quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Heróica Saga Do Braga, "Custódio" O Que Custar

Jogando no estádio AXA, onde simplesmente não foi vazado uma única vez nessa Liga Europa, o Sporting Braga conseguiu o gol solitário que o coloca heroicamente na grande final continental, a ser disputada em Dublin, Irlanda, no próximo dia 18. Se por um lado é inegável que a equipe soube se defender e mostrou muita determinação para conseguir a classificação diante de um time mais forte, cabe colocar que o Benfica teve pelo menos três chances daquelas que causam calafrios tanto para quem torce para a bola entrar quanto para quem torce para que o gol não aconteça. Confesso que, hoje, reforcei a torcida bracarense.

O jogo

A partida em Lisboa havia terminado com o placar de 2a1 para os benfiquistas e tal resultado trouxe a um início de jogo totalmente dentro do esperado para a partida de volta: o Braga indo ao ataque no simpático estádio AXA (que mistura-se com a bonita paisagem geomorfológica que pode ser percebida atrás de ambas as balizas).

Os torcedores empurravam das arquibancadas e, dentro de campo, era o experiente e hábil meio-campista Hugo Viana (jogador com passagens por Newcastle e Valencia) quem ditava o ritmo da conexão meio-ataque. O brasileiro José Márcio da Costa, mais conhecido como Márcio Mossoró (campeão de Copa do Brasil com o Paulista de Jundiaí e com passagem relativamente discreta pelo Internacional), também era participativo e dava trabalho para uma defesa adversária que contava com dois brasileiros no miolo de zaga: Luisão e Jardel.

Mesmo com a tentativa de pressão por parte dos donos da casa, o primeiro goleiro a ser exigido foi justamente o brasileiro Artur: aos 15 minutos ele vôou bonito para, de mão trocada, desviar com dedos uma cobrança de falta muito bem batida por Carlos Martins. E a resposta braguista veio também na bola parada: aos 18 minutos, Hugo Viana cobrou escanteio pela esquerda e Custódio Miguel Dias de Castro foi impecável na subida e na execução do cabeceio, mandando inapelavelmente na costura da rede, no canto esquerdo, sem chance para o espanhol Roberto Jiménez. 1a0 Braga, para explosão de alegria no estádio.

O negócio realmente era através da bola parada: aos 30 minutos, Hugo Viana cobrou curto para trás uma falta pelo lado direito e Sílvio chutou bonito, mandando um remate cruzado rente ao poste direito. Mas o primeiro tempo também teve um belo lance de bola rolando: aos 42 minutos, o paraguaio Óscar Cardozo passou rasteiro para o argentino Javier Saviola, que com um toque sutil finalizou tirando do goleiro Artur, acertando caprichosamente o pé da trave esquerda. O rebote foi até Fábio Coentrão, que chutou com força mas sem colocação, mandando para fora. Um outro grande lance da equipe visitante foi evitado por Artur, que mergulhou lindamente até além do limite da pequena área para impedir que a bola chegasse limpa em Óscar Cardozo.

A mexida do treinador Jorge Jesus aos 12 minutos do segundo tempo colocando o argentino Franco Jara no lugar de César Peixoto acusava que o Benfica ia se voltar mais para o ataque na busca pelo gol que lhe era necessário. E não demorou para Jara quase marcar: aos 15 minutos, o camisa 11 chutou em arco e colocou a bola muito perto da trave esquerda. Apesar da defesa dos Arcebispos se portar bem - o zagueiro brasileiro Paulão parecia levar a melhor em praticamente todas as disputas que lhe cabiam -, o Benfica voltaria a levar perigo aos 25 minutos, quando Coentrão foi lançado nas costas da defesa pelo lado esquerdo e foi parado de forma providencial pelo goleiro Artur, que cortou limpamente uma fração de segundo antes que o lateral-esquerdo chegasse na bola.

Sob pressão do oponente, o treinador Domingos Paciência buscou dar maior solidez ao meio-de-campo colocando o brasileiro Leandro Salino no lugar de Lima, também tupiniquim, aos 27 minutos. E o Benfica seguia sua busca: aos 33 minutos, o argentino Nicolas Gaitán chutou no canto direito e a bola somente não entrou porque Artur foi fantástico ao desviar para escanteio. Foi então que cada treinador mexeu novamente: no Braga, saía Márcio Mossoró e entrava o compatriota Kaká, zagueiro. Jorge Jesus recorria ao atacante Alan Kardec, ex-Vasco, que foi colocado no lugar de Carlos Martins. Embora as mexidas sugerissem um Braga se defendendo das investidas benfiquistas, a essas duas alterações sucederam duas defesaças do goleiro Roberto, que evitou um gol de Hugo Viana e outro de Custódio.

Restava uma substituição para cada lado, e ela ocorreu aos 41 minutos: Paciência trocou o atacante camaronês Albert Meyong Zé pelo meio-campista Hélder Barbosa e Jesus apostou no brasileiro Felipe Menezes em lugar de Saviola. E, no minuto seguinte, aos 42, o Benfica teve a chance das chances para encontrar o gol que poderia dar-lhe a vaga na final continental. A bola cabeceada por Alan Kardec passou pelo goleiro Artur - algo que parecia fora das possibilidades, dada a grande atuação do arqueiro - mas não por Paulão, que afastou praticamente em cima da linha final.

O apito final do inglês Martin Atkinson fez explodirem fortes emoções no campo e nas arquibancadas, com os adeptos do Sporting Braga celebrando euforicamente a heróica e inédita classificação para uma final européia. Dentro de campo, o contraste de rostos estampando alegrias e tristezas denunciavam o que acabava de acontecer. Coentrão, um dos mais emocionados, chorava como uma criança a eliminação benfiquista, saindo de campo carregado.

Com a classificação do Porto na outra semifinal, podemos garantir que, na alegria ou na tristeza, em Dublin a festa será portuguesa. Com certeza.

Outro resultado

Villarreal 3a2 Porto (4a7 no agregado)

Um comentário:

  1. O heroísmo do Braga é dgno de filme. Me recordo a primeira vez que vi um jogo do time nessa temporada, foi contra o Celtic em playoff a UCL. Não levava a menor fé no time português, que depois ainda classificou a liga dos campeões em cima do Sevilla. Fez uma UCL interessante quase eliminando o Arsenal na fase de grupos. Ao meu ver chegou a essa final de maneira tão merecida quanto difícil. Os caras simplesmente eliminaram o Liverpool em pleno Anfield.

    Por mais que o Porto seja a sensação portuguesa, admito que em Dublim estarei na torçida para a coroação dessa saga épica do Braga!

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