segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Arsenal Zero, Chelsea Zero, Liverpool Líder

Cá estamos, na noite de 23 de dezembro de 2013, para fazer duas coisas. Uma é comentar sobre o empate sem gol entre Arsenal e Chelsea, que deu a liderança no Campeonato Inglês ao Liverpool. Outra é desejar um Natal de felicidade e um ano novo repleto de bênçãos.

Quando digo felicidade, estou pensando em todos aqueles que têm interesse em viver uma vida feliz. Jogadores de futebol de Arsenal e Chelsea, por exemplo. Você, que lê esse tópico, também. Animais não-humanos das mais variadas espécies, idem. Somos todos nós - jogadores de futebol, leitores e animais - capazes de experienciar alegria, prazer, dor e sofrimento. Por isso, é necessário respeito para cada um desses seres. Espero que pensemos nisso, principalmente, quando formos tomar uma decisão em relação ao que consumiremos na nossa alimentação.

Arsenal e Chelsea foram ao jogo com fome. Fome de liderança. Mas a partida entre essas duas boas equipes acabou sendo mais travada por divididas duras do que por grandes chances de gol. Chances claras, dá para lembrar de uma dos Azuis (Lampard carimbou o travessão) e duas do Arsenal (Giroud chutou para fora e chutou travado na defesa). O 0a0 foi justo. Mais justo do que o fato de a partida terminar com 22 jogadores em campo.

Felizmente, ninguém se machucou. Ao contrário de muitos seres que, nesse momento, padecem em matadouros. Um Natal de felicidade e um ano novo repleto de bênçãos.

Mais sobre o jogo: https://twitter.com/jogandoagora #ArsChe
Mais sobre a realidade que te escondem: http://pecuaria.info/

sábado, 21 de dezembro de 2013

Resumão Do Mundial De Clubes 2013 - Bayern Campeão, Raja Surpresa

Para não deixar passar em branco, aqui estamos para abordar brevemente o Mundial de Clubes 2013. Torneio que teve uma grande surpresa: o Raja Casablanca, representante do país-sede. Ou seja, único participante que não faturou um título continental.

Estreou na competição vencendo o campeão da Oceania - o Auckland City - por 2a1. Até aí, nada demais, pois o futebol que se joga entre clubes na Oceania carece de tradição (embora recentemente a liga australiana tenha recebido Alessandro Del Piero como jogador, o que por si só já gera um salto de qualidade ou pelo menos de atratividade para a modalidade naquele país). Na fase quartas-de-final, uma vitória sobre o mexicano Monterrey, na prorrogação, surpreendeu bastante gente. E colocou o Raja na reta do Atlético. E deu Marrocos em Marrakech. Uma vitória convincente e justa, por 3a1, acabou com o (mais novo) sonho atleticano. Fez os brasileiros voltarem a pronunciar o nome 'Mazembe'. Um feito histórico para o futebol marroquino.

Então, veio a final. E é hora de falarmos do Bayern de Munique. De Josep Guardiola. O Bayern de Guardiola jogou muita bola. Cometeu erros na defesa, mais até do que se espera de um time bem organizado, mas não pagou caro por isso, pois o Casablanca não estava num dia dos mais inspirados em termos de finalização. Com gols dos brasileiros Dante e Thiago, os bávaros celebraram o tricampeonato intercontinental. Também foi o terceiro troféu mundial de Pep, que havia faturado as outras duas vezes com o Barcelona. Esse casamento entre Bayern e Guardiola começou há menos de um semestre e a verdade é que as expectativas estão lá em cima. É a "máquina vermelha", fortíssima candidata a levantar o caneco na Bundesliga e na Liga dos Campeões da Europa. O que engrandece ainda mais o feito do Raja Casablanca, que conseguiu chances claras para pelo menos forçar uma prorrogação diante do Gigante da Baviera.

O Galo, que assegurou o terceiro lugar após vitória sobre o chinês Guangzhou Evergrande por 3a2 (em jogo de duas viradas, com o último gol saindo nos acréscimos), se despede de Cuca, que vai exatamente para a China. O Guangzhou, que no Mundial venceu o Al Ahly, do Egito, e depois perdeu para o Bayern, é multicampeão naquelas terras. Mas quem está preocupado com isso agora é o Cuca. Ao Atlético, com Autuori, cabe a difícil missão de conquistar novamente a América. Não será simples, mas Cuca já mostrou a este clube qual é o caminho da glória continental. Caminho que o próprio Autuori já percorrera em duas ocasiões. Portanto, cabeça erguida, Galo! E boa sorte do outro lado do mundo, Cuca!

De resto, cabe parabenizar o Raja Casablanca pela surpreendente campanha (sua torcida foi um espetáculo à parte) e parabenizar o Bayern de Munique pelo futebol apresentado, com o padrão Pep de qualidade. Resumidamente, é isso. Até o fechamento desta postagem, o Fluminense não entrou com recurso contra Auckland, Al Ahly, Monterrey, Guangzhou, Atlético, Raja nem Bayern.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Campeonato Inglês - Análise De Dois Jogos Com Chuva De Gols

Nesse final-de-semana tive a oportunidade de ver em ação quatro dos sete primeiros colocados no Campeonato Inglês. Foram as partidas entre Manchester City e Arsenal (incríveis 6a3 para o time da casa) e entre Tottenham e Liverpool (não menos incríveis 5a0 a favor do time visitante).

Além do caminhão de gols (total de catorze validados e dois invalidados), chamou atenção a capacidade de transição das equipes ao ataque. Principalmente dos vencedores nos dois jogos. São equipes montadas de forma a proporcionar boas possibilidades de variação, ratificando os ótimos trabalhos de Manuel Pellegrini no City e de Brendan Rodgers no Liverpool. O Arsenal de Arsène Wenger até conseguiu mostrar-se um adversário à altura, sucumbindo apenas nos minutos finais. Mas o Tottenham de André Villas-Boas foi completamente esmagado pelo oponente.

A seguir, uma análise um pouco mais detalhada de cada uma dessas quatro equipes. São quatro times que, pela qualidade do elenco, têm a obrigação de buscarem um lugar na próxima Liga dos Campeões da Europa, por mais difícil e competitivo que seja a Premiership.

Arsenal (líder, com 35 pontos em 16 rodadas)

Foi a campo num 4-2-3-1, onde Flamini e Ramsey faziam a proteção e possibilitavam a aproximação de Wilshere em Özil, Walcott e Giroud. A quantidade de chances perdidas pelo centroavante francês denota que os comandados de Wenger tiveram boas possibilidades de conseguir um melhor resultado. Mas o fato é que faltou solidez defensiva para conter os ímpetos de um adversário velocíssimo na transição e bastante preciso nas trocas de passe. De quebra, o Arsenal levou pelo menos dois gols em erros primários de seu sistema defensivo. Para manter a liderança, terá de jogar mais que isso. E errar menos. Destaque positivo: a participação constante de Walcott. Destaque negativo: os sumiços de Özil.

Liverpool (vice-líder, com 33 pontos)

Envolvente e convincente, o time comandado por Rodgers praticamente não deu chances ao Tottenham, aplicando um 5a0 em pleno White Hart Lane. Sterling e Henderson foram soberanos pelos flancos. Coutinho também atuou em bom nível, flutuando do centro para os lados. E Suárez teve mais uma atuação daquelas - de craque. O volante galês Joe Allen foi fundamental para dar equilíbrio entre defesa, meio e ataque num time que fez o Tottenham parecer pequeno. E o que estava encaminhado ficou ainda mais fácil após a expulsão de Paulinho, que levou a sola da chuteira até a altura do peito de Luis Suárez. Destaque positivo: o trio Sterling-Henderson-Suárez. Destaque negativo: as chances perdidas por Luisito Suárez, que poderia facilmente ter alcançado um hat-trick.

Manchester City (quarto colocado, com 32 pontos)

Mostrou explicitamente porque tem o ataque mais efetivo na liga nacional inglesa. Yaya Touré e Fernandinho são dois volantes com muita capacidade de criar espaços, David Silva e Nasri incomodam constantemente o sistema defensivo adversário, Agüero está em ótimo momento técnico e Negredo funciona bem como referência. É uma equipe que parece ter vocação de chegar à área adversária. Jamais na história havia marcado cinco gols no Arsenal e, nesse sábado, sapecou meia dúzia. No Arsenal que lidera a competição. É um forte candidato ao título e deve ser levado em conta, também, na Liga dos Campeões da Europa. Destaque positivo: Fernandinho, que marcou dois gols e contribuiu na contenção. Destaque negativo: a falta de participação de Clichy, demasiado preso no campo defensivo.

Tottenham (sétimo colocado, com 27 pontos)

Com Sandro, Dembélé e Paulinho no meio, Lennon e Chadli mais abertos e Soldado à frente, o time não conseguiu nem de perto o rendimento que se espera de alguém que investiu tanto para essa temporada. Presa fácil quando o adversário tinha a bola, o time de André Villas-Boas em raros momentos conseguiu se impôr no gramado. Fica difícil defender o treinador, notadamente quando se vêem opções como Holtby, Towsend, Lamela e Defoe - pelo menos dois deles poderiam figurar entre os titulares, aumentando o poder de criação e de definição da equipe. Não sei quanto tempo mais o português ficará no cargo, mas acho que não é por falta de qualidade técnica que o time não decola. Destaque positivo: Lloris, que evitou uma goleada ainda mais acentuada. Destaque negativo: a agressão de Paulinho em Suárez, que rendeu cartão vermelho direto ao brasileiro.

Essa 16ª rodada no Campeonato Inglês teve um total de 30 gols (média de 3 por partida). Acho que dei sorte, pois vendo esses dois jogos pude acompanhar praticamente a metade dos gols na rodada.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Da Bola Aos Bastidores: Novas Manobras Num Tapete Mágico

Após 37 rodadas disputadas, faltava somente uma para a conclusão. Mais um Campeonato Brasileiro de pontos corridos chegava ao fim. Cruzeiro campeão com sobras. Grêmio assegurado na Libertadores. Atlético Paranaense, Goiás, Botafogo e Vitória disputando dois lugares no G4. Náutico e Ponte Preta rebaixados. Fluminense e Vasco querendo sair da zona de rebaixamento, colocando em grande risco o Coritiba e o Criciúma. Matematicamente, Internacional e Portuguesa tinham remotas possibilidades de descenso.

Veio a última rodada. A derrota do Goiás e a vitória do Botafogo renderam ao Alvinegro o quarto lugar na tabela de classificação (três dias depois, o título do Lanús na Copa Sul-Americana diante da Ponte Preta confirmou o retorno do Glorioso à Copa Libertadores da América). A derrota do Vasco sacramentou a despromoção cruzmaltina, além da permanência de Criciúma, Inter e Portuguesa. E o Fluminense, mesmo vencendo o Bahia, também se viu novamente rebaixado, pois o Coritiba vencera o São Paulo. Fim.

Fim? Hoje se discute mais um tapetão na história recente tricolor. O terceiro desde 1996. Mas, como o último foi catorze anos atrás, poucos poderiam supôr que manobras de bastidores pudessem se fazer presentes novamente. Héverton, reserva na Portuguesa, entrou em campo aos trinta e dois minutos do segundo tempo na última rodada. Não deveria. Pior: não poderia. Ele deveria cumprir um segundo jogo de suspensão por expulsão recebida duas rodadas atrás.

Agora vamos a algumas perguntas - bastante objetivas - para clarear a questão. Primeira pergunta: a Portuguesa cometeu um erro previsto em regulamento? Segunda pergunta: a Portuguesa se beneficiou do uso do jogador supostamente irregular? Terceira pergunta: alguém se prejudicou pelo uso do jogador supostamente irregular por parte da Portuguesa? Quarta pergunta: alguém se beneficiou pelo uso do jogador supostamente irregular por parte da Portuguesa?

Sim, para a primeira pergunta. Não, para as outras três perguntas. Ou seja, estamos num confronto entre a legalidade e a moralidade. Legalmente, a Portuguesa errou. Moralmente, a Portuguesa somou mais pontos que o Fluminense (independentemente do placar na última rodada, a pontuação da Portuguesa em 37 jogos foi maior que a do Fluminense em 38).

Cabe ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva decidir se condena a Portuguesa ou se a absolve. Absolvendo, não afetará em nada em termos de rebaixamento. Os quatro times com pior campanha serão rebaixados. Condenando, teremos de mudar a resposta para a última pergunta: alguém se beneficiou pelo uso do jogador supostamente irregular por parte da Portuguesa? Resposta: sim, o Fluminense.

Que vença a moralidade. É muito mais legal para o esporte e para a cidadania em geral.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Copa Do Mundo 2014: Grupos Sorteados E Pitacos Dados

Foram sorteados ontem, 06.12.2013, os oito grupos para a Copa do Mundo 2014. Copa essa que será a segunda disputada em solo brasileiro. Solo brasileiro que, por sua extensão geográfica e seus múltiplos climas associados a ineficiências infraestruturais, vem inquietando alguns países - sobretudo aqueles ditos de "primeiro mundo". Os europeus até se preocupam com os adversários, mas parece que o grande medo das delegações do Velho Continente reside não em com quem jogar, mas onde jogar. Ninguém quer Manaus, com seu calorzão e umidade nas alturas. Brasília - e sua secura - também é vista com maus olhos. Imagine quando o Mundial for disputado no Catar...

Vamos então aos grupos e aos respectivos pitacos. Pitacos que são feitos hoje, pensando em daqui a um semestre e tentando adivinhar o futuro. Ou seja, tem tudo para dar errado. Mas, rolando um percentual de acerto significativo, posso recuperar esse tópico e fazer pose de vidente. Ou melhor, de profundo entendedor desta ciência chamada futebol.

Grupo A: Brasil, Croácia, México e Camarões.
O Brasil, país-sede, é amplamente favorito a uma das vagas e ao primeiro lugar na chave. A Croácia pode fazer jogo duro na estréia, em São Paulo? Sim, pode. O México, adversário em Fortaleza, merece respeito? Lógico, mesmo com o sufoco que passaram na CONCACAF. E Camarões, será um peixe fora d'água na capital federal? Sim, será, mas enquanto houver fôlego, haverá esperança. Com tudo isso, a tendência é que a seleção consiga os pontos necessários para assegurar a primeira posição - do contrário, será uma decepção. Pitaco: avançam Brasil e México.

Grupo B: Espanha, Holanda, Chile e Austrália.
Atuais finalistas, espanhóis e holandeses se enfrentam em plena rodada de abertura, em Salvador. É a esperança de chilenos e australianos largarem na frente e tentarem a proeza de surpreender um dos dois favoritos. Pitaco: avançam Espanha e Holanda.

Grupo C: Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão.
Eis uma chave equilibrada, onde cada seleção tem um tipo diferente de ponto forte: a técnica colombiana, a solidez grega, o vigor marfinense e a disciplina japonesa. Pode dar qualquer coisa, embora algo me diga que os colombianos entram com sutil vantagem em relação aos demais. Pitaco: avançam Colômbia e Costa do Marfim.

Grupo D: Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália.
Pobre Costa Rica. É a primeira seleção na história das Copas a enfrentar 3 campeãs do mundo logo na primeira fase. Cabe a uruguaios, ingleses e italianos correrem atrás de honrarem suas tradições e buscarem as duas vagas disponíveis. Pitaco: avançam Uruguai e Itália.

Grupo E: Suíça, Equador, França e Honduras.
E não é que a França deu sorte na sua condição de não-cabeça-de-chave? O resultado de Suíça e Equador, em Brasília, na partida de estréia, tem tudo para encaminhar o grupo. Havendo empate nesse confronto, é chave pra ser resolvida nos últimos minutos da última rodada. Pitaco: avançam França e Equador.

Grupo F: Argentina, Bósnia e Herzegovina, Irã e Nigéria.
Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre são as cidades que terão a felicidade de receber Lionel Messi na primeira fase. Na disputa pela outra vaga nas oitavas, europeus, asiáticos e africanos terão de enfrentar frio e calor, pois estão no circuito Curitiba, Cuiabá e Salvador. Não fosse isso, cravaria a Bósnia na próxima fase. E como não confio nessa Nigéria... Pitaco: avançam Argentina e Irã.

Grupo G: Alemanha, Portugal, Gana e Estados Unidos.
Alemanha é a mais forte nessa chave. Ponto. Porém, estamos aqui diante de um grupo com quatro seleções que merecem respeito. Talvez o fator de desequilíbrio possa ser Manaus, adversária de Portugal e EUA na rodada do meio. Pitaco: avançam Alemanha e Gana.

Grupo H: Bélgica, Argélia, Rússia e Coréia do Sul.
Os belgas, que contam com um time bem qualificado tecnicamente, tiveram a sorte lhe sorrindo no sorteio: serão os que menos viajarão nesta fase, jogando as três partidas na região sudeste. Não vislumbro grandes possibilidades para os argelinos, e creio que as chances sul-coreanas se multiplicarão caso consigam surpreender os russos na estréia e enfrentar uma já classificada Bélgica na rodada derradeira. Mas... Pitaco: avançam Bélgica e Rússia.

Então é isso. Opinião de momento, sendo bem capaz que em breve eu já esteja discordando de mim mesmo. Mas tá feito o registro. Que tenhamos uma ótima Copa do Mundo e um país mais humano, democrático e justo. Não dá para admitir um evento dessa magnitude e com tantos gastos públicos para beneficiar apenas uma minoria selecionada, em detrimento de um contingente de excluídos estrategicamente. O legado é obrigação e o ano é de eleição.