sábado, 28 de outubro de 2017

Com Atuação Espetacular, Inglaterra Faz 5 Na Espanha E É Campeã Mundial Sub-17

Senhoras e senhores, meninas e meninos de todas as gerações, neste vinte e oito de outubro de dois mil e dezessete tive o prazer de assistir uma das melhores atuações de uma seleção de futebol.

Gibbs-White e Sessegnon comemoram o empate. Foto: Jan Kruger / FIFA.
A Inglaterra Sub-17, treinada pelo galês Steve Cooper, deu um verdadeiro espetáculo no estádio Salt Lake, em Kalkata, Índia. Se séculos atrás os ingleses iam até a Índia para buscar metais preciosos, dessa vez o seu precioso futebol lhe rendeu o troféu de campeão mundial da categoria.

Sair perdendo para a qualificada seleção espanhola por 2a0 não é simples. Foram dois gols de Sergio Gómez em duas assistências de César. O segundo gol, aliás, uma pintura para Picasso nenhum botar defeito. Mas os ingleses mantiveram a cabeça erguida e impuseram seu jogo. Um jogo de posse de bola. Posse de bola essa tão boa, mas tão boa, que colocou a Espanha na roda. A Espanha, que ficou reconhecida mundialmente por ter a bola nos pés, hoje viu seu adversário envolvê-la.

Sessegnon e Foden formaram uma dupla sensacional pelo flanco direito. Muitas jogadas de qualidade aconteceram envolvendo pelo menos um desses dois jogadores. O primeiro gol inglês, aliás, foi num cabeceio certeiro de Brewster após cruzamento milimétrico de Sessegnon. No segundo tempo, Gibbs-White completou pra rede após passe de quem? Dele, Sessegnon. Mais tarde, Hudson-Odoi fez a assistência e Foden virou a partida. Nos últimos minutos, a Inglaterra tratou de transformar a virada em goleada, com gol de Guehi e mais um de Foden, que teve uma atuação digna do seu nome (perdoem o trocadilho).

Não faço idéia de até onde irá essa geração inglesa. O que posso afirmar com segurança é que esses garotos formaram uma equipe maravilhosa e plenamente merecedora do título mundial.

Em 2014, logo após a partida com a Costa Rica, em que a Inglaterra se despedia da Copa do Mundo no Brasil com um único ponto ganho na fase de grupos, foi dada uma declaração à imprensa dizendo que começaria ali um novo projeto desde a base. Parece que os frutos desse plantio são doces. Sem pressa, vamos ver o que está por vir. Uma Inglaterra campeã mundial nas próximas Copas? Possível. Mas uma coisa é certa: o futebol agradece por cada equipe que jogue com a graça e a elegância que jogou esse selecionado inglês Sub-17. Deu gosto. Parabéns aos envolvidos.

Mali Joga Mais, Mas Brasil Vence E É 3º No Mundial Sub-17

Havia lido e ouvido alguns comentários positivos sobre a equipe brasileira no Mundial Sub-17. Apenas hoje, na derradeira apresentação, acompanhei uma partida da seleção. E simplesmente não gostei do que vi.

O time comandado por Carlos Amadeu era organizado em suas linhas (por vezes inclusive formando uma linha de cinco na defesa, algo raríssimo de se ver no Brasil). Procurava sair para o jogo em velocidade. Mas quase sempre havia algo a atrapalhar o rendimento da transição ao ataque.

Em algumas situações, o individualismo atrasava o lance - Lincoln se mostrou um especialista em prender a bola nos momentos em que mais se fazia necessário soltá-la para um companheiro.

Em outras situações, faltava exatamente dar aquela aproximação para a tabela, a triangulação, a infiltração - Paulinho se mostrava o mais lúcido nesse sentido, com Marcos Antônio também se apresentando para participar, mas a química geral não dava muito certo. Não sei se o desempenho seria diferente caso ainda houvesse chance de título. Mas uma disputa de terceiro lugar ainda é um evento a ser tratado com mais zelo do que mostrava a atuação brasileira.

Fato é que, chance de gol por chance de gol, era Mali quem tinha mais a lamentar pelo zero a zero. Chutes que passaram perto da trave; defesas do goleiro Gabriel Brazão; passes a atravessar a pequena área brasileira. Eram muitos elementos que mostravam o selecionado africano como merecedor da vitória.

