Os amantes do futebol arte experienciaram sensações opostas de terça para quarta-feira. Primeiro, a deliciosa classificação barcelonista para a final da Liga dos Campeões da Europa. Depois, a amarga eliminação cruzeirense na fase oitavas-de-final da Copa Libertadores da América.
O surpreendente adeus do Cruzeiro a uma competição onde a equipe mineira encantou pela belíssima performance apresentada até então pode, talvez, ser explicada através de um paralelo com o Barcelona. Enquanto os comandados de Josep Guardiola conseguiram seguir fiéis ao estilo de jogo baseado num toque de bola apurado e que deixa o adversário na roda - o suficiente para administrar a vantagem diante do forte Real Madrid -, o time comandado por Cuca acabou não conseguindo emplacar uma atuação à altura das exibidas anteriormente, deixando-se dominar por um adversário valente, qualificado, ofensivo e determinado chamado Once Caldas.
Mas até que ponto era vontade do Cruzeiro "permitir" a superioridade do time colombiano em pleno estádio Joaquim Henrique Nogueira? Ponto nenhum. Seguindo o parelelo com o Barça, podemos comparar os desempenhos dos dois jogadores que talvez mais se destacam nessas equipes: enquanto Lionel Messi fez novamente uma grande partida tanto no aspecto técnico quanto no tático e no disciplinar, Roger Flores foi comprometedor em sua "participação" pelo Zeiro. Não bastasse a inoperância com a bola nos pés, o meia cruzeirense foi expulso de campo de forma estúpida, aos trinta minutos de jogo. Com a partida ainda em andamento e com um resultado que classificava o Cruzeiro, este blogueiro que vos digita já defendia uma punição exemplar ao jogador, incluindo uma rescisão contratual: dar um carrinho por trás no meio do campo quando já se tem um cartão amarelo é falta de compromisso com o grupo, é falta de profissionalismo. Entendem por que jogadores do talento de Roger não alcançam vôos maiores na carreira e por que craques como Messi são eternizados na história do futebol?
Prosseguindo no paralelo que classificou o Barcelona e eliminou o Cruzeiro, vamos falar dos times adversários. O Real Madrid, embora mais ofensivo do que no patético jogo de ida (quando atuou com 3 volantes e terminou o jogo sem um único centroavante de ofício), não chegou nem perto do futebol apresentado pelo Once Caldas na noite de quarta-feira. Impulsionado pela exibição de altíssimo nível de Wason Libardo Rentería Cuesta, atacante de 25 anos e que teve passagem de relativo destaque pelo Internacional (onde atuou entre 2005 e 2006), o time dirigido por Juan Carlos Osorio Arbeláez manteve-se focado no ataque e a todo momento buscava aproximar a bola da baliza adversária. As aparições de Wason Rentería nas costas do lateral-direito Pablo proporcionavam boas chances ao ousado time visitante, que tinha também em Dayro Mauricio Moreno Galindo, outro atacante de 25 anos, uma boa alternativa para as jogadas de ataque.
Veja como são as coisas: a fórmula encontrada pelo Once Caldas para "parar" o Cruzeiro não foi através de um jogo defensivo e que anulasse os elementos criativos celestes, mas exatamente o contrário. Foi valorizando o talento presente no elenco da equipe visitante que o clube campeão continental em 2004 conseguiu desenvolver seu jogo e arrancar para uma classificação heróica, tendo-se em vista que a equipe perdeu o jogo de ida dentro de casa por 2a1 e enfrentava ninguém menos do que o time de melhor campanha na fase de grupos.
Os gols saíram no segundo tempo. Primeiro com Diego Armando Amaya Solano, defensor de 25 anos de idade que aos 21 minutos cabeceou no ângulo esquerdo, aproveitando escanteio e superando o ótimo goleiro Fábio. Aos 25 minutos, um bate-rebate impressionante na área cruzeirense (com direito a um chute na trave quando sequer havia goleiro) terminou com um chute preciso de Dayro Moreno no canto esquerdo. Tudo isso com 10 jogadores para cada lado, pois aos 10 minutos da segunda etapa Carlos Mario Carbonero Mancilla foi expulso por agressão em Henrique.
O Cruzeiro também faria gol nesse jogo, gol num momento-chave da partida, quando o time da casa partia pra cima para buscar o resultado, tendo realizado as 3 substituições de direito (Everton no lugar do argentino Ernesto Antonio Farías, Dudu no lugar do paraguaio Jose Maria Ortigoza Ortiz e André Diaz no lugar do valente Henrique). Porém, o golaço de Gilberto foi incorretamente invalidado pela arbitragem, que alegou impedimento do camisa 7 cruzeirense aos 37 minutos do segundo tempo. Não bastasse o nervosismo do próprio time e a bela atuação do adversário, o Cruzeiro também enfrentava essa que parece ser uma sina do técnico Cuca: a incompetência daqueles que dizem se valeu ou não valeu. Cuca que ainda protagonizou uma cena triste, onde acabou dando um encontrão em Rentería e o jogador colombiano reclamou agressão. Se conheço alguma coisa desse sujeito chamado Alexis Stival, garanto que ele não teve qualquer intenção de machucar o jogador adversário. Nenhuma intenção. Zero. Aconteceu. Era o Once Caldas, tal como em 2004, no caminho de Cuca.
E assim terminou a participação do time de melhor futebol da competição. É como se os deuses do futebol adiassem um encontro entre Cuca e Guardiola. A gente espera.
Qual a semelhança entre o Bin Laden e o Cruzeiro?
ResponderExcluirResposta: foram eliminados em casa.