Foto: Ricardo Duarte / Agência RBS |
Faltou um jogo: quatro a zero Internacional diante do Flamengo. É ele que vamos rapidamente analisar aqui.
Para início de conversa, por mais que as equipes terminem a rodada bastante distantes na tabela de classificação (o Colorado com dezenove pontos, em quinto, e o Rubronegro com sete, na lanterna), não vejo diferenças gritantes entre os dois times que foram a campo nesse domingo no Beira-Rio.
Mas, na prática, foi visível a superioridade dos donos da casa. Possivelmente contagiados pelo clima tocante de homenagens póstumas ao ídolo Fernandão, torcedores e jogadores deram tudo de si. Eram máscaras do "F9" e cânticos nas arquibancadas. Eram camisas personalizadas com o nome de Fernandão, além de trocas de passe e jogadas de velocidade no gramado. E, para fazer a diferença definitiva, uma inspirada atuação do meia argentino D'Alessandro. Foi dos pés do camisa dez que nasceu o primeiro gol: após lançamento para a área, Juan conseguiu centralizar com um toque sutil e certeiro, encontrando Rafael Moura. Coube ao centroavante simplesmente completar para a rede. E ir para a galera deixando tudo mais bonito ao escolher celebrar o gol homenageando Fernandão.
Ver o adversário abrir o placar aos quinze minutos não era o que planejava Ney Franco ao escalar o time com uma linha de quatro na defesa e três volantes logo a frente. Como soltar um time que tinha apenas o argentino Lucas Mugni na função de criação? Nixon era uma alternativa pelo flanco direito, mas a correta marcação de Fabrício dificultava as tentativas por aquele setor. Do lado esquerdo, André Santos era praticamente uma nulidade. E pelo centro, nada acontecia, pois Mugni simplesmente não aparecia. Alecsandro era figura isolada no ataque.
Por falar em "golpe no planejamento", Abel Braga também tinha o que lamentar: após sentir uma dividida aos seis minutos, o chileno Aránguiz deixou o campo de jogo aos vinte. Nesse meio tempo, mesmo sem estar inteiro, mostrou qualidades técnicas e muita raça, conseguindo ganhar lances em que visivelmente mancava. Entrou o argentino Martín Luque em seu lugar. Êta jogo com estrangeiros sul-americanos, né? Só que apenas os do Inter pareciam participar do jogo. E, no finalzinho do primeiro tempo, veio o segundo gol: D'Alessandro, cobrando pênalti sofrido por Wellington Silva que ainda rendeu cartão vermelho ao zagueiro Chicão (esse é brasileiro mesmo).
Pronto. O Flamengo ia para o vestiário com uma desvantagem de dois gols no placar e de um jogador em campo. Ney colocou o defensor Fernando Rodrigues no lugar de Nixon, recompondo o sistema defensivo inicialmente planejado mas desfalcando a mobilidade num ataque que já não era dos mais ágeis. Aos oito no segundo tempo, tentou devolver um pouco da velocidade perdida ao colocar Negueba no lugar do pendurado (e suspenso para o próximo jogo) Amaral. O Fla passava a jogar com "apenas" dois volantes. Cinco minutos depois, o terceiro gol do Inter: D'Alessandro recebeu pela direita, carregou, ergueu a cabeça e colocou a bola na medida para Fabrício. E o lateral-esquerdo pegou bonito, de primeira, anotando um golaço em chute cruzado sem qualquer chance para o goleiro Felipe.
Perdido e sem esboçar qualquer reação, o Flamengo parecia mais torcer para que o jogo acabasse do que qualquer outra coisa. A última substituição de Ney Franco foi ilustrativa: saiu Alecsandro (aplaudido pela torcida do Internacional) e entrou o volante Luiz Antônio. De volta à formação com três homens protegendo a defesa. Agora sem nenhum atacante, já que até Negueba prestava mais serviços ao sistema defensivo do que qualquer outra coisa.
Abel fez suas duas últimas alterações: Alex no lugar de Luque e Cláudio Winck no de Wellington Silva. Aos trinta e dois, cerca de quatro minutos depois de entrar em campo, Alex aproveitou assistência de Fabrício para marcar quatro a zero. Se Ney tivesse direito a mais uma substituição, provavelmente procuraria por mais um homem para colocar na última linha de defesa. Se não fossem os erros de finalização de Rafael Moura e um lance em que Leonardo Moura salvou praticamente em cima da linha, o Inter poderia ter saído com uma goleada maior. Talvez uns sete a zero. Será que o impacto de jogar com um homem a menos é tão grande assim? Enfim, o Flamengo precisa esquecer aquela fantasia de Flalemanha e lembrar-se que, não por acaso, encontra-se na lanterna. Mas, se quiser insistir nos apegos ao uniforme utilizado pela seleção que deu de sete na brasileira nas semifinais, chamemos de Lahmterna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário