domingo, 27 de maio de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo E

Desde a realização do sorteio da fase de grupos para a Copa do Mundo 2018 estamos publicando uma análise chave a chave (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C e D).

E é chegada a vez do "grupo do Brasil". Não querendo cortar o otimismo daqueles que consideraram o sorteio generoso à seleção canarinho, é bom lembrar que as outras três seleções evoluíram de alguns anos para cá.

Grupo E: Brasil, Suíça, Costa Rica e Sérvia.

Brasil

Brasil: 2ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Antes de mais nada: enquanto publico isso, a Confederação Brasileira de Futebol é presidida por um indivíduo banido do futebol pela entidade máxima que rege o esporte.

Dito isto... Dentro das quatro linhas, podemos esperar uma seleção ágil na transição e sólida na recomposição defensiva. Embora Tite não prime pela ofensividade - ao contrário, seu grande momento na carreira foi gerenciando uma equipe que "jogava pelo um a zero" -, é razoável crer que, com Paulinho, Coutinho, Willian, Neymar e Gabriel Jesus, o time vá transitar por todas as faixas latitudinais e longitudinais no campo de ataque.

A convocação, ainda assim, trouxe a decepção de não incluir jogadores do talento de Lucas e Oscar, nomeando um total de quatro laterais, quatro zagueiros e quatro volantes - todos de ofício. Se, por exemplo, Tite chamasse Luiz Gustavo, teria em um único atleta a possibilidade de trabalhar duas ou três posições, abrindo espaço para jogadores mais talentosos comporem tranqüilamente o grupo  dos vinte e três. Só que não. Iremos de Fágner para a Rússia.

Ainda assim, é preciso tratar o Brasil como um dos favoritos no Mundial. Mas, independentemente do que aconteça, é bom que se diga que já começaremos a Copa do Mundo 2018 desonrando a melhor parte da tradição futebolística brasileira. O talento foi preterido para se "defender" um pragmatismo que já atravessou a fronteira da insensatez há muito tempo. Desde antes de Marco Polo Del Nero presidir a CBF...

Suíça

Última seleção a divulgar a convocação, a Suíça é possivelmente um dos melhores exemplos de como uma equipe pode ser transformada positivamente em um ciclo de quatro anos. Entre 2010 e 2014, vimos a transição da água enferrujada (ferrugem do Ferrolho Suíço) para o vinho saboroso do futebol ofensivo, que quase eliminou a Argentina na fase oitavas-de-final no último Mundial.

Suíça: 6ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Para 2018, a responsabilidade maior estará nos pés e no talento de Xherdan Shaqiri, do Stoke City. Também atuando na Premiership, Granit Xhaqa, do Arsenal, tem em seus chutes potentes outro alimento de esperança. Fortalecendo o meio-campo com pegada e entrosamento, uma dupla de volantes que atua no futebol italiano: Valon Behrami (Udinese) e Blerim Dzemaili (Bologna), que possuem ótimo entrosamento desde os tempos de Napoli. As laterais da equipe também são de uma dupla "italiana": Stephen Litchsteiner (Juventus) e Ricardo Rodríguez (Milan). Já no ataque, Josip Drmic (Borussia Mönchengladbach) e Haris Seferovic (Benfica) vão para mais uma Copa no currículo. Aliás, Seferovic foi inclusive autor do gol da vitória sobre o Equador na estréia no Mundial 2014, em jogo disputado no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

A torcida é para que a transformação que Ottmar Hitzfeld promoveu em quatro anos tenha seqüência nessa passagem de Vladimir Petkovic. O maior beneficiado seríamos nós, que gostamos do jogo desenvolvido na busca pelos gols.

Costa Rica

Costa Rica: 25ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Se um bom time começa por um bom goleiro, a Costa Rica já pode se animar: sua seleção tem no gol o arqueiro Keylor Navas, que fez excelente Copa do Mundo no Brasil e que, entre elogios e críticas (leia-se perseguições) no Real Madrid, é titular absoluto na equipe tricampeã continental consecutivamente.

Mas o que esperar dessa seleção em 2018? O conselho que daria, é: independentemente de o que esperar, é preciso respeitar os costarricenses. Mas respeitar mesmo. Respeitar com vontade. No Brasil, ao cair no grupo de três campeãs mundiais (Itália, Inglaterra e Uruguai), a imprensa de um modo geral tratou a Costa Rica como "eliminada de véspera". Resultado: ótimas atuações, primeiro lugar invicto no grupo e uma campanha invicta em todo o Mundial (a eliminação diante da Holanda ocorreu nos pênaltis, em uma das partidas mais emocionantes de todo o torneio).

Com o trio Bolaños-Ruiz-Campbell convocado, fica a expectativa de que boas coisas possam acontecer na trama de jogadas de ataque. E, se alguém ousar cravar que Brasil, Suíça e Sérvia são "mais fortes" que a Costa Rica, eu peço apenas a gentileza de voltar um parágrafo nesse texto ou, melhor ainda, quatro anos no tempo. Tem que respeitar.

Sérvia

Sérvia: 35ª colocada no ranqueamento da FIFA.
As ironias da vida às vezes alcançam níveis altíssimos: o que dizer do fato de a Sérvia anunciar a convocação em pleno posto de combustível nesta semana em que o Brasil testemunha uma greve de caminhoneiros? No mínimo, inusitado.

A seleção de Mladen Krstajic, adversária da seleção brasileira na última rodada, dia 27, em Moscou, está com 27 nomes, na iminência de quatro cortes para formar o grupo definitivo. E o que não falta é experiência na lista: Kolarov, Ivanovic e Matic têm tudo para formarem a base defensiva de uma equipe carente de grandes talentos no ataque mas que pode, sim, surpreender. Os seis gols de Aleksandar Mitrovic na campanha de vinte gols da seleção nas Eliminatórias o colocam como maior esperança de balançar as redes. Mas não basta ter atenção com o goleador: Dusan Tadic concedeu sete assistências e só não foi melhor nessa estatística do que o alemão Joshua Kimmich (nove) em toda a Eliminatória Européia.

O amistoso com o Chile, dia quatro de junho, deverá ser o último parâmetro para a lista final de convocados. E restará aguardar para ver se os jogadores chegarão com "o tanque cheio" nas "rodovias" que levam à Rússia...