O jogo
Comecei a acompanhar a transmissão pouco depois do gol de empate marcado por Marta. Se por um lado guardo para mim que perdi bastante coisa, por outro tenho convicção de que cada minuto assistido foi interessante.
O Brasil ficou atrás no placar logo no início, pois com um minuto de jogo a defensora brasileira Daiane Menezes Rodrigues, na tentativa de cortar cruzamento rasteiro de Shannon Boxx vindo do lado esquerdo de ataque americano, acabou jogando na própria rede. Um duro golpe para uma defesa que não foi vazada em nenhuma das três partidas disputadas na fase de grupos.
O Brasil quase empatou aos 37 minutos, quando Fabiana se virou pelo lado direito, colocou a bola na área (não sei se tentando cruzar ou efetivamente finalizar) e viu a redonda quicar no travessão.
Veio o segundo tempo e a atacante Cristiane protagonizou duas jogadas individuais. A primeira, aos 7 minutos, tentando driblar duas adversárias na proximidade da linha final, não deu em nada, pois o campo "ficou pequeno" para ela. A segunda, aos 14 minutos, contou com uma finalização que deu trabalho para a bela goleira Hope Solo, que saltou para realizar a defesa em dois tempos.
Se é pra falar em jogada individual, então que falemos de Marta Vieira da Silva: aos 19 minutos, a camisa 10 brasileira se livrou de duas adversárias com um único chapéu e caiu na área. Foi marcada penalidade máxima e ainda saiu cartão vermelho para Rachel Buehler. A cobrança aconteceu aos 21 minutos, com Cristiane buscando o canto esquerdo e Hope Solo indo buscar. Mas a árbitra australiana Jacqui Melksham mandou que o pênalti fosse cobrado novamente, dando cartão amarelo para a goleira que realizara a defesa (não vi qualquer irregularidade da camisa 1 no lance, pois seu deslocamento foi lateral, e não para a frente). Então, no minuto posterior, quem pegou a bola e mandou pra rede foi Marta. O Brasil chegava ao empate e passava a atuar com uma jogadora a mais.
Quem viu o jogo a partir daí (caso desse que vos digita) certamente não seria capaz de supôr que as americanas estavam em desvantagem numérica: o time comandado pela sueca Pia Mariane Sundhage envolvia a seleção brasileira, pressionava e freqüentava assiduamente o campo ofensivo. O apito final aos 48 minutos soou mais aliviante para o Brasil do que para os Estados Unidos.
Se o Brasil havia sofrido um gol com um minuto de jogo, eis que encontrou um gol com um minuto de prorrogação: Maurine Dornelles Gonçalves cruzou da esquerda e Marta mostrou grande agilidade, poder de decisão e noção da localização da baliza quando com um único toque desviou a bola, praticamente do vértice esquerdo da pequena área e mandando a redonda até o canto oposto. Gol de quem entende.
Aos 7 minutos os Estados Unidos só não chegaram ao empate porque a goleira brasileira Andréia Suntaque não permitiu: Abby Wambach recolheu a bola na área e soltou lindo chute cruzado, que tinha o endereço do canto direito. Mas tão lindo quanto o chute foi a defesa sensacional que a arqueira de 33 anos conseguiu realizar, espalmando brilhantemente.
Veio o segundo tempo da prorrogação e a seleção estadunidense seguia melhor em campo. É bem verdade que o Brasil conseguia contra-atacar tirando proveito dos espaços concedidos, mas o jogo se apresentava de uma forma que parecia impossível crer que as americanas estavam com uma jogadora a menos que as brasileiras. Foram indicados 3 minutos como acréscimo. E se o jogo teve um gol logo no comecinho, teve outro justamente no finalzinho: aos 16 minutos, Megan Rapinoe recebeu pela esquerda e descolou lançamento maravilhoso praticamente da intermediária. Daí bastou que Andréia não chegasse na bola para que Wambach mostrasse grande oportunismo e completasse de cabeça. 2a2 no placar.
Nem Andréia nem Daiane: quem chega na bola é Wambach, que empata a partida no fechar das cortinas e proporciona momento memorável na disputa entre Brasil e Estados Unidos.
Goleira americana Hope Solo salta ao canto direito e faz linda defesa na cobrança de Daiane.
Agora, o telespectador terá um desafio para manter-se concentrado no jogo semifinal, na próxima quarta-feira, em Mönchengladbach: estarão no mesmo campo as belas Louisa Necib (meio-campista francesa, camisa 14) e a goleira americana Hope Solo. A outra vaga na final será disputada entre japonesas e suecas, em Frankfurt, também quarta-feira.
Outros resultados
Sábado
Inglaterra 1a1 França (França avança nos pênaltis)
Alemanha 0a1 Japão (0a0 no tempo normal)
Domingo
Suécia 3a1 Austrália
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