sexta-feira, 15 de junho de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo H

Após analisar sete chaves da Copa 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D, E, F e G), chegou a vez de nos debruçarmos sobre o oitavo e último grupo, o H.

Nesta chave, a expectativa é que o equilíbrio seja a tônica da disputa. Há quatro continentes representados e, se não houver grandes surpresas, a última rodada tem tudo para ser agitada e emocionante.

Grupo H: Polônia, Senegal, Colômbia e Japão.

Polônia

Com nove gols marcados nos últimos três amistosos (quatro deles anotados por Lewandowski), a Polônia chega ao Mundial na Rússia com o que é possivelmente a sua melhor seleção neste século.

Polônia: 8ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Szczęsny e Fabiański somaram experiência após a saída do Arsenal e hoje são dois goleiros mais confiáveis. Na defesa, Piszczek, referência no Borussia Dortmund, é o jogador mais conhecido. A meiuca conta com atletas como Błaszczykowski, Krychowiak, Kurzawa e Zieliński. E a cereja no bolo está nas opções de ataque à disposição de Adam Nawałka: Lewandowski, que dispensa apresentações, Grosicki e Milik.

Na campanha nas Eliminatórias Européias, a única derrota em dez partidas se deu em Copenhaguen, num 4a0 para a Dinamarca. Jogando em casa, venceu todos os jogos, marcando uma média de três gols por partida. Dezesseis do total de vinte e oito gols foram de autoria do maior goleador da qualificatória do Velho Continente: Lewandowski. Em território armênio, o time polonês foi num 4-2-3-1 onde Lewandowski ficou como referência no ataque e saiu de campo com três gols marcados na goleada por 6a1.

O tamanho da ambição polonesa nessa Copa do Mundo não está muito claro. Mas há, ali, um time que tem o direito e o dever de sonhar. Ainda mais com um centroavante que, só do zagueiro oponente pensar em enfrentar, já deve estar a meio caminho de um pesadelo.

Senegal

Senegal: 27ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Líder invicto na complicada chave com Burkina Fasso, Cabo Verde e África do Sul, o Senegal chega à sua segunda participação em Mundiais. Na sua primeira, em 2002, uma exibição sensacional, desde a estréia surpreendendo a então atual campeã França até a eliminação com gol de ouro nas quartas diante da Turquia. Daquele time, continua apenas Cissé: o capitão virou treinador. E terá a missão de comandar uma equipe com alguns bons valores individuais, destacando-se o defensor Koulibaly, do Napoli, e o atacante Sadio Mané, do Liverpool.

Após o término das Eliminatórias Africanas, a equipe acumulou quatro amistosos em seqüência sem vitória, incluindo compromissos diante de seleções de menor expressão no cenário internacional, como Uzbequistão (1a1) e Luxemburgo (0a0). Mas o último jogo antes da estréia na Copa pode ter trazido um novo ânimo ao senegaleses: a vitória por 2a0 sobre a Coréia do Sul é daqueles resultados que possuem um efeito moral de retomada de confiança, algo imensurável nas proximidades de um torneio que gera tanta ansiedade.

Se Cissé conseguir obter o máximo de Mané, Senegal automaticamente sobe um nível. E se alguém duvida alguma coisa de uma nação que ajudou a eliminar uma campeã mundial na fase de grupos, é bom rever seus conceitos. São outros jogadores? Sim. Mas é o mesmo espírito e determinação de surpreender. Cissé há de saber passar isso ao elenco.

Colômbia

Colômbia: 16ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Embora tenha feito um ótimo Mundial em 2014 - com futebol muito bem jogado e destaque individual para James Rodríguez -, a Colômbia passou muitos sustos na trajetória rumo à Rússia-2018. Para se ter uma idéia, na última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas, os comandados de José Pekerman poderiam ter ido parar na repescagem caso o Chile tivesse pontuado diante do Brasil, que já jogava com a ciência do primeiro lugar. E, se somado a isso não tivesse conseguido manter o empate com o Peru, estaria simplesmente fora até da repescagem.

Só que a Colômbia chegou à Rússia e trouxe na bagagem muitos jogadores de qualidade, treinados por um técnico o qual respeito bastante. Pekerman desenvolve uma filosofia ofensiva e conseguiu fazer diversas formações diferentes em que o time colombiano tomava a iniciativa das ações. Apesar desse mérito, há que se considerar que a equipe parece ter uma certa dependência de James, algo que pode atrapalhar o rendimento coletivo em ocasiões onde o camisa 10 esteja mais marcado ou menos inspirado.

