quinta-feira, 14 de junho de 2018

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo G

É chegada a hora de analisarmos o grupo G na Copa do Mundo 2018 (leia o que colocamos sobre os grupos A, B, C, D, E e F).

Nesta chave, os europeus são apontados como favoritos para a classificação. Mas como não existe vitória de véspera, é bom belgas e ingleses ficarem atentos, pois panamenhos e tunisianos tentarão surpreender.

Grupo G: Bélgica, Panamá, Tunísia e Inglaterra.

Bélgica

Após uma participação dentro do "programado" no Mundial 2014, quando foi eliminada para a Argentina na fase quartas-de-final, a Bélgica chega na Rússia com mais experiência e mais expectativas.

Bélgica: 3ª colocada no ranqueamento da FIFA.
É difícil cravar se o feito obtido no Brasil - o de figurar entre as oito melhores seleções do mundo - será superado ou mesmo alcançado na Copa 2018. Mas a responsabilidade existe. E, se existe, é porque o talento do time imprime confiança. Atuações como a diante dos Estados Unidos, nas oitavas em 2014, são inspiração para que vejamos belas performances dos comandados de Roberto Martínez, de preferência já a partir do jogo de estréia, diante do Panamá.

O último amistoso dos belgas antes desta Copa deu-se com a também centro-americana Costa Rica, com goleada por 4a1. A formação inicial contou com Witsel, De Bruyne, Mertens e Hazard no meio-campo, o que ajuda a dar a dimensão da qualidade técnica desse elenco - ainda entraram na partida jogadores como Chadli e Dembélé, tendo permanecido no banco atletas como Fellaini e Januzaj. É, definitivamente, um dos melhores setores de meio-campo do planeta. Como se não bastasse, Martínez conta com Courtois no gol, Alderweireld e Vertonghen na defesa, Lukaku e Batshuayi como opções no ataque (geralmente, o treinador escolhe um dos dois).

Torço para que as características desta geração sejam respeitadas. Desta forma, o maior beneficiado será o fã do futebol bem jogado, que poderá assistir, com o mesmo uniforme, alguns dos jogadores mais interessantes na atualidade. Talvez não cheguemos a sentir falta de Nainggolan, que, estranhamente, não foi convocado. Mas eu temo por já sentir falta de Wilmots, o técnico que conduziu o time para e no Brasil...


Panamá

Eis uma seleção que pode ser apontada como "zebra". Não que haja semelhança estética entre o
Panamá: 55ª colocada no ranqueamento da FIFA.
mamífero alvinegro e o uniforme tricolor panamenho. Mas é que está absolutamente fora das expectativas uma classificação dos comandados do colombiano Hernán Darío Gómez Jaramillo nessa Copa do Mundo. Só que tem os seguintes... Lembram da Copa do Mundo 2014? Lembram de uma outra seleção da América Central, chamada Costa Rica? Naquele grupo com as ex-campeãs mundiais Itália, Inglaterra e Uruguai, não lembro de ninguém ousar "classificar" a "zebra". Pois passou, líder e invicta. E treinada também por um colombiano, Jorge Pinto. Isso é o futebol.

É fato que os resultados recentes do Panamá não inspiram confiança. Há uma única vitória (sobre Trinidad e Tobago) nos últimos sete jogos oficiais. E também há que se lembrar que, nas Eliminatórias da CONCACAF, um gol que não aconteceu (acredite, um chute para fora foi validado como gol), ajudou a colocar a seleção panamenha no Mundial. O que vai acontecer na Rússia, não sabemos. Mas uma coisa é certa: se o Panamá passar de fase, será o caso de estudar o que os colombianos são capazes de fazer numa equipe centro-americana em chaves complicadas...

Tunísia

Tunísia: 21ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Desde a invencibilidade nas Eliminatórias numa chave com Congo, Líbia e Guiné até o recenteamistoso em solo russo diante da Espanha, a Tunísia chega ao Mundial com qualidades na defesa que não podem ser desprezadas. Particularmente, o que antes eu via como números (quatro gols cedidos em seis jogos naquela chave africana), hoje valorizo ainda mais após assistir - mesmo que por apenas alguns minutos - o desempenho da equipe diante dos espanhóis. A noção de compactar as linhas e atacar a zona de influência da bola parece estar absolutamente bem treinada por Nabil Maâloul. Não houve facilidade para a (poderosa) equipe adversária, que venceu por 1a0, com gol nos últimos minutos, em lance que foi muito mais exceção do que regra na tônica do jogo. Com um detalhe: ainda no primeiro tempo, houve chance clara dos tunisianos abrirem a contagem em trama bem desenvolvida.

Infelizmente, a Tunísia não contará com Taha Yassine Khenissi e Youssef Msakni, apontados como os dois principais nomes no ataque do país - Msakni foi autor de três gols e duas assistências na campanha nas Eliminatórias Africanas. Talvez a melhor receita para lidar com as ausências seja o fortalecimento do jogo coletivo. O que, defensivamente, já parece bem encaminhado. A missão de criar e converter oportunidades, mais complexa que a de marcar o adversário, deve ser o desafio tunisiano para buscar êxito no Mundial. A julgar pelo mais recente amistoso com os espanhóis, o equilíbrio tático para enfrentar um adversário mais forte já parece ter sido alcançado.

Inglaterra

Inglaterra: 12ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Após a decepção de ser eliminada na fase de grupos na Copa do Mundo 2014, a Inglaterra fez mais do que juntar os cacos: se comprometeu, publicamente, a rever conceitos e iniciar uma reformulação generalizada. Nas divisões de base, êxito notório com uma geração que está unindo bom futebol com bons resultados. Isso dá uma perspectiva positiva para mundiais futuros (2030, 2026 e, possivelmente, já em 2022). Mas o que esperar para Rússia-2018? A Inglaterra chega relativamente quieta ao maior país do planeta e a idéia de não fazer muito barulho talvez seja uma estratégia de surpreender em silêncio, longe das buzinas do (pseudo)favoritismo e no sossego dos treinamentos jogo a jogo, fase a fase.

Harry Kane vive grande momento e tem tudo para ser um dos goleadores na fase de grupos. As opções Welbeck, Sterling, Rashford e Vardy são interessantes para um ataque que será servido por um setor de meio-campo longe da criatividade dos tempos de Gerrard, Lampard e Beckham, o que torna ainda mais estranha a não-convocação de Wayne Rooney. As apostas de Gareth Southgate talvez estejam concentradas no ótimo entrosamento entre Bamidele Alli e Kane, parceiros de Tottenham há quatro temporadas.

Na defesa, Gary Cahill será a voz mais experiente - longe de exercer uma liderança como a do aposentado Terry, por exemplo. Kyle Walker, que passou a ser treinado por Guardiola no Manchester City numa transferência acima de 50 milhões de euros, é um nome dos mais badalados no setor. E, entre tantas incógnitas, nenhuma supera a da posição de goleiro: alguém confia em Butland, Pickford e Pope? A boa notícia para os ingleses é que Guardiola está num time inglês. Quando esteve no Barça, deu Espanha em 2010. Quando esteve no Bayern, deu Alemanha em 2014. A conferir o tamanho da magia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário