sexta-feira, 15 de junho de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo H

Após analisar sete chaves da Copa 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D, E, F e G), chegou a vez de nos debruçarmos sobre o oitavo e último grupo, o H.

Nesta chave, a expectativa é que o equilíbrio seja a tônica da disputa. Há quatro continentes representados e, se não houver grandes surpresas, a última rodada tem tudo para ser agitada e emocionante.

Grupo H: Polônia, Senegal, Colômbia e Japão.

Polônia

Com nove gols marcados nos últimos três amistosos (quatro deles anotados por Lewandowski), a Polônia chega ao Mundial na Rússia com o que é possivelmente a sua melhor seleção neste século.

Polônia: 8ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Szczęsny e Fabiański somaram experiência após a saída do Arsenal e hoje são dois goleiros mais confiáveis. Na defesa, Piszczek, referência no Borussia Dortmund, é o jogador mais conhecido. A meiuca conta com atletas como Błaszczykowski, Krychowiak, Kurzawa e Zieliński. E a cereja no bolo está nas opções de ataque à disposição de Adam Nawałka: Lewandowski, que dispensa apresentações, Grosicki e Milik.

Na campanha nas Eliminatórias Européias, a única derrota em dez partidas se deu em Copenhaguen, num 4a0 para a Dinamarca. Jogando em casa, venceu todos os jogos, marcando uma média de três gols por partida. Dezesseis do total de vinte e oito gols foram de autoria do maior goleador da qualificatória do Velho Continente: Lewandowski. Em território armênio, o time polonês foi num 4-2-3-1 onde Lewandowski ficou como referência no ataque e saiu de campo com três gols marcados na goleada por 6a1.

O tamanho da ambição polonesa nessa Copa do Mundo não está muito claro. Mas há, ali, um time que tem o direito e o dever de sonhar. Ainda mais com um centroavante que, só do zagueiro oponente pensar em enfrentar, já deve estar a meio caminho de um pesadelo.

Senegal

Senegal: 27ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Líder invicto na complicada chave com Burkina Fasso, Cabo Verde e África do Sul, o Senegal chega à sua segunda participação em Mundiais. Na sua primeira, em 2002, uma exibição sensacional, desde a estréia surpreendendo a então atual campeã França até a eliminação com gol de ouro nas quartas diante da Turquia. Daquele time, continua apenas Cissé: o capitão virou treinador. E terá a missão de comandar uma equipe com alguns bons valores individuais, destacando-se o defensor Koulibaly, do Napoli, e o atacante Sadio Mané, do Liverpool.

Após o término das Eliminatórias Africanas, a equipe acumulou quatro amistosos em seqüência sem vitória, incluindo compromissos diante de seleções de menor expressão no cenário internacional, como Uzbequistão (1a1) e Luxemburgo (0a0). Mas o último jogo antes da estréia na Copa pode ter trazido um novo ânimo ao senegaleses: a vitória por 2a0 sobre a Coréia do Sul é daqueles resultados que possuem um efeito moral de retomada de confiança, algo imensurável nas proximidades de um torneio que gera tanta ansiedade.

Se Cissé conseguir obter o máximo de Mané, Senegal automaticamente sobe um nível. E se alguém duvida alguma coisa de uma nação que ajudou a eliminar uma campeã mundial na fase de grupos, é bom rever seus conceitos. São outros jogadores? Sim. Mas é o mesmo espírito e determinação de surpreender. Cissé há de saber passar isso ao elenco.

Colômbia

Colômbia: 16ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Embora tenha feito um ótimo Mundial em 2014 - com futebol muito bem jogado e destaque individual para James Rodríguez -, a Colômbia passou muitos sustos na trajetória rumo à Rússia-2018. Para se ter uma idéia, na última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas, os comandados de José Pekerman poderiam ter ido parar na repescagem caso o Chile tivesse pontuado diante do Brasil, que já jogava com a ciência do primeiro lugar. E, se somado a isso não tivesse conseguido manter o empate com o Peru, estaria simplesmente fora até da repescagem.

Só que a Colômbia chegou à Rússia e trouxe na bagagem muitos jogadores de qualidade, treinados por um técnico o qual respeito bastante. Pekerman desenvolve uma filosofia ofensiva e conseguiu fazer diversas formações diferentes em que o time colombiano tomava a iniciativa das ações. Apesar desse mérito, há que se considerar que a equipe parece ter uma certa dependência de James, algo que pode atrapalhar o rendimento coletivo em ocasiões onde o camisa 10 esteja mais marcado ou menos inspirado.

De toda forma, Pekerman tem à sua disposição um time ainda mais entrosado e que conta com muitos outros atletas capazes de decidir um jogo em lance individual, como Cuadrado, Bacca e Falcao.

Japão

Japão: 61ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Com uma seleção experiente - mais de um terço do elenco é de jogadores com mais de trinta anos de idade -, o Japão chega à Rússia após uma campanha de melhor ataque e melhor defesa em sua chave nas Eliminatórias, alcançando o primeiro lugar e deixando para trás Arábia Saudita, Austrália, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Tailândia.