De toda forma, Pekerman tem à sua disposição um time ainda mais entrosado e que conta com muitos outros atletas capazes de decidir um jogo em lance individual, como Cuadrado, Bacca e Falcao.

Japão

Japão: 61ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Com uma seleção experiente - mais de um terço do elenco é de jogadores com mais de trinta anos de idade -, o Japão chega à Rússia após uma campanha de melhor ataque e melhor defesa em sua chave nas Eliminatórias, alcançando o primeiro lugar e deixando para trás Arábia Saudita, Austrália, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Tailândia.

O meio-campo possui jogadores de qualidade, como Hasebe, Honda e Kagawa. Na goleada sobre o Paraguai por 4a2, somente Kagawa atuou, marcando o último gol no amistoso realizado esta semana, além de ter dado as assistências nos dois primeiros gols da equipe.

Se por um lado Haraguchi foi o goleador da equipe nas Eliminatórias (quatro gols), por outro, não é garantido que ele seja escolhido, pois a concorrência com o veterano Okazaki é forte. O que parece mais garantido é que, na cabeça de Akira Nishino - no cargo de treinador da seleção desde abril -, ou joga um, ou joga outro: a equipe vem se desenhando numa formação com três meias abastecendo um homem de referência.

O Japão, por ter no futebol brasileiro uma inspiração, é uma seleção que me desperta particular curiosidade em ver jogar. Não que eu reserve grandes expectativas de ver os japoneses avançando na Copa do Mundo 2018. Mas adoraria vê-los desenvolvendo um jogo de ataque, naquele estilo que consagrou a seleção brasileira e que, infelizmente, se tornou mais objeto de memória do que de modelo programático para montar os times da CBF. Talvez o Japão possa nos representar. Vamos acompanhar.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Arábia Moscou? Rússia Passeou!

O campo do estádio Luzhniki não é um terreno agrícola, mas a Rússia passou um trator no gramado. Não estávamos no meio do mar, mas a Arábia Saudita ficou a ver navios em plena Moscou. Senhoras e senhores, a Copa do Mundo 2018 começou com uma goleada de cinco a zero da seleção anfitriã. Quase - eu disse quase - arrancou um sorriso do Vladimir Putin.

Já no décimo segundo minuto de partida, Yury Gazinskiy abriu a contagem após cruzamento certeiro de Aleksandr Golovin.
Gazinskiy salta em comemoração ao primeiro gol na Copa do Mundo 2018. Foto: Carl Recine (Reuters)
 
Só que a alegria deu lugar à preocupação cerca de doze minutos depois: em contra-ataque ligeiro, Alan Dzagoev, um dos maiores astros da seleção russa, sentiu algum desconforto grande o suficiente para impedi-lo de continuar correndo. Deixou o campo e deu lugar a Denis Cheryshev.

Atuando pelo flanco esquerdo, Cheryshev era bastante acionado. Em duas oportunidades, chegou a estar em boas condições na grande área árabe, mas faltou um pouco de sorte e/ou qualidade para encaminhar melhor os lances. Só que, ainda antes do intervalo, quando este blogueiro estava pronto para cornetar o atleta, Cheryshev marcou o segundo gol dos donos da casa.

Veio o segundo tempo. A Arábia Saudita, apática, não conseguia propôr rumos diferentes a uma partida com o feitio de triunfo russo. Golovin, um dos destaques no jogo, ampliou seu repertório de ótimos cruzamentos e dessa vez serviu Artem Dzyuba (que acabara de entrar em campo). Dzyuba anotava aos vinte e cinco no segundo tempo seu nono gol nos últimos treze jogos com a seleção.

E pra quem acha que três é pouco, vieram mais dois gols nos acréscimos. Primeiro, Dzyuba serviu Cheryshev, que anotou um golaço em chute de trivela. Depois, em cobrança de falta digna de chamarmos de "perfeita", Golovin, que havia anotado duas assistências, colocou ele próprio a bola na rede. Não deve ser por acaso que seu sobrenome é Gol-ovin (o hífen é por minha conta).

Se a Rússia está classificada? Por mais que um 5a0 seja contundente - ainda mais numa atuação bastante equilibrada e imponente -, ainda considero Egito e Uruguai como as maiores forças na chave A. Só que a vitória dilatada na estréia pode motivar os russos a acreditar mais em si, a vislumbrar de maneira menos utópica e mais pragmática um avanço às oitavas. E isso deve aumentar o rendimento da equipe diante de egípcios e uruguaios.

Quanto à Arábia... Essa daí tem que celebrar sua passagem pelo Mundial 2018 se conseguir pontuar. Mas celebrar muito. Tirando a lucidez do zagueiro e capitão Osama Hawsawi, há pouquíssimos destaques positivos na seleção de Juan Antonio Pizzi.

