da direita, Luís Fabiano finalizou centralizado, Vaca fez ótima intervenção e Osvaldo marcou no rebote, em remate que quase foi evitado no que seria uma defesa espetacular do ótimo Vaca.
Não sei qual seria o comportamento dos mais de trinta mil tricolores presentes nas arquibancadas caso a equipe fosse com uma derrota para o intervalo, mas o fato é que em momento algum pude ouvir som de vaias. Sinal positivo, até porque não faria sentido hostilizar um time esforçado, montado de maneira ofensiva e que procurava o gol de diferentes maneiras, mas sempre na base do que de bola em velocidade. Eduardo Villegas, este sim, merece reconhecimento pela maneira como trouxe o time boliviano para o Brasil, conseguindo ter equilíbrio e regularidade taticamente, sendo difícil de ser infiltrado na defesa e chato de ser marcado no ataque.
Foi um segundo tempo com o São Paulo melhor, sim, mas lá e cá em oportunidades de gol. Reina teve boa chance de recolocar os visitantes em vantagem quando Escobar cruzou da esquerda, cabeceando na altura da marca do pênalti para defesa de Ceni, em lance onde Tolói não marcava ninguém. Ney já havia trocado Denílson por Ganso, aumentando o poder de aproximação tricolor. Mas foi após a entrada do argentino Cañete no lugar de Aloísio que o time melhorou de vez. Habilidoso e com boa movimentação, o camisa vinte, único estrangeiro na equipe brasileira, iniciou a jogada do gol da virada: aos trinta e cinco, deu enfiada de bola para Ganso que, livre, levantou a cabeça e serviu Luís Fabiano, que cumpriu o ofício de centroavante. Demorou oitenta minutos, mas o São Paulo conseguiu assumir a frente no placar.
Logo depois do gol marcado, Ney optou trocar Jádson por Fabrício, recompondo uma formação com dois volantes. O The Strongest assustou uma vez ou outra, mostrando que aquela história de "perder de pouco" era balela dentro do plano de jogo da equipe. No final, o apito derradeiro soou como um alívo aos tímpanos são-paulinos. Prova de que esse grupo pode ser muito mais difícil do que previamente se apresentava. O The Strongest mostrou sua força. E no nível do mar.
Paz entre irmãos - eterno Kevin. Faixa trazida por compatriotas de Kevin ao Brasil mostram que o menino boliviano de catorze anos, vítima fatal de um sinalizador lançado por torcedor corinthiano em Oruro, não foi nem será esquecido.
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