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O clima nos arredores do estádio confundia os desavisados: era Argentina e Bélgica ou Argentina e Brasil? Era um pouco de cada coisa. Felizmente, dentro de campo, não havia brasileiro nenhum. E, na beira do gramado, Alejandro Sabella e Marc Wilmots dando seqüência a dois trabalhos elogiáveis. São times com grandes jogadores, mas que não dependem exclusivamente deles. Têm um sistema cada vez melhor definido. São consistentes. Sabem onde procurar e encontrar os companheiros desmarcados (ou, pelo menos, com mais espaço). Resultado disso, em números, foi a vitória da Argentina por 1a0. Resultado disso, em palavras, foi uma linda tarde em Brasília.
Porém nem tudo são flores, há dissabores, infelicidades (aqui usando trecho do enredo "É De Arrepiar" da Unidos do Viradouro, carnaval 2008). Havia brasileiros mais preocupados em atrapalhar o lazer dos argentinos do que em assistir o jogo em si. Sinceramente: para ir ao estádio nessas condições, é preferível nem ir. Mas cada um é cada um, e fiquei cercado de gente mala por tudo quanto é lado (exceto pelo meu lado direito adjacente, na ótima companhia da minha irmã). Lugar de mala não é no estádio, né? De toda forma, o futebol é muito maior que tudo isso. Lionel Messi é muito maior que tudo isso. E a manifestação dos torcedores argentinos, que foram assistir futebol, anula esses inconvenientes. Foi uma linda festa.
Ver Messi aquecendo no gramado, chutando no gol, já era uma sensação especial por si só. Ainda mais tendo dado a sorte de ficar tão bem posicionado no estádio. Para ter uma idéia, a bola de Gonzalo Higuaín que carimbou o travessão e subiu, por pouco não me atingiu. Aliás, por falar em Higuaín, que partidaça do atacante do Napoli! Marcou o gol no oitavo minuto mostrando oportunismo e precisão, em jogada com participação de Messi e Ángel di María.
Puxa vida... cá estou falando de Di María... Ainda no primeiro tempo, o herói nas oitavas sofreu uma contusão e precisou deixar o campo. Sabella colocou Enzo Pérez em seu lugar. Enzo entrou bem, compôs o meio-campo com ótimo senso de posicionamento. Mas a notícia mais desagradável veio depois: diz-se que a Copa acabou para Di María.
Bem postada, a Argentina não se abateu nem com a saída do camisa sete e conseguiu neutralizar a maioria das jogadas da Bélgica. Conteve o veloz Origi, novamente titular (no segundo tempo, Lukaku entrou em seu lugar). Acompanhou o participativo Fellaini de perto (o camisa oito parecia ter um ímã que atraía o chip e a bola para si). Reduziu os espaços para Hazard (que novamente não produziu o que dele se espera). E manteve-se firme defensivamente mesmo após as entradas de Mertens (saiu Mirallas, que quase marcou gol de cabeça ainda antes do intervalo) e Chadli (substituiu Hazard). Zabaleta foi gigantesco na marcação de Vertonghen. Mascherano foi fundamental na proteção à defesa. Basanta mostrou-se um bom substituto para o suspenso Rojo. Romero correspondeu quando exigido. Demichelis e Garay mostraram-se atentos nos noventa minutos. Biglia passou discreto aos meus olhos, o que considero um bom sinal tratando-se de um volante. Lavezzi buscou jogo, mas teve dificuldades diante de Vertonghen e Kompany. Palacio entrou em seu lugar agregando velocidade, dificultando a saída de bola oponente e nada mais. Também não precisava: Gago substituiu Higuaín para promover a definitiva segurança no meio-campo e os aplausos a um dos melhores jogadores em campo, um camisa nove que fez de tudo - não "apenas" o gol. Só não digo o melhor em campo porque naquele bendito gramado no estádio que carrega o nome do maior em todos os tempos estava ele, o maior que vi jogar. Messi faltou andar em cima da bola. Que categoria! Que elegância! Que talento! Só não marcou mais um na Copa porque sua cobrança de falta teimou em subir alguns centímetros a mais. Centímetros poucos. Ao contrário do goleiro Courtois, de centímetros muitos, cerca de dois metros, que conseguiu parar o gênio em contra-ataque bem diante dos meus olhos. É claro que torci pelo gol do mito, mas fui frustrado. Tudo bem. No final ficaram os aplausos para o goleiraço belga. E para Messi. Viva o futebol! Obrigado, Argentina e Bélgica!
Galeria de imagens de Argentina e Bélgica (incluindo registros pré e pós-jogo).
Rodinha descontraída antes do jogo começar: Sergio Agüero presente.
Lionel Messi e Gonzalo Higuaín aparentemente olhando para um ponto em comum: os dois jogaram muito.
Lionel Messi chutando: a bola foi na gaveta, estufando a rede.
Mais de Messi.
Nunca é demais, porque ele é demais: Lionel Messi.
Argentinos indo para os vestiários antes de voltarem para o jogo: torcedores já os saúdam com fervor.
Juan Sebastián Verón (à direita): aposentado dos gramados e agora comentarista.
Torcedores argentinos no estádio Mané Garrincha.
Torcedores belgas no estádio Mané Garrincha.
Seleções entrando em campo.
Alinhando para os hinos nacionais.
Dizem que os gênios sempre fazem algum movimento diferente. É verdade.
Os 22 titulares de Argentina e Bélgica e o quarteto de arbitragem.
Visão do gramado.
Jogadores celebram a classificação - ao fundo, o lamento da eliminação.
Argentinos comemorando o momento histórico: retorno às semifinais após 24 anos.
Papa Francisco presente.
Belgas agradecem carinho dos fãs.
Festa argentina no estádio.
Courtois agradece o público. E digo mais: ele olhou pra mim instantes antes desse registro.
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