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo G

É chegada a hora de analisarmos o grupo G na Copa do Mundo 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D, E e F).

Nesta chave, os europeus são apontados como favoritos para a classificação. Mas como não existe vitória de véspera, é bom belgas e ingleses ficarem atentos, pois panamenhos e tunisianos tentarão surpreender.

Grupo G: Bélgica, Panamá, Tunísia e Inglaterra.

Bélgica

Após uma participação dentro do "programado" no Mundial 2014, quando foi eliminada para a Argentina na fase quartas-de-final, a Bélgica chega na Rússia com mais experiência e mais expectativas.

Bélgica: 3ª colocada no ranqueamento da FIFA.
É difícil cravar se o feito obtido no Brasil - o de figurar entre as oito melhores seleções do mundo - será superado ou mesmo alcançado na Copa 2018. Mas a responsabilidade existe. E, se existe, é porque o talento do time imprime confiança. Atuações como a diante dos Estados Unidos, nas oitavas em 2014, são inspiração para que vejamos belas performances dos comandados de Roberto Martínez, de preferência já a partir do jogo de estréia, diante do Panamá.

O último amistoso dos belgas antes desta Copa deu-se com a também centro-americana Costa Rica, com goleada por 4a1. A formação inicial contou com Witsel, De Bruyne, Mertens e Hazard no meio-campo, o que ajuda a dar a dimensão da qualidade técnica desse elenco - ainda entraram na partida jogadores como Chadli e Dembélé, tendo permanecido no banco atletas como Fellaini e Januzaj. É, definitivamente, um dos melhores setores de meio-campo do planeta. Como se não bastasse, Martínez conta com Courtois no gol, Alderweireld e Vertonghen na defesa, Lukaku e Batshuayi como opções no ataque (geralmente, o treinador escolhe um dos dois).

Torço para que as características desta geração sejam respeitadas. Desta forma, o maior beneficiado será o fã do futebol bem jogado, que poderá assistir, com o mesmo uniforme, alguns dos jogadores mais interessantes na atualidade. Talvez não cheguemos a sentir falta de Nainggolan, que, estranhamente, não foi convocado. Mas eu temo por já sentir falta de Wilmots, o técnico que conduziu o time para e no Brasil...


Panamá

Eis uma seleção que pode ser apontada como "zebra". Não que haja semelhança estética entre o
Panamá: 55ª colocada no ranqueamento da FIFA.
mamífero alvinegro e o uniforme tricolor panamenho. Mas é que está absolutamente fora das expectativas uma classificação dos comandados do colombiano Hernán Darío Gómez Jaramillo nessa Copa do Mundo. Só que tem os seguintes... Lembram da Copa do Mundo 2014? Lembram de uma outra seleção da América Central, chamada Costa Rica? Naquele grupo com as ex-campeãs mundiais Itália, Inglaterra e Uruguai, não lembro de ninguém ousar "classificar" a "zebra". Pois passou, líder e invicta. E treinada também por um colombiano, Jorge Pinto. Isso é o futebol.

É fato que os resultados recentes do Panamá não inspiram confiança. Há uma única vitória (sobre Trinidad e Tobago) nos últimos sete jogos oficiais. E também há que se lembrar que, nas Eliminatórias da CONCACAF, um gol que não aconteceu (acredite, um chute para fora foi validado como gol), ajudou a colocar a seleção panamenha no Mundial. O que vai acontecer na Rússia, não sabemos. Mas uma coisa é certa: se o Panamá passar de fase, será o caso de estudar o que os colombianos são capazes de fazer numa equipe centro-americana em chaves complicadas...

Tunísia

Tunísia: 21ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Desde a invencibilidade nas Eliminatórias numa chave com Congo, Líbia e Guiné até o recenteamistoso em solo russo diante da Espanha, a Tunísia chega ao Mundial com qualidades na defesa que não podem ser desprezadas. Particularmente, o que antes eu via como números (quatro gols cedidos em seis jogos naquela chave africana), hoje valorizo ainda mais após assistir - mesmo que por apenas alguns minutos - o desempenho da equipe diante dos espanhóis. A noção de compactar as linhas e atacar a zona de influência da bola parece estar absolutamente bem treinada por Nabil Maâloul. Não houve facilidade para a (poderosa) equipe adversária, que venceu por 1a0, com gol nos últimos minutos, em lance que foi muito mais exceção do que regra na tônica do jogo. Com um detalhe: ainda no primeiro tempo, houve chance clara dos tunisianos abrirem a contagem em trama bem desenvolvida.