O meio-campo possui jogadores de qualidade, como Hasebe, Honda e Kagawa. Na goleada sobre o Paraguai por 4a2, somente Kagawa atuou, marcando o último gol no amistoso realizado esta semana, além de ter dado as assistências nos dois primeiros gols da equipe.

Se por um lado Haraguchi foi o goleador da equipe nas Eliminatórias (quatro gols), por outro, não é garantido que ele seja escolhido, pois a concorrência com o veterano Okazaki é forte. O que parece mais garantido é que, na cabeça de Akira Nishino - no cargo de treinador da seleção desde abril -, ou joga um, ou joga outro: a equipe vem se desenhando numa formação com três meias abastecendo um homem de referência.

O Japão, por ter no futebol brasileiro uma inspiração, é uma seleção que me desperta particular curiosidade em ver jogar. Não que eu reserve grandes expectativas de ver os japoneses avançando na Copa do Mundo 2018. Mas adoraria vê-los desenvolvendo um jogo de ataque, naquele estilo que consagrou a seleção brasileira e que, infelizmente, se tornou mais objeto de memória do que de modelo programático para montar os times da CBF. Talvez o Japão possa nos representar. Vamos acompanhar.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Arábia Moscou? Rússia Passeou!

O campo do estádio Luzhniki não é um terreno agrícola, mas a Rússia passou um trator no gramado. Não estávamos no meio do mar, mas a Arábia Saudita ficou a ver navios em plena Moscou. Senhoras e senhores, a Copa do Mundo 2018 começou com uma goleada de cinco a zero da seleção anfitriã. Quase - eu disse quase - arrancou um sorriso do Vladimir Putin.

Já no décimo segundo minuto de partida, Yury Gazinskiy abriu a contagem após cruzamento certeiro de Aleksandr Golovin.
Gazinskiy salta em comemoração ao primeiro gol na Copa do Mundo 2018. Foto: Carl Recine (Reuters)
 
Só que a alegria deu lugar à preocupação cerca de doze minutos depois: em contra-ataque ligeiro, Alan Dzagoev, um dos maiores astros da seleção russa, sentiu algum desconforto grande o suficiente para impedi-lo de continuar correndo. Deixou o campo e deu lugar a Denis Cheryshev.

Atuando pelo flanco esquerdo, Cheryshev era bastante acionado. Em duas oportunidades, chegou a estar em boas condições na grande área árabe, mas faltou um pouco de sorte e/ou qualidade para encaminhar melhor os lances. Só que, ainda antes do intervalo, quando este blogueiro estava pronto para cornetar o atleta, Cheryshev marcou o segundo gol dos donos da casa.

Veio o segundo tempo. A Arábia Saudita, apática, não conseguia propôr rumos diferentes a uma partida com o feitio de triunfo russo. Golovin, um dos destaques no jogo, ampliou seu repertório de ótimos cruzamentos e dessa vez serviu Artem Dzyuba (que acabara de entrar em campo). Dzyuba anotava aos vinte e cinco no segundo tempo seu nono gol nos últimos treze jogos com a seleção.

E pra quem acha que três é pouco, vieram mais dois gols nos acréscimos. Primeiro, Dzyuba serviu Cheryshev, que anotou um golaço em chute de trivela. Depois, em cobrança de falta digna de chamarmos de "perfeita", Golovin, que havia anotado duas assistências, colocou ele próprio a bola na rede. Não deve ser por acaso que seu sobrenome é Gol-ovin (o hífen é por minha conta).

Se a Rússia está classificada? Por mais que um 5a0 seja contundente - ainda mais numa atuação bastante equilibrada e imponente -, ainda considero Egito e Uruguai como as maiores forças na chave A. Só que a vitória dilatada na estréia pode motivar os russos a acreditar mais em si, a vislumbrar de maneira menos utópica e mais pragmática um avanço às oitavas. E isso deve aumentar o rendimento da equipe diante de egípcios e uruguaios.

Quanto à Arábia... Essa daí tem que celebrar sua passagem pelo Mundial 2018 se conseguir pontuar. Mas celebrar muito. Tirando a lucidez do zagueiro e capitão Osama Hawsawi, há pouquíssimos destaques positivos na seleção de Juan Antonio Pizzi.

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo G

É chegada a hora de analisarmos o grupo G na Copa do Mundo 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D, E e F).

Nesta chave, os europeus são apontados como favoritos para a classificação. Mas como não existe vitória de véspera, é bom belgas e ingleses ficarem atentos, pois panamenhos e tunisianos tentarão surpreender.

Grupo G: Bélgica, Panamá, Tunísia e Inglaterra.

Bélgica

Após uma participação dentro do "programado" no Mundial 2014, quando foi eliminada para a Argentina na fase quartas-de-final, a Bélgica chega na Rússia com mais experiência e mais expectativas.

Bélgica: 3ª colocada no ranqueamento da FIFA.
É difícil cravar se o feito obtido no Brasil - o de figurar entre as oito melhores seleções do mundo - será superado ou mesmo alcançado na Copa 2018. Mas a responsabilidade existe. E, se existe, é porque o talento do time imprime confiança. Atuações como a diante dos Estados Unidos, nas oitavas em 2014, são inspiração para que vejamos belas performances dos comandados de Roberto Martínez, de preferência já a partir do jogo de estréia, diante do Panamá.

O último amistoso dos belgas antes desta Copa deu-se com a também centro-americana Costa Rica, com goleada por 4a1. A formação inicial contou com Witsel, De Bruyne, Mertens e Hazard no meio-campo, o que ajuda a dar a dimensão da qualidade técnica desse elenco - ainda entraram na partida jogadores como Chadli e Dembélé, tendo permanecido no banco atletas como Fellaini e Januzaj. É, definitivamente, um dos melhores setores de meio-campo do planeta. Como se não bastasse, Martínez conta com Courtois no gol, Alderweireld e Vertonghen na defesa, Lukaku e Batshuayi como opções no ataque (geralmente, o treinador escolhe um dos dois).

Torço para que as características desta geração sejam respeitadas. Desta forma, o maior beneficiado será o fã do futebol bem jogado, que poderá assistir, com o mesmo uniforme, alguns dos jogadores mais interessantes na atualidade. Talvez não cheguemos a sentir falta de Nainggolan, que, estranhamente, não foi convocado. Mas eu temo por já sentir falta de Wilmots, o técnico que conduziu o time para e no Brasil...


Panamá

Eis uma seleção que pode ser apontada como "zebra". Não que haja semelhança estética entre o
Panamá: 55ª colocada no ranqueamento da FIFA.
mamífero alvinegro e o uniforme tricolor panamenho. Mas é que está absolutamente fora das expectativas uma classificação dos comandados do colombiano Hernán Darío Gómez Jaramillo nessa Copa do Mundo. Só que tem os seguintes... Lembram da Copa do Mundo 2014? Lembram de uma outra seleção da América Central, chamada Costa Rica? Naquele grupo com as ex-campeãs mundiais Itália, Inglaterra e Uruguai, não lembro de ninguém ousar "classificar" a "zebra". Pois passou, líder e invicta. E treinada também por um colombiano, Jorge Pinto. Isso é o futebol.

É fato que os resultados recentes do Panamá não inspiram confiança. Há uma única vitória (sobre Trinidad e Tobago) nos últimos sete jogos oficiais. E também há que se lembrar que, nas Eliminatórias da CONCACAF, um gol que não aconteceu (acredite, um chute para fora foi validado como gol), ajudou a colocar a seleção panamenha no Mundial. O que vai acontecer na Rússia, não sabemos. Mas uma coisa é certa: se o Panamá passar de fase, será o caso de estudar o que os colombianos são capazes de fazer numa equipe centro-americana em chaves complicadas...

Tunísia

Tunísia: 21ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Desde a invencibilidade nas Eliminatórias numa chave com Congo, Líbia e Guiné até o recenteamistoso em solo russo diante da Espanha, a Tunísia chega ao Mundial com qualidades na defesa que não podem ser desprezadas. Particularmente, o que antes eu via como números (quatro gols cedidos em seis jogos naquela chave africana), hoje valorizo ainda mais após assistir - mesmo que por apenas alguns minutos - o desempenho da equipe diante dos espanhóis. A noção de compactar as linhas e atacar a zona de influência da bola parece estar absolutamente bem treinada por Nabil Maâloul. Não houve facilidade para a (poderosa) equipe adversária, que venceu por 1a0, com gol nos últimos minutos, em lance que foi muito mais exceção do que regra na tônica do jogo. Com um detalhe: ainda no primeiro tempo, houve chance clara dos tunisianos abrirem a contagem em trama bem desenvolvida.

Infelizmente, a Tunísia não contará com Taha Yassine Khenissi e Youssef Msakni, apontados como os dois principais nomes no ataque do país - Msakni foi autor de três gols e duas assistências na campanha nas Eliminatórias Africanas. Talvez a melhor receita para lidar com as ausências seja o fortalecimento do jogo coletivo. O que, defensivamente, já parece bem encaminhado. A missão de criar e converter oportunidades, mais complexa que a de marcar o adversário, deve ser o desafio tunisiano para buscar êxito no Mundial. A julgar pelo mais recente amistoso com os espanhóis, o equilíbrio tático para enfrentar um adversário mais forte já parece ter sido alcançado.

Inglaterra

Inglaterra: 12ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Após a decepção de ser eliminada na fase de grupos na Copa do Mundo 2014, a Inglaterra fez mais do que juntar os cacos: se comprometeu, publicamente, a rever conceitos e iniciar uma reformulação generalizada. Nas divisões de base, êxito notório com uma geração que está unindo bom futebol com bons resultados. Isso dá uma perspectiva positiva para mundiais futuros (2030, 2026 e, possivelmente, já em 2022). Mas o que esperar para Rússia-2018? A Inglaterra chega relativamente quieta ao maior país do planeta e a idéia de não fazer muito barulho talvez seja uma estratégia de surpreender em silêncio, longe das buzinas do (pseudo)favoritismo e no sossego dos treinamentos jogo a jogo, fase a fase.

Harry Kane vive grande momento e tem tudo para ser um dos goleadores na fase de grupos. As opções Welbeck, Sterling, Rashford e Vardy são interessantes para um ataque que será servido por um setor de meio-campo longe da criatividade dos tempos de Gerrard, Lampard e Beckham, o que torna ainda mais estranha a não-convocação de Wayne Rooney. As apostas de Gareth Southgate talvez estejam concentradas no ótimo entrosamento entre Bamidele Alli e Kane, parceiros de Tottenham há quatro temporadas.

Na defesa, Gary Cahill será a voz mais experiente - longe de exercer uma liderança como a do aposentado Terry, por exemplo. Kyle Walker, que passou a ser treinado por Guardiola no Manchester City numa transferência acima de 50 milhões de euros, é um nome dos mais badalados no setor. E, entre tantas incógnitas, nenhuma supera a da posição de goleiro: alguém confia em Butland, Pickford e Pope? A boa notícia para os ingleses é que Guardiola está num time inglês. Quando esteve no Barça, deu Espanha em 2010. Quando esteve no Bayern, deu Alemanha em 2014. A conferir o tamanho da magia.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo F

Vamos analisar o grupo F da Copa do Mundo 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D e E).

Nele, estão quatro seleções que aparecem rotineiramente em mundiais, incluindo a atual campeã e também aquela que surpreendeu nas Eliminatórias ao deixar pelo caminho as tradicionais Holanda e Itália.

Grupo F: Alemanha, México, Suécia e Coréia do Sul.

Alemanha

Alemanha: 1ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Revolucionada desde a chegada de Joachim Löw e rejuvenescida nesses últimos anos, a Alemanha tem muitos ingredientes que sugerem favoritismo ao penta. É bem verdade que a convocação trouxe algumas discordâncias, sendo provavelmente a maior delas a ausência de Sané, jovem promessa/realidade treinada por Josep Guardiola no Manchester City. Mas a realidade é que os alemães têm todos os motivos para confiar em sua seleção na Rússia.

Com uma campanha sólida nas Eliminatórias (com direito a 6a0 sobre a Noruega), com a bem-sucedida estratégia de usar a Copa das Confederações para possibilitar maior rodagem e experiência a atletas menos aproveitados e, principalmente, com um elenco qualificado técnica, tática e mentalmente, só duvida desta Alemanha quem não conhece esta Alemanha.

O radar do futebol arte há de apitar forte quando este time estiver em campo. Começamos a nos acostumar com isso desde 2010. E tivemos o desfrute de uma das maiores aulas no Mineirão, naquela memorável semifinal em 2014 que alguns, equivocadamente, chamam de "apagão". Aqueles 7a1 são o oposto: são luz. Que o ascendente futebol alemão possa continuar iluminando os gramados pelo mundo. Chegou a vez da Rússia.

México

A classificação sem maiores sustos - o oposto do cenário visto para a Copa 2014 - dá ao México maior tranqüilidade na preparação para este Mundial. Só que o recente escândalo envolvendo jogadores e prostitutas colocou a seleção nacional em maus lençóis, virando assunto não-esportivo e alimentando a engrenagem sensacionalista de setores midiáticos.
México: 15ª colocada no ranqueamento da FIFA.

Naquilo que tange ao campo de jogo, Juan Carlos Osorio leva para a Rússia um grupo experiente. Os 3 goleiros somam 104 anos de idade. Na zaga, o imortal Rafael Márquez nos brindará com seu talento e elegância novamente. No meio, o bom futebol está Guardado. No ataque, Peralta e Hernández marcam presença ao lado de Giovani dos Santos e Carlos Vela (aos 29 anos de idade e perto de tantos trintões, podem ser considerados dois meninos).

O único gol marcado nos últimos quatro amistosos levantam suspeitas sobre a efetividade do setor ofensivo da equipe, o que contrapõe uma defesa que foi vazada em apenas duas partidas nos últimos sete compromissos. A estréia com a Alemanha tem pelo menos uma coisa boa: dará aos mexicanos o direito de arriscar, pois uma derrota seria um resultado normal. Pontuando nessa partida, abre caminho para a classificação, que tem tudo para ser decidida somente na rodada derradeira, com a disciplinada seleção sueca. E é sempre bom ter em mente o seguinte: esse grupo cruza com o "do Brasil" e, se tem uma seleção que não tem medo da "Amarelinha", essa seleção é a mexicana...

Suécia

Com a autoconfiança de quem sobreviveu a um grupo com França e Holanda - eliminando a Itália na repescagem - e com a união de um grupo que superou todas as dificuldades sem sua principal estrela, a Suécia chega à Rússia com muitos motivos para acreditar em surpreender.