Porém, o futebol, que passa longe de ser uma ciência exata, aprontou das suas. Num chute errado de Alan Souza (daqueles que saem tão fraco que mais parecem uma bola recuada), o goleiro Youssouf Koita teve a infelicidade de permitir que a bola passasse por si. Provavelmente por ser um lance aparentemente tão simples, o "Koitado" imaginou que era só puxar a bola e sair jogando. Nada feito. O "puxar" a bola não aconteceu e, como ele sequer abaixou as pernas para fazer o bloqueio, a redonda tomou o rumo da rede.

Depois do fatídico lance, Mali buscou o empate em jogadas frontais e também lateralizadas. Não chegou a ser uma pressão das mais intensas, mas serviu para mostrar que o Brasil tem muito a melhorar na sua forma de se defender e de contra-atacar. Passou sustos. Mas, no final, encaixou uma boa troca de passes com a defesa adversária aberta e conseguiu o segundo gol, com Yuri Alberto, que entrara no lugar de Lincoln.

Não sei quantos desses garotos estarão em Tóquio-2020 ou no Catar-2022. Mas a sensação que ficou é que há muito o que evoluir. Craque, não vi nenhum. Mas Paulinho, pelo menos, deixou ótima impressão.
Meio-campista Paulinho mostrou bastante qualidade e maturidade acima da média. Foto: Dibyangshu Sarkar / AFP.

domingo, 22 de outubro de 2017

Péssimo Perdedor

Neymar ri da própria expulsão: moleque. Foto: Reuters.
Tarde de domingo no Brasil (noite na França). Olympique de Marseille e Paris Saint-Germain em campo. Uma instituição altamente tradicional recebendo em seu festivo estádio o clube de investimento financeiro mais pesado do planeta na atualidade. Sintomático para uma partida interessante. E não deu outra.

Mas quem esperava um espetáculo do trio MCN (Mbappé, Cavani e Neymar), não viu nada nem perto disso. Os três jogaram abaixo de seu potencial. E os três assistiram o adversário abrir o placar em lindo chute de Luiz Gustavo, mandando de fora da área um remate em curva que levou a bola para fora do alcance do goleiro Alphone Areola. Um prêmio ao volante brasileiro, que era naquele momento e continuou sendo com o desenrolar do jogo o melhor jogador em campo.

Porém, mesmo sem render aquilo que dele se espera, o PSG achou o gol de empate: Rabiot recebeu um tijolo de Neymar e amaciou devolvendo o passe. O astro camisa dez deu um chute mascado, mas que acabou tomando o endereço preciso do canto esquerdo, tocando na trave antes de entrar no gol de Steve Mandanda.

O empate seguiu ao intervalo. E caminhou pelo segundo tempo. A entrada de Draxler no lugar de Thiago Motta até sugeriria um maior ímpeto parisiense. Mas quem fez a diferença tendo saído do banco de reservas foi um jogador do time da casa: Clinton N'Jie recuperou a bola na área adversária e cruzou. Thauvin chegou antes de Thiago Silva e estufou a rede para recolocar o OM em vantagem.

E aí apareceu Neymar. Apareceu não da maneira que os 222 milhões de euros requeririam. Apareceu pelo seu já conhecido temperamento anti-desportivo, a justificar o título dessa postagem: péssimo perdedor.

Sem conseguir apresentar seu melhor futebol, o jogador mais caro da história dessa modalidade esportiva era acompanhado de perto pela forte marcação adversária. Sofria faltas, a grande maioria marcada corretamente pela arbitragem de Ruddy Buquet. Só que a paciência e aceitação de Neymar Júnior com os acontecimentos do jogo muda radicalmente de magnitude dependendo da situação no placar. Sete minutos após o 2a1, recebeu amarelo após agredir um oponente no chão. Sim, na mais pura covardia. E dois minutos depois disso, conseguiu ir além: com o jogo parado, não tolerou um toque por trás do argentino Lucas Ocampos e revidou desproporcionalmente com uma cabeçada na face do companheiro de profissão. Recebeu o segundo amarelo e foi expulso, deixando o campo aplaudindo ironicamente a decisão do juiz. Particularmente, acho que o sr. Buquet errou. Deveria é ter dado o cartão vermelho direto para o jogador.

Sem Neymar mas com força de vontade, o Paris Saint-Germain chegou ao empate nos acréscimos: Cavani sofreu falta de Sarr e ele próprio cobrou com firmeza, vendo a bola bater no travessão antes de entrar. Uma falta que, daquela posição e naquele momento do jogo, talvez fosse cobrada por Neymar. Por sorte da equipe, Neymar já não estava em campo. E o PSG mantém a invencibilidade no Campeonato Francês, com oito vitórias e dois empates. O OM aparece em quinto, com dezoito pontos.