Infelizmente, a Tunísia não contará com Taha Yassine Khenissi e Youssef Msakni, apontados como os dois principais nomes no ataque do país - Msakni foi autor de três gols e duas assistências na campanha nas Eliminatórias Africanas. Talvez a melhor receita para lidar com as ausências seja o fortalecimento do jogo coletivo. O que, defensivamente, já parece bem encaminhado. A missão de criar e converter oportunidades, mais complexa que a de marcar o adversário, deve ser o desafio tunisiano para buscar êxito no Mundial. A julgar pelo mais recente amistoso com os espanhóis, o equilíbrio tático para enfrentar um adversário mais forte já parece ter sido alcançado.

Inglaterra

Inglaterra: 12ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Após a decepção de ser eliminada na fase de grupos na Copa do Mundo 2014, a Inglaterra fez mais do que juntar os cacos: se comprometeu, publicamente, a rever conceitos e iniciar uma reformulação generalizada. Nas divisões de base, êxito notório com uma geração que está unindo bom futebol com bons resultados. Isso dá uma perspectiva positiva para mundiais futuros (2030, 2026 e, possivelmente, já em 2022). Mas o que esperar para Rússia-2018? A Inglaterra chega relativamente quieta ao maior país do planeta e a idéia de não fazer muito barulho talvez seja uma estratégia de surpreender em silêncio, longe das buzinas do (pseudo)favoritismo e no sossego dos treinamentos jogo a jogo, fase a fase.

Harry Kane vive grande momento e tem tudo para ser um dos goleadores na fase de grupos. As opções Welbeck, Sterling, Rashford e Vardy são interessantes para um ataque que será servido por um setor de meio-campo longe da criatividade dos tempos de Gerrard, Lampard e Beckham, o que torna ainda mais estranha a não-convocação de Wayne Rooney. As apostas de Gareth Southgate talvez estejam concentradas no ótimo entrosamento entre Bamidele Alli e Kane, parceiros de Tottenham há quatro temporadas.

Na defesa, Gary Cahill será a voz mais experiente - longe de exercer uma liderança como a do aposentado Terry, por exemplo. Kyle Walker, que passou a ser treinado por Guardiola no Manchester City numa transferência acima de 50 milhões de euros, é um nome dos mais badalados no setor. E, entre tantas incógnitas, nenhuma supera a da posição de goleiro: alguém confia em Butland, Pickford e Pope? A boa notícia para os ingleses é que Guardiola está num time inglês. Quando esteve no Barça, deu Espanha em 2010. Quando esteve no Bayern, deu Alemanha em 2014. A conferir o tamanho da magia.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo F

Vamos analisar o grupo F da Copa do Mundo 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D e E).

Nele, estão quatro seleções que aparecem rotineiramente em mundiais, incluindo a atual campeã e também aquela que surpreendeu nas Eliminatórias ao deixar pelo caminho as tradicionais Holanda e Itália.

Grupo F: Alemanha, México, Suécia e Coréia do Sul.

Alemanha

Alemanha: 1ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Revolucionada desde a chegada de Joachim Löw e rejuvenescida nesses últimos anos, a Alemanha tem muitos ingredientes que sugerem favoritismo ao penta. É bem verdade que a convocação trouxe algumas discordâncias, sendo provavelmente a maior delas a ausência de Sané, jovem promessa/realidade treinada por Josep Guardiola no Manchester City. Mas a realidade é que os alemães têm todos os motivos para confiar em sua seleção na Rússia.

Com uma campanha sólida nas Eliminatórias (com direito a 6a0 sobre a Noruega), com a bem-sucedida estratégia de usar a Copa das Confederações para possibilitar maior rodagem e experiência a atletas menos aproveitados e, principalmente, com um elenco qualificado técnica, tática e mentalmente, só duvida desta Alemanha quem não conhece esta Alemanha.

O radar do futebol arte há de apitar forte quando este time estiver em campo. Começamos a nos acostumar com isso desde 2010. E tivemos o desfrute de uma das maiores aulas no Mineirão, naquela memorável semifinal em 2014 que alguns, equivocadamente, chamam de "apagão". Aqueles 7a1 são o oposto: são luz. Que o ascendente futebol alemão possa continuar iluminando os gramados pelo mundo. Chegou a vez da Rússia.

México

A classificação sem maiores sustos - o oposto do cenário visto para a Copa 2014 - dá ao México maior tranqüilidade na preparação para este Mundial. Só que o recente escândalo envolvendo jogadores e prostitutas colocou a seleção nacional em maus lençóis, virando assunto não-esportivo e alimentando a engrenagem sensacionalista de setores midiáticos.
México: 15ª colocada no ranqueamento da FIFA.