Suécia: 24ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Os dois amistosos zerados realizados nesse mês (0a0 com Dinamarca e Peru) talvez sugiram ajustes para fortalecer um ataque habituado a marcar poucos gols. A boa notícia é que, em mais de 180 minutos de confronto, os suecos somente precisaram de um único gol para eliminar os italianos.

A Suécia tem na experiência de Toivonen, Larsson e Svensson, além do talento de Forsberg, seus principais trunfos no campo de ataque. Mas é a consistência coletiva o diferencial que pode fazer a equipe nórdica incomodar as outras três seleções nessa chave. No pouco que assisti no amistoso diante dos peruanos, foi notória a capacidade de conter o ímpeto de um adversário com vocação ofensiva, conseguindo bloquear os flancos e povoar o centro sem gerar grandes espaços ao adversário, além de ter relativo êxito em sair para o jogo com objetividade.

De destaque, fico com a declaração do treinador Janne Andersson sobre Zlatan Ibrahimovic: "Assim que Zlatan anunciou a aposentadoria depois da Eurocopa, comecei a planejar a seleção sem ele. Comecei a pensar no time sem ele. É um jogador que respeito muito, mas quis priorizar a equipe que classificou a Suécia para a Copa. Tira muito da minha energia esse tanto de perguntas sobre o Zlatan".

Coréia do Sul

Embora classificada de maneira direta com o segundo lugar em seu grupo nas Eliminatórias Asiáticas, a Coréia do Sul suou para chegar à Rússia. O 0a0 na rodada derradeira, no Uzbequistão, selou uma classificação que estaria ameaçada em caso de derrota, pois levaria os sul-coreanos, na melhor das hipóteses, à repescagem.

Coréia do Sul: 57ª colocada no ranqueamento da FIFA.
O atacante Son Heung-Min, há três temporadas no Tottenham, é o jogador que vive momento de maior destaque na seleção. Seu faro goleador na Premiership não é novidade, pois se mantém presente desde os tempos da Bundesliga, onde vestiu as camisas do Hamburgo e do Bayer Leverkusen. No setor de meio-campo, mais um jogador que atua no futebol inglês: Ki Sung-Yeung, do Swansea City. Mas se me perguntar como joga a equipe treinada por Shin Tae-Young, não saberei responder. E, considerando que houve somente uma vitória nos últimos seis jogos oficiais, é possível que o próprio treinador possa estar usando esses dias na Rússia para reformular a formação do time.

Guardo ótimas lembranças da Coréia do Sul na época em que a cultura holandesa de atuar com três atacantes permeou o paradigma futebolísitco do país, que teve Guus Hiddink e Dick Advocaat como alguns de seus técnicos. Vamos ver como a seleção se comporta nesse Mundial. O grupo é difícil, mas uma boa estréia diante da Suécia pode dar esperanças a um país que, entre méritos e apitos, chegou a uma semifinal de Copa do Mundo dezesseis anos atrás, para euforia de seus torcedores.

domingo, 27 de maio de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo E

Desde a realização do sorteio da fase de grupos para a Copa do Mundo 2018 estamos publicando uma análise chave a chave (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C e D).

E é chegada a vez do "grupo do Brasil". Não querendo cortar o otimismo daqueles que consideraram o sorteio generoso à seleção canarinho, é bom lembrar que as outras três seleções evoluíram de alguns anos para cá.

Grupo E: Brasil, Suíça, Costa Rica e Sérvia.

Brasil

Brasil: 2ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Antes de mais nada: enquanto publico isso, a Confederação Brasileira de Futebol é presidida por um indivíduo banido do futebol pela entidade máxima que rege o esporte.

Dito isto... Dentro das quatro linhas, podemos esperar uma seleção ágil na transição e sólida na recomposição defensiva. Embora Tite não prime pela ofensividade - ao contrário, seu grande momento na carreira foi gerenciando uma equipe que "jogava pelo um a zero" -, é razoável crer que, com Paulinho, Coutinho, Willian, Neymar e Gabriel Jesus, o time vá transitar por todas as faixas latitudinais e longitudinais no campo de ataque.

A convocação, ainda assim, trouxe a decepção de não incluir jogadores do talento de Lucas e Oscar, nomeando um total de quatro laterais, quatro zagueiros e quatro volantes - todos de ofício. Se, por exemplo, Tite chamasse Luiz Gustavo, teria em um único atleta a possibilidade de trabalhar duas ou três posições, abrindo espaço para jogadores mais talentosos comporem tranqüilamente o grupo  dos vinte e três. Só que não. Iremos de Fágner para a Rússia.

Ainda assim, é preciso tratar o Brasil como um dos favoritos no Mundial. Mas, independentemente do que aconteça, é bom que se diga que já começaremos a Copa do Mundo 2018 desonrando a melhor parte da tradição futebolística brasileira. O talento foi preterido para se "defender" um pragmatismo que já atravessou a fronteira da insensatez há muito tempo. Desde antes de Marco Polo Del Nero presidir a CBF...

