O equilíbrio da Argentina enquanto Argentina e o da Suíça enquanto Suíça proporcionaram um jogo que só poderia ser... equilibrado. Isso já bastaria para dizermos que estávamos diante de mais uma boa partida no Mundial. Só que o jogo em São Paulo foi mais que isso. E muito se deve à postura suíça, pois os argentinos fizeram exatamente aquilo que deles se espera. Gökhan Inler e Valon Behrami, parceiros de Napoli, eram as pilastras que sustentavam todo o esquema tático vermelho. Mas que desabariam se não fossem as bases bem acimentadas com Stephen Lichtsteiner e Ricardo Rodríguez nos flancos, Granít Xhaka ao centro e a dupla Xherdan Shaqiri (possivelmente o melhor jogador da equipe no jogo) e Admir Mehmedi. Claro que todo o esforço desses atletas seria em vão se não fosse a determinação de Johan Djourou e a de seu companheiro de zaga Fabian Schär. Com todos os méritos de conseguir conter jogadores como Lionel Messi, Ezequiel Lavezzi e Ángel di María (o que por conseqüência acaba neutralizando aquele que é abastecido por esses três, o centroavante Gonzalo Higuaín), a Suíça teve como principal - e talvez único - pecado no primeiro tempo o fato de não aproveitar as oportunidades que lhe surgiram. Uma foi com Xhaka, que chutou rasteiro e o goleiro Sergio Romero conseguiu rebater com a perna. Outra foi com Josip Drmic, que recebeu ótima passe de Shaqiri, avançou livre e, na tentativa de fazer um golaço por cobertura, acabou facilitando a defesa de Romero.
A Argentina cresceu no segundo tempo. Cresceu porque conseguiu manter-se firme na defesa ao mesmo tempo que subiu de rendimento quando com a posse de bola. Higuaín teve uma oportunidade em cabeceio, defendida por Diego Benaglio. Messi atraía a marcação de três adversários quando carregava a bola, conseguindo distribuir a redonda para os companheiros desmarcados. O lateral-esquerdo Marcos Rojo desperdiçou um desses presentes do camisa dez.
Com Xhaka amarelado e pouco efetivo, Hitzfeld optou por colocar o cabo-verdiano Gelson Fernandes em seu lugar. Sabella trocou Lavezzi por Rodrigo Palacio. E foi a alteração de Sabella que deu maior efeito prático no jogo: a aproximação entre Palacio e Higuaín possibilitou mais opções para Messi e Di María no momento da criação de jogadas, e a bola parecia ficar cada vez mais próxima da área suíça. Só que entre colocar a bola na área e colocar a bola na rede vai uma diferença. Então, o jogo foi para a prorrogação.
Com Xhaka amarelado e pouco efetivo, Hitzfeld optou por colocar o cabo-verdiano Gelson Fernandes em seu lugar. Sabella trocou Lavezzi por Rodrigo Palacio. E foi a alteração de Sabella que deu maior efeito prático no jogo: a aproximação entre Palacio e Higuaín possibilitou mais opções para Messi e Di María no momento da criação de jogadas, e a bola parecia ficar cada vez mais próxima da área suíça. Só que entre colocar a bola na área e colocar a bola na rede vai uma diferença. Então, o jogo foi para a prorrogação.
Na prorrogação, quem subiu de produção de maneira decisiva foi Di María. Era visivelmente o jogador argentino em melhor forma física, conseguindo causar grandes dificuldades à defesa adversária com arrancadas que se dava ora pela esquerda, ora pela direita. Um lindo chute de fora da área só não entrou no ângulo esquerdo porque Benaglio conseguiu ir até lá para espalmar. Só que se Di María sobrava, outros jogadores sentiam o peso do cansaço de um jogo duro e em horário ingrato. Rojo e Fernando Gago, exaustos, deram lugar para Basanta e Biglia. Sabella mostrava com essas alterações que não desejava realizar transformações estruturais na equipe, confiando naquela disposição tática. E seu instinto mostrou-se preciso: aos doze minutos no tempo derradeiro, Messi mandou para Di María e o camisa sete mandou cruzado para fazer o gol argentino. Um verdadeiro Ángel di María!
A partir dali, cada minuto restante pareceu uma eternidade para a Argentina manter a vantagem no placar. O goleiro Benaglio virou atacante, juntando-se a sete ou oito suíços na área adversária. Na oportunidade mais incrível, Blerim Dzemaili, que entrara no segundo tempo na prorrogação, cabeceou na trave direita de Romero. A bola ainda voltou nele, só que não foi possível direcioná-la para dentro. Shaqiri ainda cobrou uma falta que representava a última chance de levar o jogo para os pênaltis. E a Brazuca ficou na barreira.
A Argentina, com as bênçãos do papa Francisco, a colaboração do gênio Messi e a graça do anjo de Maria, avança em direção ao paraíso. E se a maçã era o símbolo do pecado na história de Adão e Eva, agora é outro fruto que passa a requerer todo o cuidado do mundo à seleção albiceleste: a laranja. Só que antes, muito antes de pensar nela (ou na perigosíssima Costa Rica), há que se ter vigilância com os Diabos Vermelhos.
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