Naquilo que tange ao campo de jogo, Juan Carlos Osorio leva para a Rússia um grupo experiente. Os 3 goleiros somam 104 anos de idade. Na zaga, o imortal Rafael Márquez nos brindará com seu talento e elegância novamente. No meio, o bom futebol está Guardado. No ataque, Peralta e Hernández marcam presença ao lado de Giovani dos Santos e Carlos Vela (aos 29 anos de idade e perto de tantos trintões, podem ser considerados dois meninos).

O único gol marcado nos últimos quatro amistosos levantam suspeitas sobre a efetividade do setor ofensivo da equipe, o que contrapõe uma defesa que foi vazada em apenas duas partidas nos últimos sete compromissos. A estréia com a Alemanha tem pelo menos uma coisa boa: dará aos mexicanos o direito de arriscar, pois uma derrota seria um resultado normal. Pontuando nessa partida, abre caminho para a classificação, que tem tudo para ser decidida somente na rodada derradeira, com a disciplinada seleção sueca. E é sempre bom ter em mente o seguinte: esse grupo cruza com o "do Brasil" e, se tem uma seleção que não tem medo da "Amarelinha", essa seleção é a mexicana...

Suécia

Com a autoconfiança de quem sobreviveu a um grupo com França e Holanda - eliminando a Itália na repescagem - e com a união de um grupo que superou todas as dificuldades sem sua principal estrela, a Suécia chega à Rússia com muitos motivos para acreditar em surpreender.

Suécia: 24ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Os dois amistosos zerados realizados nesse mês (0a0 com Dinamarca e Peru) talvez sugiram ajustes para fortalecer um ataque habituado a marcar poucos gols. A boa notícia é que, em mais de 180 minutos de confronto, os suecos somente precisaram de um único gol para eliminar os italianos.

A Suécia tem na experiência de Toivonen, Larsson e Svensson, além do talento de Forsberg, seus principais trunfos no campo de ataque. Mas é a consistência coletiva o diferencial que pode fazer a equipe nórdica incomodar as outras três seleções nessa chave. No pouco que assisti no amistoso diante dos peruanos, foi notória a capacidade de conter o ímpeto de um adversário com vocação ofensiva, conseguindo bloquear os flancos e povoar o centro sem gerar grandes espaços ao adversário, além de ter relativo êxito em sair para o jogo com objetividade.

De destaque, fico com a declaração do treinador Janne Andersson sobre Zlatan Ibrahimovic: "Assim que Zlatan anunciou a aposentadoria depois da Eurocopa, comecei a planejar a seleção sem ele. Comecei a pensar no time sem ele. É um jogador que respeito muito, mas quis priorizar a equipe que classificou a Suécia para a Copa. Tira muito da minha energia esse tanto de perguntas sobre o Zlatan".

Coréia do Sul

Embora classificada de maneira direta com o segundo lugar em seu grupo nas Eliminatórias Asiáticas, a Coréia do Sul suou para chegar à Rússia. O 0a0 na rodada derradeira, no Uzbequistão, selou uma classificação que estaria ameaçada em caso de derrota, pois levaria os sul-coreanos, na melhor das hipóteses, à repescagem.

Coréia do Sul: 57ª colocada no ranqueamento da FIFA.
O atacante Son Heung-Min, há três temporadas no Tottenham, é o jogador que vive momento de maior destaque na seleção. Seu faro goleador na Premiership não é novidade, pois se mantém presente desde os tempos da Bundesliga, onde vestiu as camisas do Hamburgo e do Bayer Leverkusen. No setor de meio-campo, mais um jogador que atua no futebol inglês: Ki Sung-Yeung, do Swansea City. Mas se me perguntar como joga a equipe treinada por Shin Tae-Young, não saberei responder. E, considerando que houve somente uma vitória nos últimos seis jogos oficiais, é possível que o próprio treinador possa estar usando esses dias na Rússia para reformular a formação do time.

Guardo ótimas lembranças da Coréia do Sul na época em que a cultura holandesa de atuar com três atacantes permeou o paradigma futebolísitco do país, que teve Guus Hiddink e Dick Advocaat como alguns de seus técnicos. Vamos ver como a seleção se comporta nesse Mundial. O grupo é difícil, mas uma boa estréia diante da Suécia pode dar esperanças a um país que, entre méritos e apitos, chegou a uma semifinal de Copa do Mundo dezesseis anos atrás, para euforia de seus torcedores.