Suíça

Última seleção a divulgar a convocação, a Suíça é possivelmente um dos melhores exemplos de como uma equipe pode ser transformada positivamente em um ciclo de quatro anos. Entre 2010 e 2014, vimos a transição da água enferrujada (ferrugem do Ferrolho Suíço) para o vinho saboroso do futebol ofensivo, que quase eliminou a Argentina na fase oitavas-de-final no último Mundial.

Suíça: 6ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Para 2018, a responsabilidade maior estará nos pés e no talento de Xherdan Shaqiri, do Stoke City. Também atuando na Premiership, Granit Xhaqa, do Arsenal, tem em seus chutes potentes outro alimento de esperança. Fortalecendo o meio-campo com pegada e entrosamento, uma dupla de volantes que atua no futebol italiano: Valon Behrami (Udinese) e Blerim Dzemaili (Bologna), que possuem ótimo entrosamento desde os tempos de Napoli. As laterais da equipe também são de uma dupla "italiana": Stephen Litchsteiner (Juventus) e Ricardo Rodríguez (Milan). Já no ataque, Josip Drmic (Borussia Mönchengladbach) e Haris Seferovic (Benfica) vão para mais uma Copa no currículo. Aliás, Seferovic foi inclusive autor do gol da vitória sobre o Equador na estréia no Mundial 2014, em jogo disputado no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

A torcida é para que a transformação que Ottmar Hitzfeld promoveu em quatro anos tenha seqüência nessa passagem de Vladimir Petkovic. O maior beneficiado seríamos nós, que gostamos do jogo desenvolvido na busca pelos gols.

Costa Rica

Costa Rica: 25ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Se um bom time começa por um bom goleiro, a Costa Rica já pode se animar: sua seleção tem no gol o arqueiro Keylor Navas, que fez excelente Copa do Mundo no Brasil e que, entre elogios e críticas (leia-se perseguições) no Real Madrid, é titular absoluto na equipe tricampeã continental consecutivamente.

Mas o que esperar dessa seleção em 2018? O conselho que daria, é: independentemente de o que esperar, é preciso respeitar os costarricenses. Mas respeitar mesmo. Respeitar com vontade. No Brasil, ao cair no grupo de três campeãs mundiais (Itália, Inglaterra e Uruguai), a imprensa de um modo geral tratou a Costa Rica como "eliminada de véspera". Resultado: ótimas atuações, primeiro lugar invicto no grupo e uma campanha invicta em todo o Mundial (a eliminação diante da Holanda ocorreu nos pênaltis, em uma das partidas mais emocionantes de todo o torneio).

Com o trio Bolaños-Ruiz-Campbell convocado, fica a expectativa de que boas coisas possam acontecer na trama de jogadas de ataque. E, se alguém ousar cravar que Brasil, Suíça e Sérvia são "mais fortes" que a Costa Rica, eu peço apenas a gentileza de voltar um parágrafo nesse texto ou, melhor ainda, quatro anos no tempo. Tem que respeitar.

Sérvia

Sérvia: 35ª colocada no ranqueamento da FIFA.
As ironias da vida às vezes alcançam níveis altíssimos: o que dizer do fato de a Sérvia anunciar a convocação em pleno posto de combustível nesta semana em que o Brasil testemunha uma greve de caminhoneiros? No mínimo, inusitado.

A seleção de Mladen Krstajic, adversária da seleção brasileira na última rodada, dia 27, em Moscou, está com 27 nomes, na iminência de quatro cortes para formar o grupo definitivo. E o que não falta é experiência na lista: Kolarov, Ivanovic e Matic têm tudo para formarem a base defensiva de uma equipe carente de grandes talentos no ataque mas que pode, sim, surpreender. Os seis gols de Aleksandar Mitrovic na campanha de vinte gols da seleção nas Eliminatórias o colocam como maior esperança de balançar as redes. Mas não basta ter atenção com o goleador: Dusan Tadic concedeu sete assistências e só não foi melhor nessa estatística do que o alemão Joshua Kimmich (nove) em toda a Eliminatória Européia.

O amistoso com o Chile, dia quatro de junho, deverá ser o último parâmetro para a lista final de convocados. E restará aguardar para ver se os jogadores chegarão com "o tanque cheio" nas "rodovias" que levam à Rússia...

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Arsène FC

Quantos treinadores o clube que você torce teve desde 1996?

Se você for torcedor do Arsenal, essa pergunta, mesmo sendo feita em pleno ano de 2018, oferta resposta fácil: um.

Arsène Wenger assumiu o comando técnico do Arsenal vinte e dois anos atrás e simplesmente revolucionou a maneira de se jogar futebol em toda a Inglaterra. Se hoje a Premier League é a liga mais prazerosa de se assistir (e muitos concordam que sim, é), parte significativa disso é legado desse francês nascido em 1949.

Particularmente, tornei-me fã do Arsenal numa época em que Bergkamp e Henry eram os atacantes da equipe. E meu deslumbramento não se limitava ao ilimitado talento da dupla. Fui me dar conta, mais tarde, que o que mais gostava no Arsenal transcendia a soma das partes: era o todo. Um todo que era rotineiramente elaborado, construído e treinado, sessão a sessão, dia a dia, pelo Wenger.

