Em campo, duas equipes que sequer queriam cogitar a possibilidade do empate. Para o dono da casa, isso poderia significar entrar na última rodada atrás do Tottenham e dependendo de dois resultados (o seu e o do rival) para conseguir um lugar na próxima edição de Liga dos Campeões da Europa. Para o visitante, seria a iminência do rebaixamento, pois ficaria com três pontos a menos que o Sunderland.
O primeiro tempo alternou domínios. O Arsenal começou melhor, abriu o placar com Podolski e teve chances de marcar o segundo. Só que não apenas não marcou como viu os comandados de Roberto Martínez melhorarem no jogo, chegando com mais frequência ao campo de ataque, equilibrando o tempo de posse de bola e ganhando solidez na defesa. Num erro do árbitro Mike Dean (que assinalou falta de Arteta em Maloney), os Latics empataram: o próprio Maloney cobrou muito bem a tal infração que não houve, levando a partida ao intervalo em igualdade no placar.
Foi então que veio o segundo tempo. Um mágico segundo tempo, de ritmo frenético entre duas equipes com velocidade e disciplina tática, jogando de maneira ofensiva e categórica, mantendo a bola preferencialmente em contato com o gramado liso londrino. Um deleite para os amantes do futebol. É assim que se joga! E vieram mais três gols. Todos do Arsenal. Primeiro Walcott, depois Podolski e, por fim, Ramsey. Uma goleada que engana o que foi a partida, por muito tempo jogada de igual para igual entre um ameaçado de rebaixamento e um postulante à UCL.
E é aí que retornamos ao primeiro parágrafo. Os torcedores do Arsenal saborearam uma gostosa vitória em seu estádio, arrancando para a goleada com um segundo tempo de alto nível e performance corajosa. Cazorla terminou o jogo com três assistências. Ramsey esteve muito bem. Walcott também foi decisivo. Podolski marcou duas vezes. Rosicky teve grande capacidade de organizar o meio-campo. Arteta contribuiu defendendo e articulando. Uma equipe muito bem treinada por Arsène Wenger e que, por acasos da vida esportiva, está há mais tempo do que deveria sem conquistar títulos. Mas que caminha para mais uma presença na competição máxima no Velho Continente. Com justiça. Porém, a noite deve ter sido ainda mais incrível para os torcedores do Wigan. Imaginem o sentimento daqueles que compareceram ao campo adversário nessa terça-feira e viram a derrota que sacramentou o descenso três dias após o time ser campeão inédito na Copa da Inglaterra. Aliás, como assim "imaginem"? Deve ser impossível imaginar! Hoje sou campeão, na semana seguinte estou rebaixado de divisão?! O futebol é assim, implacável. E as lágrimas combinadas aos aplausos vindas do setor destinado à torcida visitante sintetizam a situação. Sintetizam, mas não explicam. Porque há coisas que nem o futebol é capaz de explicar. O que talvez o torne ainda mais especial.
Para mais detalhes sobre a partida, confira a transmissão em tempo real através do Twitter (#ArsWig)
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