Foto: Ricardo Matsukawa / Terra |
Uma cobrança de falta realizada com maestria pelo zagueiro David Luiz passa pelo goleiro Ospina, que até chegou a tocar na bola. 2a0. Vinte e três minutos no segundo tempo.
Antes do primeiro gol de bola parada, entre os dois gols de bola parada e após o segundo gol de bola parada, a seleção brasileira teve um padrão de comportamento: ser violenta. Não que tenha sido uma violência de arrancar sangue adversário. "Apenas" uma violência à modalidade esportiva denominada futebol. É a "tática" do antijogo, que pára o adversário na base da pancada para não permitir a mobilidade de um time reconhecidamente qualificado pelas rápidas e inteligentes transições para o campo ofensivo.
Nesse momento, uma reflexão: há algo de errado com isso?
Resposta: tudo. Cometer vinte e sete faltas em pouco mais de noventa minutos (27 nas estatísticas oficiais, houve algumas outras infrações não assinaladas) indica o comportamento de um time mal orientado. E que é estimulado por uma arbitragem conivente ao antijogo. O primeiro cartão amarelo mostrado pelo espanhol Carlos Velasco aconteceu somente aos dezoito minutos no segundo tempo, para Thiago Silva, que cumprirá suspensão automática diante da Alemanha. Será que os cartões do árbitro não estavam no bolso do uniforme e só foram buscados no intervalo? Pergunta boçal, sei disso, mas é a explicação menos bizarra para Fernandinho ter terminado o primeiro tempo da mesma maneira que começou.
A Colômbia, por conta disso tudo, rendia menos do que seu enorme potencial possibilitaria. O time de José Pekerman era castigado não por um adversário superior taticamente - sequer tecnicamente - mas por um andamento de partida que beira o nefasto. Numa ótima enfiada de bola de James Rodríguez para Carlos Bacca, o atacante driblou Júlio César e sofreu do goleiro o que tantos outros colombianos sofriam de tantos outros jogadores brasileiros: falta. Dessa vez era dentro da área e para cartão vermelho. Velasco assinalou a penalidade mas não maximizou a justiça, mostrando simplesmente um cartão amarelo. James Rodríguez cobrou e descontou.
Outro a descontar foi Camilo Zúñiga. Só que em vez de bola na rede brasileira, rolou dessa vez joelho nas costas de brasileiro. Lance de jogo, como tantos outros. Dos menos graves até, principalmente se compararmos com o comportamento dos próprios brasileiros no gramado do Castelão. Só que, por infeliz coincidência, Neymar acabou se machucando gravemente. Parecer médido pós-partida: fora da Copa. Sentença de brasileiros nada amorosos: Zúñiga culpado. E jorram lágrimas pela perda de Neymar. O mesmo Neymar que, se tivesse sido expulso diante do Chile por cotovelada em adversário, cumpriria suspensão automática e por conseqüencia natural, não perderia a Copa por contusão.
Que percamos essa Copa no campo. A Alemanha de Joachim Löw, que eliminou Portugal na Euro-2008, pode eliminar o Brasil na Copa-2014. Duas seleções - a lusitana e a brasileira - "treinadas" pelo mesmo indivíduo. Estou tão cansado dele que prefiro nem citar o nome. Fala tu, Willian: o gaúcho de bigode.
Parabéns, Colômbia. Bela Copa do Mundo. Tive o prazer de presenciar essa ótima seleção na segunda rodada (vitória de 2a1 sobre a Costa do Marfim, em Brasília) e na fase oitavas-de-final (vitória de 2a0 sobre o Uruguai, no Rio de Janeiro). Ótimas impressões. Time muito bem treinado pelo argentino Pekerman. E uma torcida apaixonadamente contagiante, desde antes do hino nacional até depois do apito final. Já com saudades.
Boa recuperação, Neymar. O mesmo que desejo para Gündogan, Bender, Reus, Di María, Agüero, Ribèry, Falcao García, Strootman, Van der Vaart, De Jong, Onazi e tantos outros. E tantos todos. Se são iguais na dor, por que tratar de maneira diferente? Menos orgulho e mais amor, por favor.
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