Nas mais de duas décadas que acompanho futebol, vi muitos timaços serem formados, mantidos e desfeitos. Nenhum que se compare aos Invencíveis de 2003-4. Lehmann, Lauren, Touré, Campbell, Cole, Vieira, Gilberto Silva, Ljungberg, Pirès, Bergkamp e Henry, juntos e misturados traduziam a essência da filosofia de jogo de Wenger. O Arsenal foi ali, mais do que nunca, Arsène. Um time de contra-ataques arrebatadores. Que, de qualquer lugar do campo - principalmente se o gramado fosse o de Highbury Park -, conseguia chegar dentro da área adversária em cerca de meia dúzia de toques na esfera. Com tal performance encantadora, não importaria (ou pelo menos não deveria importar) se o time era campeão ou não. Mas os deuses da bola premiaram aquele maravilhoso plantel com o título invicto na mais difícil competição no formato de pontos corridos. E marcou-se uma Era.

No esporte em geral e no futebol em particular, vitórias, empates e derrotas são ocorrências difíceis de prever. Veja por exemplo as páginas de apostas: a tendência é o indivíduo, por melhor informado que seja, perder dinheiro em vez de ganhar. A banca se favorece da imprevisibilidade. Do contrário, ser um apostador de favoritos equivaleria a um investimento em renda fixa. Não é. Longe de ser.

Infelizmente, muitos torcedores de diversos clubes (afirmo com segurança de que estejamos nos referindo à esmagadora maioria) preferem um time que "jogue feio para vencer" do que uma equipe treinada para "jogar bonito". Evidentemente, a feiúra ou a beleza de um estilo de jogo não são garantias de que o resultado será positivo ou negativo. E se o futebol tem algum valor enquanto entretenimento, é obrigação do fã de esporte valorizar a filosofia por trás de um trabalho técnico e tático. E a filosofia de jogo implementada por Wenger no Arsenal é uma bênção ao esporte mais popular deste planeta que orbita ao redor do sol.

Sem Wenger, o mundo da bola perderá bastante de sua luz. Espero e torço para que o anúncio de sua despedida do Arsenal não seja o sinônimo de uma aposentadoria precoce. Mas, independentemente de para onde irá o professor, já lamento pela seperação entre Arsène e Arsenal.

Tirando A R S È N E do A R S E N A L, restará ao clube somente A L. Algo que não sabemos exatamente o que é. Na melhor das hipóteses, será um legado filosófico e procedimental de jogar futebol com a beleza que nos acostumamos a ver ao longo dos últimos vinte e dois anos. E, no pior dos cenários, estaria o Arsenal rumando para se tornar mais um clube sedento meramente pelo resultado. Que talvez conquiste o troféu que lhe falta. Mas que corre o risco de cair na vala comum de tudo aquilo que é perecível. Coisa que uma ideologia jamais será. Pois esta é imortal. Assim como Wenger, a quem ofereço respeito e reverência.

E encerro com as palavras dele:
Para todos os que amam o Arsenal, tomem conta dos valores do clube. O meu amor e apoio para sempre.

Obrigado!
Busto de Arsène Wenger no estádio Emirates: toda homenagem é insuficiente para a histórica trajetória do francês no clube.

domingo, 8 de abril de 2018

Daria Um Filme: Nos Acréscimos E Nos Pênaltis, Botafogo Vence Vasco E É Campeão Estadual

Alan Ball, Cameron Crowe, Julian Fellowes, Pedro Almodóvar, Sofia Coppola, Charlie Kaufman, Paul Haggis, Bobby Moresco, Michael Arndt, Diablo Cody e Dustin Lance Black.

Vou parar a lista em onze nomes, que é a quantidade de elementos que formam  um time de futebol. Todos aqueles indivíduos mencionados são  roteiristas vencedores do Oscar, prêmio máximo conferido pela indústria cinematográfica.

Vasco e Botafogo, pela final  no Campeonato Estadual 2018, se fosse filmado sem qualquer edição, daria um Oscar de melhor roteiro original para o documentarista que se apropriasse da obra escrita por Deus e roteirizada pelos deuses da bola. Um final impecável: expulsão nos acréscimos, gol no último lance (não é força de expressão, foi  no último lance mesmo) e triunfo definitivo nas cobranças de pênaltis.

Curiosamente, os três personagens citados são os três estrangeiros do cinema. Digo, do Botafogo.

Primeiro, Leo Valencia, meio-campista chileno que recebeu o cartão vermelho aos quarenta e oito minutos do segundo tempo de um jogo que parecia seguir ao zero a zero mesmo que fosse jogado por mais duas horas. Mas mal poderíamos esperar pelos próximos dois minutos...

Depois, Joel Carli, zagueiro argentino que se aventurou de atacante na necessidade de sua equipe marcar um gol. A bola o encontrou e ele a direcionou para a rede. E foi comemorar com o grande público, uma platéia que não caberia em nenhuma sala de reprodução audiovisual e que fez o próprio Maracanã parecer pequeno - os botafoguenses aplaudiam de pé, gritavam a plenos pulmões e festejavam efusivamente o gol que levaria o confronto às penalidades.

Finalmente, Gatito Fernández, goleiro paraguaio que teve em 2017 momentos heróicos na campanha histórica na Copa Libertadores da América. E que reviveu o protagonismo nesse oito de abril de dois mil e dezoito, defendendo duas cobranças e ajudando de maneira decisiva o Botafogo de Futebol e Regatas a ser aquilo que ele é desde 1907: campeão.

E o Oscar de melhor ator vai para... a torcida botafoguense. Por acreditar, até o final, no mais improvável dos roteiros. E por incentivar, desde o início, um elenco que possui limitações. Um filme que muitos alvinegros irão querer assistir de novo.
Elenco do Botafogo posa para a foto antes do jogo derradeiro no Estadual 2018: um campeão que foi herói em cada jogo.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Palmeiras Pinta O Sete Em Taubaté

Num torneio com 128 equipes e que é disputado em cerca de três semanas, muita coisa acontece e muita coisa deixa de acontecer. A Copa São Paulo de Juniores 2018 está em ritmo frenético. Times que se classificaram anteontem jogam hoje para buscar o direito de voltar ao campo depois de amanhã.

Acho a Copinha a dona de um dos calendários mais estúpidos do esporte mundial. Não "apenas" pelos jogos em curto intervalo de tempo, mas também por se tratarem de partidas realizadas sob o sol do meio-dia em pleno verão paulista.

Dito isso, partidas com nível técnico abaixo do potencial são plenamente justificáveis. Só que o Palmeiras passou por cima de tudo isso e deu um espetáculo diante do Taubaté. O placar de sete a zero (seis desses gols foram anotados após o intervalo) é mero reflexo da superioridade alviverde. Uma superioridade daquelas de quem supera adversário, sol, gramado, calendário. Um time com vocação ofensiva e muita facilidade de alternar os mecanismos de transição ao ataque. Equipe que envolve o oponente tocando a bola e impondo velocidade. Candidata ao título e, principalmente, a ofertar jovens de muita qualidade ao futebol profissional. Futebol profissional este que não apresenta um calendário dos mais humanos mas que, pelo menos, não é tão cruel quanto esse sub-20. Se me dissessem que o regulamento foi proposto pelo PSDB e sancionado pelo Michel Temer, eu acreditaria.
Alan Guimarães e Yan comemoram: Palmeiras pintou o 7 em Taubaté. Foto: Agência Palmeiras.

sábado, 6 de janeiro de 2018

Cuidado, O Tubarão Vai Te Pegar!

Janeiro é um período especial não somente por marcar o início de um novo ano. No calendário futebolístico, este mês abraça a competição sub-20 mais atrativa do Brasil, que é a Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Hoje, na cidade de Marília, Tubarão e Fluminense entraram em campo para partida válida pela segunda rodada na fase de grupos - o clube catarinense havia estreado com derrota (4a3 para o Marília) enquanto o Tricolor das Laranjeiras já somava três pontos na tabela de classificação (3a0 sobre o Mogi Mirim).

Considerando a tradição da camisa, a quantidade de jogadores revelados ao longo do tempo, a estrutura na base, e tantos outros fatores, o favorito ao jogo só poderia ser o Flu. E o Flu abriu o placar no início, dando a impressão de que encaminharia a vitória com relativa naturalidade.

Mas o time carioca não contava com a astúcia do Peixe. Bem distribuído pelo oceano, digo, pelo gramado, o Tubarão conseguia alcançar o último terço de campo em jogadas bem tramadas que exploravam os flancos e causavam dificuldades aos defensores oponentes. Israel Júnior esbanjava habilidade e era a figura mais ativa no campo de ataque catarinense. E eis que saiu o gol de empate: o próprio Israel Júnior recebeu em velocidade, arrumou com um toque de qualidade, avançou e chutou com categoria para desviar a bola da rota do goleiro Heitor.

O segundo tempo era promissor, pois ambos os times mostraram qualidades ofensivas que deixavam a partida bastante aberta. E se o tubarão é o senhor dos mares, o Tubarão se mostrou dono de Mar-ília: jogando pra cima, impondo velocidade e rodando a bola, a equipe virou o jogo em belíssima finalização de Luciano. Mais tarde, ficou com um jogador a mais quando Alex foi expulso (poderia e deveria ter sido expulso minutos antes, por cotovelada que passara impune).

E o Tubarão, tal qual um legítimo predador, sacramentou a vitória em cobrança de pênalti no canto esquerdo. Naquele momento, o time de Santa Catarina adentrava na zona de classificação para a próxima fase, mas um gol do Fluminense nos acréscimos colocou os cariocas em melhor situação no saldo. Definições somente na rodada derradeira. Quem andar na prancha, já sabe: cuidado, o Tubarão vai te pegar!
Bruce, do filme Procurando Nemo: "peixes são amigos, não comida". O Tubarão hoje devorou o Pó-de-arroz.